Gerontocracia

No Brasil, o maior inimigo é um velho que seduz jovens alienados: o comunismo

Por Rodrigo Constantino (*)

Agerontocracia é uma forma de poder oligárquico em que uma organização é governada por líderes que são significativamente mais velhos do que a maior parte da população adulta. Por vezes, aqueles que detêm o poder não ocupam formalmente as posições de liderança, mas dominam quem as ocupa. Busquei essa definição na Wikipedia mesmo, pois é um resumo razoável do fenômeno.

Será que vivemos hoje numa gerontocracia? O presidente norte-americano Joe Biden nasceu em 1942! Ele tem 80 anos e, ao que tudo indica, deve disputar sua reeleição, mesmo com claros sinais de senilidade. Seu adversário provavelmente será Donald Trump, que demonstra mais energia, sem dúvida, mas também está se aproximando dos 80 anos.

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos – Foto: lev Radin/Shutterstock

E não são apenas as duas figuras mais relevantes da política americana. Até pouco tempo atrás, Nancy Pelosi era a líder democrata no Congresso — ela, que nasceu em 1940 e tinha ultrapassado os 80 anos. Dianne Feinstein, senadora democrata pela Califórnia, está perto dos 90 anos! Ela nasceu em 1933 e desde 1992 ocupa o cargo. Bernie Sanders é tão velho quanto suas ideias mofadas: o socialista nasceu em 1941 e parece disposto a tentar uma vez mais seu lugar nas primárias democratas.

Do lado republicano, Mitch McConnell tem dado claras evidências de que passou da hora de se aposentar: ele tem 80 anos e ocupa o cargo desde 1985! Seus congelamentos por longos segundos têm sido mais frequentes, produzindo cenas constrangedoras para uma liderança tão importante na oposição.

O que está acontecendo com a política norte-americana? Sociedades que valorizam os cabelos brancos têm seus motivos para tanto, pois são muitas vezes a “voz da experiência”. Diz o velho ditado: quem não foi de esquerda na juventude não teve coração, e quem não é conservador depois dos 40 não tem cérebro. A idade tende a trazer mais prudência, mas não é uma regra: basta ver Bernie Sanders pregando o nefasto socialismo com seus 80 anos.

O senador Bernie Sanders (Partido Democrata) – Foto: Reprodução/Flickr

O domínio da política pelos mais velhos pode representar algumas outras coisas também. O engessamento da própria política, que perde dinamismo porque as estruturas de poder acabam privilegiando aqueles que já chegaram ao topo das hierarquias partidárias. Ou pode simbolizar a perda de fé no futuro, a desconfiança em relação às gerações mais novas, pois, afinal, os congressistas idosos foram eleitos, escolhidos pelos eleitores.

Idade não garante nada. Mas não deixa de ser um alerta sobre a possível incapacidade de se criarem boas e novas lideranças entre os mais jovens

Diante da alternativa de uma Kamala Harris da vida, o democrata prefere o velho e conhecido Joe, ainda que este apresente indícios de problemas cognitivos e família corrupta. Do lado republicano até surgiram boas lideranças mais jovens, como o governador da Flórida Ron DeSantis, mas, como Trump é perseguido de forma injusta pelo sistema, os conservadores preferem responder com o magnata excêntrico mesmo, uma espécie de dedo do meio aos algozes corruptos.

Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump – Foto: Evan El-Amin/Shutterstock

Talvez não haja uma conclusão explosiva a tirar desse envelhecimento na política. Ronald Reagan, o quadragésimo e melhor presidente dos Estados Unidos em décadas, foi eleito em 1980 ao derrotar Jimmy Carter. Reagan tinha quase 70 anos e foi reeleito com 73 anos. Dizem que ele gostava de tirar umas sonecas no meio da tarde, mas a idade não foi problema para ele gerir com competência a maior nação do mundo, com conquistas importantes na economia e na geopolítica.

Idade não garante nada. Mas não deixa de ser um alerta sobre a possível incapacidade de se criarem boas e novas lideranças entre os mais jovens. Quando a disputa pelo comando da maior potência do planeta se dá entre dois octogenários praticamente, isso não pode ser algo alvissareiro para essa sociedade. Fica a nítida sensação de que o processo falhou em algum ponto, que há menos confiança nos mais jovens, ou que os mais velhos foram capazes de dominar o jogo e impedir a ascensão de novos líderes. De qualquer forma, considero um tanto preocupante essa realidade.

No Brasil, Lula voltou à cena do crime, como diria Alckmin, e a idade é o menor dos problemas. O presidente é socialista, companheiro dos piores tiranos do mundo, com histórico de corrupção e um projeto ambicioso de poder. Mas, além disso tudo, Lula tem quase 80 anos, e o PT já fala em preparar a sua reeleição, antes mesmo de ele completar um ano de governo. Lula gosta de repetir que se sente um garotão, com “tesão” de 20 anos. Ele tenta transmitir energia, mas não convence. Gosta mesmo é de viajar pelo mundo com sua esposa deslumbrada, ficar em hotéis caríssimos, enquanto rifa o Estado para o centrão fisiológico e deixa a turma do Foro de São Paulo agir nos bastidores, aparelhando todas as instituições.

STF Lula
Presidente Lula – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quem dera o maior problema com Lula fosse sua idade avançada. No caso brasileiro, a gerontocracia não está entre as maiores mazelas do sistema podre e carcomido, em que pese uma quantidade razoável de idosos no poder, com seus parentes ocupando diversos cargos também. No Nordeste, por exemplo, temos claras oligarquias no comando, com sobrenomes conhecidos que se repetem a cada eleição.

No Brasil, porém, o maior inimigo é velho, mas um velho que seduz jovens alienados: o comunismo. Uma ideologia abjeta, que fede a naftalina, mas que ainda encanta desavisados ingênuos em universidades federais. Como dizia o saudoso Millôr Fernandes, quando uma ideia fica velha ela vai morar no Brasil. O país do futuro parece sempre aprisionado no passado. Como no filme O Feitiço do Tempo, acordamos sempre no mesmo dia, e não importa se é um jovem ou um idoso no poder, lá está o eterno populismo de esquerda causando estragos. A única exceção foi mesmo Bolsonaro. E o sistema se uniu para persegui-lo e extirpá-lo. Agora teremos paz e união: ao menos para todos aqueles, velhos ou não, que adoram um Estado corrupto e hipertrofiado.

(*) Economista liberal-conservador, autor do best-seller “Esquerda Caviar” (Editora Record)

Fonte: https://revistaoeste.com/revista/edicao-181/gerontocracia/?logged

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