Um natal que vem da floresta

Por Nelson Azevedo (*)

A cultura cristã abre espaços para a diversificação do cardápio dessa que é a maior festa da cristandade: o aniversário de Jesus. Quem imaginaria um cardápio integralmente oriundo da floresta? Pois é, soltemos a imaginação. Que tal oferecer aos convivas um panetone feito com recheio de cupuaçu, cravejado com chocolate e outras frutas que encontramos na mata?

Invenção e invenção de saídas

Este ano de 2021, foi marcado pela pandemia que ainda não chegou ao fim. Muitas  pessoas foram, por isso, capazes de reinventar a si mesmas. E ajustar-se ao mundo ao seu redor para achar saídas e criar soluções. Foi um ano em que quase tudo faltou, especialmente para quem vive da atividade fabril. Só não faltou criatividade apesar e por causa de tudo. Fomos obrigados a descobrir que diante de um inimigo invisível, somente sobrevivemos se nos dermos as mãos.

A manjedoura amazônica

Foi o ano em que o Sindicato das indústrias metalúrgicas, metalmecânica e de materiais elétricos de Manaus – SIMMMEM, distribuiu para seus parceiros de lutas e conquistas do cotidiano  uma cesta de Natal diferente. Todos os itens tinham uma qualidade em comum: as delícias surpreendentes de nossa terra. Farinha do Uarini, seus diversos temperos e diversidade prazerosa de sabores. Diversidade de pimentas para todo gosto, inclusive para quem diz que delas não se aproximam.

No lugar do fast food

Este exercício de prazer amazônico – entre tantos que deixamos de adotar nesta correria de vida – nos revelou que no lugar do fast food, a Amazônia esconde tesouros ao paladar . Você já experimentou chip de cara roxo? Não se trata de um tira-gosto, posto que essa iguaria em vez de tirar, agregar sabor ao bom gosto de quem a consome. E as geleias? Poucas coisas são tão deliciosas como as geleias de sabores da floresta. Elas podem ser consumidas com todos os tipos de comidas exóticas.

O sagrado Arubé

Será que você faz ideia do resultado que alcançamos ao misturar abacaxi, mangarataia e limão com pitadas de açúcar mascavo ? Aqui chamamos de exóticas as espécies que não  são nativas. Você sabe o que é Arubé e seu papel na alquimia deliciosa e sagrada dos temperos ancestrais? E o que dizer do jambo e sua aguardente misteriosa que nos leva a perder a cabeça e achar soluções? A lista é enorme e descrever alguns itens é apenas um alerta para que a curiosidade desembarque na necessidade de descobrir um admirável mundo novo escondidos e, agora, ao seu dispor.

Carne natural

Estive lendo sobre a nova carne produzida inteiramente em laboratório israelense, mais uma invenção surpreendente do Engenho judaico, conquistada a partir de necessidades prementes de uma sociedade criativa e inovadora. Trata-se de uma réplica proteica fabricada a partir das estruturas biomoleculares da proteína do frango. A fila de empresários  para candidatar-se a essa alternativa de alimento é enorme. Afinal, produzir alimentos em espaços reduzidos, sem desmatamento nem comprometimento da saúde atmosférica é um caminho dos mais promissores e sensacionais para um planeta que caminha para iminentes 10 bilhões de habitantes.

Cardápio de infinitos recursos

Voltando a cesta básica do SIMMMEM a imaginação foge do nosso controle pois a natureza nos legou um cardápio de infinitos itens. E o que nos falta para inovar inspirados nas soluções judaicas, para inaugurar um novo tipo de economia? Recursos nos sobram. Somos o baú da felicidade da Receita Federal do Brasil . Talentos é preciso investir em captura-los, eles estão espalhados por aí e e em abundância. Lembram da propaganda da Semp Toshiba segundo a qual nossos caboquinhos eram mais eficientes que os estrangeiros? Mais do que exaltação publicitária o anúncio estava relacionado aos talentos que existem por aqui. Este ano vamos celebrar o aniversário de uma nova luz que resplandece por toda a floresta e que existe em cada um de nós. Feliz Natal com sabor Amazônia!!!

Nelson Azevedo é economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM

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