Novos Cabanos

Escritora Dina Arce - Foto: Divulgação

A Revolta e a indignação podem ser componentes impulsionadores de transformações. A Cabanagem, movimento que ocorreu entre 1835 a 1840, ilustra a força de um povo que não se conformava com sua realidade, e queria livrar-se da miséria e da subjugação do recém criado Império do Brasil, lutando bravamente pela independência. A liberdade não veio, os cabanos, após dura resistência, foram massacrados. Isso, contudo, não foi capaz de retirar o mérito daquela gente corajosa que ousou desafiar o poder ,consistindo na única revolta que de fato ocupou o poder de uma província e, além disso, inspirou revoltas que se espalharam pelo País.

O passar do tempo não apagou o ardor dos amazônidas por dignidade. Ao contrário, galvanizou em nós a repulsa ao poder central, o qual, com desprezo, sempre tratou nossa região e suas populações. A revolta que se sente é inevitável e se traduz, às vezes, em pessimismo e em equivocada vitimização.

Hoje, repetir o feito dos cabanos não é possível. No entanto, não devemos desistir de mudar a realidade determinada pelo governo, distante e omisso. A revolta deve ser individual, de acordo com a nossa época e com os meio sde que dispomos. Cabe a cada um buscar o que temos de melhor e usar em prol das causas que beneficiarão a todos.

O desempenho individual pode levar a uma coalisão de interesses capaz de alavancar os potenciais de nossa terra. O lugar da Amazônia é no ápice. Temos de lutar para que esse ideal se torne realidade. Para tanto, precisamos transformar nosso inconformismo, nossa revolta, em força concreta capaz de colocar o homem da Amazônia no centro das atenções e dos debates, com poder e voz para definir seu próprio destino. Então, revolte-se! Ocupe o seu lugar e resista em aceitar o que lhe é imposto.

Somos ricos por natureza, e temos o direito de usufruir de nossas riquezas regionais. Aqueles que nos querem pobres jamais nos estimarão. O valor deve brotar aqui e se espalhar pelo mundo, mediante o respeito pelos amazônidas, pelos trabalhadores e produtores que lutam diariamente pela nossa Hileia.

Sejamos unidos em uma causa, em um objetivo: uma Amazônia altiva, integrada e forte! Com um povo de cabeça erguida, orgulhoso por ter o privilégio de ser filho desta terra. Não fuja dessa batalha, seja o novo cabano que por fim vencerá as mazelas que nos são infligidas.

Temos inúmeras armas, precisamos usá-las: os minerais em nosso subsolo, a biodiversidade em nossos rios e matas, a cultura de nossos povos, o talento de nossa gente… Temos tantos potenciais. Vamos revolucionar o mundo com novos alimentos e medicamentos; transformemos Manaus em um centro mundial do turismo; permitamos que nossos jovens, que transbordam de criatividade, desenvolvam-se plenamente; asseguremos que nossas crianças, que iluminam a todos com um simples sorriso, sejam resgatadas da miséria, do abandono, da violência, e se transformem em garantidoras de um futuro de grandeza para a Amazônia.

Os problemas elencados só podem ser resolvidos por nós mesmos. Não se iludam, se não fizermos, ninguém fará em nosso lugar. Sejamos excelentes em cuidar da nossa casa, para que todos em qualquer lugar do mundo queiram pagar por um pedaço do Eldorado, seja por meio do turismo, do consumo de nossos produtos, de nossa culinária, de nossa arte, de nossa literatura, de nossa cultura e valores. Que essa seja a nossa luta diária, nossa revolução moderna que dará certo, que ultrapassará barreiras e contagiará o mundo com nossa persistência e força.

Escritora Dina Arce

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