Ensaios da sinergia estratégica entre a Indústria e o Comando Militar da Amazônia

“Portanto, fica evidenciada a extraordinária relevância da aproximação colaborativa  entre o CMA, Comando Militar da Amazônia e o PIM, Polo Industrial de Manaus, um movimento promissor rumo a um desenvolvimento mais integrado e estratégico, vital para o progresso sustentável e seguro da Amazônia e do Brasil como um todo.”

Por Nelson Azevedo (*) [email protected]

O Seminário “Oportunidades para as Empresas do Polo Industrial de Manaus no contexto da Base Industrial de Defesa”, da semana passada, evento que marcou uma aproximação significativa entre o Comando Militar da Amazônia (CMA) e as entidades industriais de Manaus, emergiu um novo paradigma de interlocução, interatividade e compartilhamento de iniciativas focadas na diversificação, adensamento e regionalização do desenvolvimento industrial e socioeconômico na região amazônica. Este encontro simboliza um momento oportuno para refletir sobre a capacidade produtiva instalada na região, especialmente no contexto de atendimento da indústria de defesa, que desempenha papel fundamental nas operações militares na vasta fronteira do Brasil com nove países, na perspectiva da proteção e cooperação.

Adensamento e diversificação

A “Nova Indústria Brasil”, a política da reindustrialização do governo federal, contém um planejamento que abrange vários setores e produtos, e coloca a Amazônia e a Indústria da Defesa em destaque, especialmente nas Missões 5 e 6 de seu ordenamento estratégico. Este enfoque sublinha fortemente a importância estratégica da região, mas também enfatiza o potencial de sinergia entre as capacidades industriais locais e as necessidades de segurança nacional.

Janela de oportunidade

A recente crise global que impactou as cadeias de suprimentos ressaltou a vulnerabilidade da dependência externa, especialmente em tempos de emergência, como observado durante a pandemia quando houve a necessidade urgente de produção de equipamentos médicos e de proteção. Esta adversidade, no entanto, revelou também a resiliência e a capacidade de adaptação da região, impulsionando uma busca incessante por soluções alternativas e sustentáveis. Uma demonstração efetiva de adaptabilidade que abre uma ampla janela de oportunidades para a região se posicionar de forma mais proeminente no cenário industrial nacional.

Suframa é essencial

Essencial para essa missão é o apoio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que tem sido um pilar na agilização dos processos regulatórios, fundamentais para a harmonização das liberações de demandas e de respectivos investimento. A aspiração de consolidar um polo de componentes na região, garantindo autonomia e capacidade de atender não apenas as demandas continentais, mas também de fabricantes estrangeiros, destaca a necessidade de uma política industrial robusta e direcionada para um setor de suprimentos, partes e peças para a desejável diversificação e adensamento fabril.

Proteção e soberania

A integridade das cadeias de suprimentos globais, frequentemente ameaçadas por conflitos internacionais, ressalta a importância de proteger as plantas industriais e de promover a aproximação entre as instalações industriais da Zona Franca de Manaus e outras regiões do Brasil. Esta estratégia não apenas reforça a segurança e a soberania nacional sobre a Amazônia, mas também impulsiona o adensamento da indústria no país através de uma comunicação eficaz e transparente entre todos os envolvidos.

Antigos e novos fornecedores

Finalmente, cabe destacar a oportunidade e a viabilidade de replicar iniciativas como a da ABRACICLO – que convocou antigos e novos fornecedores a se instalarem em Manaus, expandindo-as para outros segmentos como o setor metalúrgico, metalomecânico e de materiais elétricos. A organização de conferências setoriais e empresariais, precedidas de levantamentos detalhados das demandas do Polo Industrial de Manaus, poderá avançar significativamente o desafio de diversificar a cadeia produtiva. Com o suporte das coordenadorias setoriais, das instituições de pesquisa regional e das estruturas de qualificação e treinamento fornecidas pelo SESI e SENAI, a região está bem posicionada para avançar nesse caminho estratégico.

Alem deste caminho, é oportuno pontuar, à guisa de sugestão, produtos e setores  industriais fundamentais para a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico na região amazônica, além de serem vitais para a segurança e a integração territorial. Vamos detalhar tres deles:

  1. Produção de Drones | O uso de drones tem se expandido rapidamente devido à sua versatilidade e eficácia em diversas aplicações. Na Amazônia, esses dispositivos podem ser estratégicos para vigilância e fiscalização ambiental, ajudando a combater o desmatamento ilegal e monitorar áreas remotas com precisão. Além disso, os drones podem ser utilizados na logística, facilitando o transporte de suprimentos para áreas de difícil acesso e na identificação e localização de pessoas em missões de resgate ou pesquisa científica, maximizando as atividades e explorando oportunidades sustentáveis na floresta.
  2. Comunicação efetiva e factível | A comunicação é uma necessidade urgente na Amazônia, principalmente devido às grandes distâncias e ao isolamento de muitas comunidades. Desenvolver e implementar tecnologias que possam garantir conectividade eficiente é determinante para a integração dessas comunidades ao resto do país, além de ser vital para operações de segurança, saúde, educação e comércio. Soluções factíveis como satélites de baixa órbita ou redes de telecomunicações adaptadas às condições locais podem oferecer melhor cobertura e qualidade de serviço.
  3. Alternativas Energéticas Sustentáveis | A busca por fontes de energia que sejam sustentáveis é especialmente relevante no bioma amazônico, onde o impacto ambiental de fontes convencionais pode ser danoso e incompatível com os desafios climáticos. Investir em alternativas como energia solar, eólica ou biomassa pode proporcionar energia limpa e renovável para comunidades locais e operações industriais, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e minimizando a pegada ecológica. A utilização de recursos energéticos locais também pode ajudar na criação de empregos e no desenvolvimento econômico sustentável da região.

CMA e PIM

Estes segmentos não apenas atendem às necessidades imediatas da região, mas também oferecem grandes oportunidades para a inovação, o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental, alinhando-se com os objetivos de conservação da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida das populações locais. Portanto, fica evidenciada a extraordinária relevância da aproximação colaborativa  entre o CMA, Comando Militar da Amazônia e o PIM, Polo Industrial de Manaus, um movimento promissor rumo a um desenvolvimento mais integrado e estratégico, vital para o progresso sustentável e seguro da Amazônia e do Brasil como um todo.

(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus – SIMMMEM, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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