Narrativas patéticas

O Brasil avança a passos largos rumo a um modelo autoritário, quiçá ditatorial, e economicamente falando temos uma única certeza: vem mais imposto por aí

Por Rodrigo Constantino (*)

Asemana entre o Natal e o Réveillon acaba ficando um tanto perdida, mas serve para reflexões importantes sobre os rumos da nação. É aquele clima de retrospectiva do que passou e expectativa do que vem pela frente. E, de maneira um tanto resumida, podemos fazer um só prognóstico com bom grau de acurácia: se hoje a coisa está ruim, amanhã estará pior. Não quero soar pessimista nesta época do ano, repleta de esperança, mas é a análise inapelável diante do governo que temos.

Tenho dito desde o começo de 2023 para que ninguém se desespere de uma só vez, pois é mais recomendável diluir o desespero no tempo. Para o brasileiro decente, patriota, trabalhador honesto, o ano foi de uma pancada por dia, de derrota atrás de derrota. O Brasil avança a passos largos rumo a um modelo autoritário, quiçá ditatorial, e economicamente falando temos uma única certeza: vem mais imposto por aí.

No âmbito moral nem é preciso lembrar: “descondenaram” o corrupto e o colocaram de volta à cena do crime. Quem pode levar a sério algo assim? O amor venceu, o Brasil está de volta, e isso significa, na prática, o retorno das quadrilhas que sempre assaltaram os cofres públicos. As estatais são vistas como vacas leiteiras e cabides de emprego, as máfias sindicais salivam diante da volta do imposto nefasto que alimenta os pelegos, os empreiteiros corruptos foram “perdoados”, tudo conspira contra o povo.

Ilustração: Jozef Micic/Shutterstock

As instituições estão aparelhadas, os ministros supremos seguem a serviço de um partido, perseguindo seus adversários, e, diante disso tudo, a velha imprensa atua para impor narrativas patéticas, como se o público fosse totalmente idiota. O governo esbanjador vai aumentar impostos? Isso é bom para a economia, diz a militante disfarçada de jornalista. O presidente flerta com as piores ditaduras socialistas do mundo? A democracia foi salva em 2023, mente a blogueira petista disfarçada de jornalista. É tudo muito cínico e cara de pau.

Alexandre de Moraes continua com sua sanha persecutória, punindo manifestantes como se fossem terroristas prontos para um golpe antidemocrático. Em 2024, ele vai atrás dos “financiadores” e dos “influenciadores” de tais atos “golpistas”, pois criou narrativas patéticas e precisa, agora, seguir até o final para “validar” sua tese absurda

Mas a realidade se impõe. As vendas de Natal, por exemplo, foram as piores em três anos, segundo a Serasa. A classe média começa a sentir os efeitos de um governo irresponsável, enquanto é acusada pelo próprio presidente de “consumista” por desejar mais de uma televisão em casa. Não obstante, o governo lulista torra mais de R$ 100 mil só num tapete! Qualquer veículo de comunicação independente estaria apontando para essas incoerências absurdas, mas o jornalismo praticamente morreu, à exceção desta Revista Oeste e um ou outro jornal ou rádio. Está tudo dominado!

Em Macapá, a Polícia Federal abordou manifestantes que protestavam contra Lula. A “polícia do Dino” alegou que algumas pessoas seguravam cartazes com “imputação de crime” ao chefe do Executivo. Durante quatro anos, todo “artista” ficou livre para chamar Bolsonaro de genocida, jogar futebol com uma réplica de sua cabeça à guisa de pelota ou coisa pior. Agora a PF atua a serviço da “causa de Lula”, como se fosse uma guarda particular do líder populista. Exatamente como acontece em toda tirania comunista, vale lembrar.

Alexandre de Moraes continua com sua sanha persecutória, punindo manifestantes como se fossem terroristas prontos para um golpe antidemocrático. Em 2024, ele vai atrás dos “financiadores” e dos “influenciadores” de tais atos “golpistas”, pois criou narrativas patéticas e precisa, agora, seguir até o final para “validar” sua tese absurda. Tudo aponta para a Venezuela, mas se alguém falar em risco comunista será recebido com risinho de deboche pela mídia corrompida e pelos ministros supremos — a serviço dos comunistas.

Alexandre de Moraes e Lula – Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Brasil tem desanimado bastante, para dizer o mínimo. Mas precisamos manter a esperança. Não há mal que dure para sempre. Para reagir, porém, temos de ser realistas. E o primeiro passo é rejeitar com veemência a turma que finge haver no país um clima de normalidade institucional. São os cúmplices dos corruptos, os comparsas dos comunistas, que repetem as narrativas patéticas: Lula “salvou a democracia”, o STF é o “guardião da Constituição”, e os bolsonaristas representam uma “ameaça golpista”. É tudo tão ridículo que só mesmo a classe jornalística, quase toda prostituída, pode fingir acreditar.

(*) Economista liberal-conservador, autor do best-seller “Esquerda Caviar” (Editora Record)

Fonte: https://revistaoeste.com/revista/edicao-197/narrativas-pateticas/

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