Quem vai realmente enfrentar o crime institucionalizado e combater a corrupção na vida pública?

Principal e urgente desafio brasileiro é escolher representantes que tenham compromisso, coragem e competência para implantar um regime de honestidade objetiva

Por Jorge Serrão (*)

Largaram! A campanha eleitoral começa. Sobrarão promessas e muitas mentiras na propaganda. O eleitorado vai ficar de saco cheio! Muita gente pode ficar tão revoltada e decepcionada que talvez nem apareça para cumprir o ritual do voto obrigatório ou cometa o erro fatal de se abster da votação, teclando nulo ou branco na urna eletrônica. O momento é crítico e preocupante. O presidencialismo de coalizão chega ao limite, junto a um conflito entre os poderes, com predominância do Judiciário sobre o Executivo e o Legislativo. Essa quase juristocracia corrompe e desmoraliza a Constituição de 1988. Só criminosos se aproveitam desse caos, dessa anarquia feudal.

O desafio brasileiro em 2022 é vencer o crime organizado. É preciso recuperar a saúde das instituições, aprimorando-as, para a implantação real de uma República Constitucional. Por isso, não devemos perder tempo com debates inúteis sobre assuntos irrelevantes. Bronca sobre polarização ideológica é ferramenta para enganar otário. Os bandidos no poder só querem ampliar a divisão ideológica artificialmente plantada na sociedade brasileira pelos agentes conscientes a serviço da Cleptocracia e seu Mecanismo. O fundamental, de imediato, é limpar o Estado, reduzir e combater a corrupção, afastando a escória do poder. O passo seguinte, quase simultâneo, é o enxugamento legal, até que seja viável propor, debater e implantar um Plano Estratégico de Nação, que definirá as linhas de uma nova Constituição — para a qual deve ser eleito um grupo especificamente para debater, aprovar e colocar em vigor.

A pergunta fatal: conseguiremos eleger cidadãos com capacidade, competência e, acima de tudo, vontade política de combater o sistema organizado do Crime Institucionalizado — definido como a associação delitiva entre bandidos de toda espécie e membros da máquina pública nos poderes da União, Estados e municípios? Pelo menos na retórica, uma maioria concorda que é fundamental combater as variadas formas de enriquecimento ilícito de parlamentares, servidores públicos e quem a eles se associa para falcatruas. Vale indagar novamente: por que os políticos custam tão caro aos cofres públicos? Por que necessitam de tantos assessores — a maioria “aspones” (gíria para assessores de p… nenhuma)? O que justifica uma máquina legislativa tão dispendiosa? Para que tantos políticos profissionais e seu séquito mal ou bem remunerado? O problema é que o Brasil é capimunista — e não capitalista. Culturalmente, a maior parte do povo é “estadodependente”. A máquina estatal é a maior “empregadora”. Por isso, grande parte do eleitorado, pragmaticamente, por interesse pessoal, não topa mexer no vespeiro do setor público.

Mais pergunta incômoda: por que tanta gente bandida quer seu voto? Todo mundo sabe que persistem fortes suspeitas de corrupção nas câmaras legislativas. Uma das formas mais canalhas é a formação de caixa 2 nos gabinetes parlamentares, através da apropriação indébita de até a metade dos salários dos nomeados para cargos de confiança. Esta condenável prática é muito comum nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas estaduais e até na Câmara dos Deputados e no Senado. A usurpação ilegal de salários dos ocupantes de cargos em comissão é apenas uma das modalidades de picaretagem. Também ocorre muita fraude com a manipulação indevida das polpudas verbas de gabinetes. E na manipulação do Orçamento — que muitas vezes ainda acontece sem transparência. Parlamentares fazem o que bem entendem com a grana, porque não existe uma obrigação de fiscalização direta pela sociedade.

O Brasil só será efetivamente passado a limpo se todos colaborarem, fazendo muita pressão e fiscalizando os mandatos de “Suas Excelências”. Os brasileiros que trabalham e empreendem não aguentam mais pagar tanto imposto para sustentar uma gigantesca legião de “parasitas”. A reclamação não é demagógica. É uma necessidade urgente que a leniência da maioria adia a cada eleição. O responsável-maior pelos erros é cada um de nós. Novamente, em 2 de outubro, chega a hora de colaborar para a mudança. Vamos colaborar? Ou repetiremos o mesmo estilo errático de cada eleição? Você acha que basta eleger o presidente? No presidencialismo, quem manda é o presidente da República, ao menos em tese. Mas, no Brasil atual, nem na teoria isso acontece… Na prática, quem manda é o Establishment (o Estamento Burocrático) e seus tentáculos de poder — inclusive os não-eleitos. O mais forte deles, graças à deficiência e fragilidade da Constituição de 1988, é o “Poder Supremo”. Você, cidadão, vai deixar tudo como está — ou sempre esteve? Respostas urgentes, nas redes sociais, nas ruas e nas urnas.

(*) Jornalista, professor e flamenguista. É editor-chefe do blog Alerta Total e comentarista do programa 3 em 1 da Jovem Pan.

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