A nova indústria Brasil e a indústria da floresta

“A economia da ZFM tem demonstrado que é possível equilibrar o desenvolvimento industrial com a conservação ambiental, uma lição valiosa para o programa Nova Indústria Brasil e outras iniciativas semelhantes de geração de riqueza e de atendimento efetivo das demandas sociais e premissas exigências climáticas.”

Por Nelson Azevedo (*) [email protected]

A implantação da Zona Franca de Manaus (ZFM) no coração da floresta amazônica, não cansamos de repetir, está sendo o melhor programa de redução das desigualdades regionais das história da República, considerando seus efeitos econômicos, sociais e ambientais. Este ensaio pretende demonstrar que a ZFM, integrada à plataforma de desenvolvimento do programa Nova Indústria Brasil, representa uma oportunidade única de alavancar a indústria da floresta, preservando a biodiversidade e gerando impactos e oportunidades significativas para a população da Amazônia. De quebra, oferecia ao país os paradigmas de sustentabilidade produtiva que temos adotado até aqui.

Desafios e Oportunidades

A criação da Zona Franca de Manaus moldou um parque industrial sofisticado na região, atraindo grandes empresas e práticas competitivas avançadas. Este progresso levou a um aumento da renda per capita, que embora ainda discrepante em relação aos estados mais ricos do Brasil, demonstrou uma redução significativa na desigualdade de renda desde o início da ZFM. Além disso, a ZFM impulsionou o emprego no setor industrial e melhorou as condições de moradia através do acesso expandido à água, destacando seu impacto positivo sobre a economia regional e as condições de vida dos seus habitantes.

Capital humano

Contudo, uma análise mais acurada revela que a ZFM não teve um impacto substancial na acumulação de capital humano ou nas condições gerais do mercado de trabalho, indicando áreas que requerem atenção e investimento adicional para garantir benefícios sociais mais amplos. Considerando que Manaus é uma cidade industrial, ainda padecemos de uma interlocução maior entre academia e economia. Os laboratórios do Centro de Bionegócios da Amazônia, por exemplo, estão defasados há décadas. alguns sem manutenção. E o curso de biotecnologia da UFAN está fechando suas portas.

Sob o signo da sustentabilidade

Um aspecto notável da ZFM é sua contribuição, embora modesta, ou indireta, para a contenção do desmatamento no Estado do Amazonas. Este efeito reflete a importância de integrar políticas de desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, crucial para a sustentabilidade a longo prazo da região amazônica. A economia da ZFM tem demonstrado  que é possível equilibrar o desenvolvimento industrial com a conservação ambiental, uma lição valiosa para o programa Nova Indústria Brasil e outras iniciativas semelhantes de geração de riqueza e de atendimento efetivo das demandas sociais e premissas exigências climáticas.

Indústria da floresta e da inovação

A reindustrialização do Brasil inseriu a ZFM em sua política industrial. E sua visão de futuro aponta para a importância de fortalecer o desenvolvimento regional com base em recursos naturais, infraestrutura de qualidade e inovação. Enfim o Brasil passa  a olhar a indústria da floresta, promovendo a biodiversidade e produtos sustentáveis. Ou seja, isso pode oferecer novas oportunidades econômicas enquanto mantém o compromisso com a conservação ambiental. Além disso, a ênfase na formação técnico-profissional e em pesquisa e desenvolvimento (PD&I) focados nos recursos naturais da região é fundamental para catalisar o desenvolvimento sustentável e inovador.

Desafios da reindustrialização

A Zona Franca de Manaus, dentro do escopo do programa Nova Indústria Brasil, ilustra o potencial de desenvolvimento que respeita e preserva a biodiversidade única da Amazônia. Enquanto a ZFM já trouxe benefícios econômicos significativos para a região, o caminho adiante requer um compromisso renovado com a educação, inovação e políticas ambientais que garantam a conservação da floresta. Investir na indústria da floresta e em práticas sustentáveis abre um leque de oportunidades para a população da Amazônia, estabelecendo um modelo para o desenvolvimento regional que pode ser replicado em outras partes do Brasil e do mundo.

Obstinação e conservação

Dados do INPE revelam que os atores do desmatamento e da depredação estão retomando suas práticas. Por isso, mais do que nunca é preciso aplaudir quem equilibra crescimento econômico com responsabilidade ambiental, ou seja, apresenta uma resposta aos desafios contemporâneos de desenvolvimento sustentável. A ZFM não apenas promove uma economia mais verde e inclusiva, mas também serve como um baluarte contra o desmatamento e a perda de biodiversidade. A ZFM e as iniciativas que dela derivam devem, portanto, desempenhar com vigor e expansão esta modelagem de preservação do patrimônio natural para as futuras gerações.

(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus – SIMMMEM, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM

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