Por que a Era Bolsonaro incomoda tanto?

Disputa presidencial polarizada em 2022 indica que conflito político brasileiro deve perdurar por muito tempo; Bolsonaro promoveu rupturas que desagradam controladores do poder no país

O lugar do governo Bolsonaro na história do Brasil já está garantido. Poderá ser chamado de Era Bolsonaro? O tempo dirá - Foto: Alan Santos/PR

Por Jorge Serrão (*)

Cientistas políticos, historiadores e o povo brasileiro costumam classificar seus líderes políticos mais importantes e marcantes com rótulos que resistem ao tempo. A Era Vargas e o Período JK ainda ecoam na lembrança popular. Afinal, foram movimentos marcantes de transformações sociais e econômicas. Basta se informar sobre os embates políticos de cada um desses períodos para saber que todos eles foram muito contestados por opositores políticos que buscavam desqualificar e impedir ações de governo que, com acertos e erros estratégicos, hoje sabemos terem sido vitais para o desenvolvimento brasileiro. Para o bem ou para o mal, Vargas e JK são lembrados até hoje. Acontece que praticamente ninguém se lembra ou sabe o nome dos seus implacáveis opositores políticos. Eram inimigos vazios de propostas e com liderança que não resistiu ao tempo. A história se encarregou de varrê-los para debaixo do tapete. Tornaram-se figuras irrelevantes da nossa história política e socioeconômica. Gegê e JK ganharam status de estadistas.

Getúlio Vargas teve quatro tempos: a Revolução de 30 com um governo provisório até 1934; um governo constitucionalista de 20 de julho de 1934 até 1937); a ditadura do “Estado Novo” (de 10 de novembro de 37 a 29 de outubro de 1945); e a volta ao poder, pelo voto (em 31 de janeiro de 1951 até seu suicídio em 24 de agosto de 1954). Seus governos marcaram o esforço do poder público para promover o desenvolvimento urbano e a modernidade possível naquela época, através de legislações e movimentos corporativistas. É sempre necessário analisar o contexto da época, para não se jogar tempo fora com crítica panfletária e sem valor histórico ou científico. Juscelino Kubitschek, que governou de 31 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de 1961, teve seu tempo marcado por industrializações intensas e pela ocupação estratégica e geopolítica do Centro-Oeste Brasileiro, com a epopeia da fundação de Brasília (tirando a capital do Rio de Janeiro). Simplesmente não haveria agronegócio brasileiro, se o governo JK não tivesse focado suas ações pela integração do Brasil litorâneo ao cerrado e à Amazônia. Dados do IBGE de 2012 dão conta de que o Centro-Oeste tem 7,44% da população brasileira e a região Norte tem 8,41%. Juntas representam quase 16% da nossa população. O que dificilmente teria ocorrido sem os esforços realizados no período JK. Apesar de muito criticado pelo modelo rodoviário em detrimento do ferroviário, imposto pela lógica da indústria automobilística, JK ficou famoso pelo slogan “50 anos em 5”.

De volta para o presente do futuro, vale comparar os tempos de Gegê e JK com o atual governo – que tem características disruptivas. Tudo indica que Jair Bolsonaro pode ter mais quatro anos de governo. O que lhe dará tempo para terminar projetos estruturantes importantes. A conclusão da transposição do rio São Francisco faz nascer uma agricultura forte no Nordeste. A disposição de água em abundância e uma consistente política hídrica, com açudes e reservatórios bem administrados, deixa a paisagem verde por toda região. Tem também 80 novas ferrovias aprovadas ou em análise de aprovação e muitas já em construção pelo programa Pró-Trilhos. Cortando 17 Estados brasileiros, criando condições logísticas de longo alcance, algo que nunca existiu no Brasil. Repetindo: novas ferrovias em 17 Estados brasileiros e mais 30.000 quilômetros de novas ferrovias.

Que potência em crescimento! Nos próximos cinco anos, o Centro-Oeste brasileiro terá uma riqueza ainda maior e uma participação gigantesca no PIB brasileiro. As integrações logísticas estão a todo vapor e velhos problemas como ausência de asfalto e pontes inacabadas são coisas do passado. Integração dos transportes rodoviário-ferroviário-aquático estão revolucionando as economias de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Maranhão, Pará e até do Amazonas. Além disso, o Brasil terá, em alguns anos, mais 50 usinas Itaipu de energia solar e eólica, produzidas a partir do Nordeste Brasileiro. Imaginem isso: nosso país terá mais 50 Usinas iguais a Itaipu em alguns anos. Adeus energia cara e apagões. Nossa economia não vai mais ficar refém da falta de planejamento energético ou da falta de chuvas.

O governo Bolsonaro promove uma espécie de “50 anos em quatro”. Novas legislações combatem velhos cartórios e acabam com mamatas inescrupulosas que tanto prejudicam a população brasileira. É preciso lembrar do slogan “Mais Brasil e menos Brasília”. Muita regra inútil e muito imposto foi eliminado ou diminuído. A redução do ICMS sobre os combustíveis provou que é possível derrubar impostos e beneficiar a economia e a população. Em todo o país, é visível a queda do preço dos combustíveis. A partir do ano que vem não existirá mais o IPI – imposto sobre produtos industrializados. Esse imposto pune a indústria brasileira e a sociedade, impedindo a geração de empregos e a modernidade da nossa economia. Programas sociais garantem que milhões de famílias brasileiras tenham condições mínimas de sobrevivência, enquanto se juntam ao novo mercado de trabalho.

O desemprego no Brasil está caindo. Esses são alguns fatos que já asseguram que historiadores irão se referir a este momento como Era Bolsonaro. A História registra que são os fatos concretos e não as narrativas que perpetuam no tempo a marca de um governo ou de líderes das nações. John Kenedy sonhou em levar o homem à Lua; Charles De Gaulle sonhou com a União Europeia juntamente com Winston Churchill. Nelson Mandela lutou e conquistou o fim do Apartheid na África do Sul. Todos esses grandes líderes, em suas épocas, foram contestados, presos e até assassinados. Mas tiveram a ousadia de sonhar, acordados, por uma sociedade melhor, mais próspera e com mais bem-estar para todos. Grandes líderes, além de popularidade, precisam demonstrar competência, resistência e resiliência para enfrentar o reacionarismo de adversários e, acima de tudo, o ódio dos inimigos, lutando pela Liberdade – mesmo ao custo de grandes sacrifícios pessoais.

O lugar do governo Bolsonaro na história do Brasil já está garantido. Poderá ser chamado de Era Bolsonaro? O tempo dirá… A certeza do momento é que, em 2 de outubro, não participaremos de uma simples eleição. Vamos para um referendo: a favor ou contra o polêmico Bolsonaro. O presidente incomoda muito mais pelas mudanças certas que promove do que pelos erros que comete. Bolsonaro encara, de frente, os “donos do poder” no Brasil. Ele mostra vocação para gerar rupturas. Por isso, como diriam os russos em seu famoso provérbio, “depois da tempestade (do primeiro governo Bolsonaro) vem a bonança, só que junto com uma tempestade”… A pacificação social brasileira, para construir e consolidar uma democracia, só será conquistada após um grande conflito. A guerra de todos contra todos os poderes vai longe… Quem brochar (ou broxar) perde…

(*) Jornalista, professor e flamenguista. É editor-chefe do blog Alerta Total e comentarista do programa 3 em 1 da Jovem Pan

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.