A pandemia desenfreada e um presidente perdido

Por Juscelino Taketomi

No meio da semana, encerrada neste sábado (16), vi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passar um pito público no deputado federal amazonense Pablo Oliva (PSL) pelo fato deste ter defendido uma intervenção federal no colapsado sistema de saúde do Estado do Amazonas.

Na ocasião, com os olhos postos na pandemia do coronavírus, Maia disse à imprensa que, sobretudo, era preciso unir forças na luta comum para debelar a doença causada pelo vírus letal, a covid-19. Maia seguia o discurso que o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) vem repetindo desde o auge da pandemia em 2020.

Naquela época, epidemiologistas e infectologistas vieram a público clamar por um Plano Sanitário Nacional de Combate à Covid. Cheguei a acreditar que, devido à pressão de renomados cientistas, com o aval do ex-ministro Henrique Mandetta, o Governo Federal desse à mão à palmatória e ordenasse ao Ministério da Saúde as providências devidas na direção da elaboração do tal plano sanitário.

Afinal, a vacina ainda iria demorar, não sairia, como não saiu, até dezembro do ano passado, e, diante do espetáculo aterrorizante de sistemas de saúde colapsados e óbitos em massa, o plano se tornava imperativo. Infelizmente, prevaleceu o negacionismo de um presidente da República desmiolado, insensato, irresponsável e medíocre – o pior entre os piores que já ocuparam o Palácio do Planalto.

Se o plano tivesse saído, com o aval da ciência e em tempo hábil, as aglomerações protagonizadas pela campanha eleitoral municipal não teriam acontecido e as festas de fim de ano, fomentadoras de coronavírus, também teriam sido evitadas.

Em consequência, a incidência do vírus estaria sob pleno controle, o exame do Enem teria ocorrido segundo os protocolos sanitários, as instituições estariam funcionando dentro de um plano racional e a atividade econômica estaria normal, com a população segundo as regras da OMS, valorizando mais o uso de máscaras e respeitando o distanciamento social.

No entanto, a pandemia se impôs graças a inépcia e à mediocridade de um presidente que, talvez pelo viés religioso que professa, ainda acredita que Terra é o centro do Universo, nunca ouviu falar de Nicolau Copérnico e Galileu Galilei e por isso menospreza a ciência. E está longe de perceber que Charles Darwin, lá no século 19, descobriu que os seres vivos evoluem, embora entre as correntes bolsonaristas do Brasil esse processo seja um tanto complicado. Eles desconhecem que os trabalhos de Louis Pasteur e o desenvolvimento de vacinas praticamente eliminaram o sarampo, a poliomielite e diversas outras doenças terríveis no país hoje sob o total controle do coronavírus. Meu Deus!

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