SENAI na Amazônia, economia, indústria e cidadania

Por Nelson Azevedo (*) [email protected]

O SENAI completou, em janeiro último, 80 anos de contribuição decisiva para o desenvolvimento industrial do Brasil. Seria outra a paisagem do nosso desenvolvimento industrial se essa Escola de preparação técnica e cívica dos jovens brasileiros não fosse criada. O portfolio de serviços e produtos do Serviço Nacional da Indústria são uma evolução substantiva e em múltiplas direções: caminhos benéficos no exercício constante da cidadania. E na Amazônia, especialmente no Estado do Amazonas, onde sua presença está associada diretamente ao processo de florescimento do programa Zona Franca de Manaus, o SENAI é orgulho de uma incontável multidão de excelentes profissionais e de respeitáveis cidadãos e cidadãs.

Datas magnânimas

E se, em janeiro, o SENAI Brasil fez 80 anos, em fevereiro, no dia 28, a Zona Franca de Manaus completa 55 anos. São duas datas magnas e contagiantes quando paramos para meditar sobre a História da Indústria em nossa região. Uma data que se forma e se explica a partir da outra. Fundado em 1942, o SENAI é um movimento civilizatório simplesmente incalculável para o processo de ocupação inteligente da Amazônia. Um amontoado de benefícios que se completam com o SESI, Serviço Social da Indústria, em 1944, com atendimento social e assistencial aos trabalhadores e suas famílias. SENAI e SESI – e mais tarde o Sistema S – foram criados enquanto a Amazônia cumpria seu papel estratégico e decisivo para os aliados durante a II Guerra Mundial. Pelo Acordo de Washington, o Brasil contribuiria com insumos e suprimentos, enquanto a Amazônia reativaria o Ciclo da Borracha, para produzir o látex natural sem o qual a guerra seria perdida para o Nazismo de Adolf Hitler. No Primeiro Ciclo, 1880 a 1910, contribuímos com 45% do PIB com a árvore da Fortuna, a seringueira.

Equilíbrio da balança comercial

Com o advento da ZFM, as fábricas começaram a se instalar mais ou menos nos meados dos anos 70, quando os colaboradores passaram a ser treinados para operar a nova indústria que se implantava em Manaus. Nossos jovens, vindos do interior e dos estados vizinhos, foram qualificados pela melhor agência de qualificação profissional para a indústria do país e da Zona Franca de Manaus, o SENAI. E aí as histórias são memórias da obstinação empreendedora. A partir da efetiva contribuição da instituição passamos a cumprir nosso propósito de substituir importações. Na retomada que se impõe em nossos dias, incluindo a ênfase de inovação tecnológica, o SENAI permanecerá estratégico e vital. Pouco a pouco, o Amazonas irá recomeçar sua cooperação de fato e de modo crescente com o equilíbrio da balança comercial do Brasil. Como se deu nos primórdios industriais da ZFM. Com o passar dos anos, infelizmente, o Ocidente se curvou às pressões da cadeia asiática de suprimentos, preço e prazo de entrega dos itens foram esmagando as indústrias concorrentes pelo mundo afora. E o polo industrial de Manaus quase sucumbe à concorrência.

Orgulho da Indústria

Em seu artigo do último dia 22, em homenagem aos 80 anos do SENAI, o presidente da CNI, Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, lembrou que 92% das empresas do Brasil preferem colaboradores formados pelo SENAI e que sete em cada 10 ex-alunos da Instituição estão empregados um ano após a conclusão. E lembrou que em sua última participação como representante do Brasil, o SENAI conquistou o 3º lugar em mais uma edição da WorldSkills, a olimpíada de profissões técnicas com países cujos sistemas educacionais são referências em todo o mundo.

Substituição de importações

É hora de retomar os princípios e orientações que deram suporte à criação da Suframa, Superintendência da Zona Franca de Manaus, como estão fazendo seus atuais gestores. O parque industrial de Manaus foi instalado para substituir as importações, particularmente aquelas que são escondidas pela criminalidade, o contrabando tolerado. Segundo a Receita, o contrabando de produtos piratas que são comercializados nas Ruas 25 de Março e Rua Santa Ifigênia, da capital paulista, causaram um rombo de R$288 bilhões em 2020. Nossa planta industrial, apesar de representar menos de 1% dos estabelecimentos industriais do Brasil, gera R$20 bilhões de impostos para a Receita. Alguma coisa está fora da ordem e do lugar e isso precisa mudar.

De acordo com a Lei

Parabéns ao SENAI, a todo o Sistema S, que é o S da saída e da solidariedade para os nossos jovens e suas famílias. Em 2022, um ano de incertezas e indefinições vai exigir que estejamos mais unidos, especialmente em torno das instituições, organismos e entidades que estejam fazendo a coisa certa, ou seja, aquilo que a Lei determina. Essa União vai nos ajudar a cumprir nossa responsabilidade social na geração de emprego e compromisso ambiental de proteção florestal. Afinal, empreender na Amazônia, qualificar nossos jovens e gerar oportunidades, implica em assegurar o exercício da cidadania. Esta, também, é a trilha mais nobre e segura da sobrevivência de nossa economia e resguardo da ecologia.

(*) Nelson é economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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