ZFM, a interlocução que cria saídas

Por Nelson Azevedo (*) [email protected]

A independência entre o setor produtivo e o poder público é um imperativo sagrado na relação  institucional, entretanto, a interlocução sistemática na discussão do interesse público é precioso indicador de transparência e condição segura para distribuição de benefícios à sociedade. E é exatamente esta a fotografia que ilustra a gestão da Suframa nos últimos dois anos. Um paradigma e uma conquista que não podem ser descartados. Reconhecer publicamente este acertado parâmetro de gestão – devemos aplaudir o que deu bom e ajudar a melhorar o que não dá – significa insistir na necessidade dos avanços que de aqui tratamos.

Comunicação proativa

2022 foi um ano de aprendizagem e de muita pressão para resguardamos o direito legítimo de todos aqueles que buscam trabalhar com as tábuas da Lei. Diríamos que as dificuldades maiores se referem aos ruídos da tal interlocução. Não nos compete apontar A, B ou C. Quando fulanizamos uma situação ou um impasse, perdemos a oportunidade de abordar o fato com imparcialidade e eficácia. O fato é que faltou comunicação construtiva na interação funcional entre os atores privados do polo industrial de Manaus e a governança federal, concentrada em Brasília.

Vetores da desigualdade

E se faltou interlocução na arena federal onde ocorrem as decisões, sobrou disposição ao diálogo no cotidiano local, administrativo e produtivo, da ZFM. E é justo e necessário destacar, pelo menos, aquilo que representa historicamente nossas demandas habitualmente proteladas. Vale dizer, que os antigos embaraços, vetores da desigualdade regional, representaram principalmente perda de arrecadação, redução da empregabilidade e embaraços para a redução das desigualdades que separam o Norte e o Sul do país. Uma lástima, pois esta, no fim das contas, é a razão principal de nossa presença como investidores da Amazônia.

Revitalização e urbanização

Vamos aos gargalos, o que representavam e como se deu seu enfrentamento. Revitalização e urbanização do polo industrial de Manaus, pra começo de conversa. Numa aproximação preparada com os dados de realidade – raramente levados em conta quando a discussão buscava definir a responsabilidade dessa tarefa – ficou claro que a economia da ZFM está na base da arrecadação municipal. E que, sem a contrapartida institucional, o próprio município estava prejudicando sua governança por uma razão simples: a buraqueira e o matagal estavam espantando novos investimentos e prejudicando os antigos e de quebra, diminuição da receita e aumento da violência. Assim, a questão foi enfrentada e avançada em seu equacionamento. Parabéns aos atores responsáveis pela façanha.

Diversificação da economia

O Centro de Bionegócios da Amazônia- CBA, já definida a escolha do novo gestor da Organização Social criada, encerra um ciclo de vai e vem sem levar a qualquer lugar, por duas constrangedoras décadas de expectativas. Uma iniciativa, enfim encaminhadas, de promover a diversificação da economia e o adensamento da Indústria de olho na diversidade biológica da região e em atendimento aos clamores do interior. Afinal, mesmo sendo uma autarquia indutora do desenvolvimento, a Suframa não tem, entre as suas finalidades, conduzir negócios e oportunidades na Amazônia.

PPB e Lei de Informática

Outros dois gargalos se referem ao PPB e à aplicação regional dos recursos da Lei de Informática, situações igualmente históricas e marcadas pelo crivo das dificuldades burocráticas. Sempre elas, a obrigar as empresas a implantação de um departamento especial só para decodificar a linguagem emperrada do formalismo renascentista e equivocado de nossa economia. Havia projetos com 12 anos de embargos disfarçados. Cá entre nós, uma imoralidade perniciosa. Imaginar que uma empresa de medicamentos genéricos, de grande porte, que pretendia trabalhar com o banco genético da floresta, esperou 5 anos para liberar seu PPB, o processo produtivo básico a ser seguido. É algo inaceitável. E o mesmo se deu com a aplicação dos recursos de P&D, pesquisa e desenvolvimento. Uma verdadeira fábrica de equívocos com desperdício histórico de recursos e oportunidades para nossos jovens, sua realização e futuro próspero da Amazônia. Hoje, com cinco programas prioritários definidos, podemos dizer que a largada pela mudança se deu do melhor jeito que irá aos poucos se aperfeiçoar.

Parabéns aos gestores da Suframa, sua obstinação produtiva. seus técnicos dedicados e talentosos, empenhados criteriosamente a desenhar e materializar novos caminhos de fortalecimento, consolidação e disseminação de benefícios para a Amazônia e nossa gente.

(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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