CBA, bionegócios, empregos e sustentabilidade

Por Nelson Azevedo (*) [email protected]

É louvável, sob todos os pontos de vista, a movimentação da Suframa para avançar o Caso CBA, que se arrasta há duas décadas à procura de uma certidão de nascimento institucional. Essa performance é mais uma no portfólio de acertos da Autarquia, que denota autenticação de rigor e zelo com a coisa pública em tudo que faz. Quem sabe faz a hora, pois a hora do CBA já está passando, na opinião de quem defende e propaga a necessidade da diversificação. Por que e para que toda essa morosidade crônica da União? Incontáveis benefícios adiados, oportunidades desperdiçadas por Brasília – e seu histórico de descaso e distanciamento amazônico – se tivesse impulsionando a vocação das oportunidades nãopredatórias da floresta. Os prazos do desenlace do imbróglio são exíguos e vai sobrar desencanto generalizado se, por algum motivo, surgirem mais embaraços neste esforço concentrado da Suframa. Estamos no torcida mas torcemos por outras tentativas e saídas.

Só falta abraçar

Temos um histórico regional  de boas práticas que não avançaram por falta de um abraço robusto da adesão federal. Este abraço se chama decisão política de fazer e de fazer em mutirão, com o pé no chão e a mão na massa da maniçoba e do tacacá. Temos três décadas da Lei de Informática,  para dar um exemplo, e muitos recursos foram desperdiçados e outros utilizados com restrições justamente por falta de um projeto integrado e integral que mobilizasse os atores, ingredientes e talentos locais, em interação com as capacidades nacionais e mundiais. Foi assim com a Embraer, o Programa do Álcool e com a Embrapa, citando algumas ações que começaram com o endosso, suporte, determinação e movimentação das lideranças federais da brasilidade e vocações da municipalidade.

Expectativas e alternativas

Podemos citar algumas demandas da economia predominante do Amazonas e da Amazônia Ocidental, o Polo industrial de Manaus: carecemos de infraestrutura, integração a semicondutores. Entretanto, em mais de uma oportunidade já listamos os itens que a indústria precisa para se diversificar com a colaboração do CBA. Basta reunir novamente a tribo, inventariar as práticas em andamento e de que carecem aquelas que se revelam mais promissoras no contexto das urgências locais e da integração/interação das cadeias produtivas. E só assim iremos fazer velhas expectativas se tornarem novas alternativas econômicas para o programa Zona Franca de Manaus de redução das desigualdades regionais.

O nome é o que menos importa

É chegada a hora de retomar/revisar e inovar o conceito de cluster, ou APLs, arranjos produtivos locais ou regionais, ou ainda, startups, como está ocorrendo no interior de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, em vários estados do Nordeste e no interior da Amazônia, incluindo ações bem próximas de nós, mais de uma centena de startups no Estado, um Distrito agrobiotecnológico em Rio Preto da Eva e diversos movimentos na própria área de influência e gestão da Suframa. O nome é o que menos importa. A experiência bem-sucedida de políticas de clustering em todo o mundo, incluindo consideráveis concentrações em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Itália, Reino Unido, Alemanha, ou emergentes, com apoio do Banco Mundial, inclusive. O CBA já está habilitado, faz tempo, a atender quem precisa de protocolos de extratos, clonagem vegetal, ensaios, perfis biomoleculares de  fitoterápicos, dermocosméticos, alimentos funcionais etcétera e tal. Ou seja, não precisa inventar a roda muito menos gastar massa cinzenta com estudos de gabinete. As lições já sabemos de cor… Só nos falta arregaçar as mangas e fazer Bioeconomia das pitangas!

(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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