Após ligar agro ao fascismo, Lula volta atrás e diz: “Não generalizei”

Petista tem se esforçado para conseguir se aproximar do setor durante a campanha após deslizes

Lula no Jornal Nacional - Foto: Reprodução: TV Globo - 25/08/2022

Nesta quarta-feira (21), o candidato do PT à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva deu diversas declarações, em entrevista ao ‘Canal Rural’, direcionadas a empresários do agronegócio com a tentativa de diminuir a rejeição no setor, considerado um dos pilares da economia nacional, e voltou atrás em algumas falas de início de campanha.

Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globoem 25 de agosto, o petista disse: “O agronegócio, sabe, que é fascista e direitista [é contra o meio ambiente]”.

Com a tentativa de diminuir a distância e atrair o agro para a campanha, Lula mudou o discurso após ser indagado se havia generalizado o setor e respondeu: “Jamais” , depois continuou: “Eu não consigo generalizar nada, porque eu acho que tem diferença mesmo dentro das famílias”.

“Tem gente que tem discurso fascista e tem gente que tem discurso altamente democrático. Tem empresário que quer desmatar de qualquer jeito, tem empresário que sabe a responsabilidade”, disse ele.

O ex-presidente tem se esforçado para conseguir se aproximar do setor que, atualmente, declara apoio ao atual mandatário do Brasil, Jair Bolsonaro (PL).

Na entrevista, o petista comentou sobre outros pontos sensíveis para os agricultores, veja:

    1. Comércio internacional – “Nessa crise o Brasil tem que se abrir mais ao mundo. O Brasil não pode ficar apenas esperando que a guerra [na Ucrânia] se resolva. Vamos pegar a questão do fertilizante. Um país que tem o potencial de produção agrícola que tem o Brasil não pode ficar dependente nem da Ucrânia nem de outro país na produção de fertilizantes. […] Se o Brasil quiser fazer uma agricultura desrespeitando qualquer regra internacional, o Brasil se prejudica. Por isso que os empresários brasileiros precisam ter bastante juízo e discutir que tipo de agricultura a gente quer”;
    2. Exportação de carnes – “Não é possível que um governo seja maluco de querer fazer intervenção […]. Na hora em que o povo tiver poder aquisitivo e puder comprar a carne, quem produz a carne vai vender no mercado interno. Se você tentar fazer uma intervenção e bloquear [a exportação para baixar o preço doméstico], vai quebrar a cara mesmo”;
    3. MST – “Pouquíssimas terras produtivas foram invadidas nesse país. […] Hoje os sem-terra estão preocupados em produzir, preocupados em organizar cooperativas, preocupados inclusive em chegar ao mercado externo. […] Se o cidadão invadir uma terra produtiva, pode ficar certo de que a Justiça vai tirá-lo. Mas quando a terra é improdutiva e o Estado estabelece, através do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que ela é improdutiva, paga para o proprietário da terra e faz os assentamentos. […] Na hora que você começa a assentar as pessoas corretamente, na hora em que você começa a construir casa, acabam essas invasões desordenadas. O país precisa de ordem e de tranquilidade para poder seguir em frente. […] O comportamento dos Sem-Terra hoje é muito diferente, muito mais maduro. E eles hoje viraram um setor altamente produtivo. […] Teve poucos momentos na história do Brasil em que o campo teve a tranquilidade que teve no meu governo”;
    4. Ministério da Agricultura – “Olha os 2 ministros que eu escolhi [quando estava no governo], nenhum do PT. Primeiro o Roberto Rodrigues, que é um extraordinário, além de produtor rural, intelectual do mundo agrícola. E o segundo o Reinhold Stephanes. Nunca nenhum produtor colocou defeito nos 2.” Lula foi perguntado sobre quem ocuparia o cargo caso vença a eleição, mas não deu um nome;
      prioridade econômica – “Eu não sou daqueles que acham que a agricultura é secundária e a indústria prioritária. Não, eu acho que o Brasil precisa das duas. Precisa de indústria forte e agricultura forte, e diversificada”;
    5. Interlocução com o governo – “É lógico que eu tenho mais amizade com o bancário do que com o banqueiro. Mas na hora [que] eu virar presidente, na mesma sala que entrar o bancário vai entrar o banqueiro. A mesma conversa que eu tiver com o trabalhador rural eu vou ter com o companheiro do agronegócio”;
    6. Armas – “Ninguém vai proibir que um dono de uma fazenda tenha uma arma, tenha duas armas. Agora, se ele tiver 20 já não é mais arma para defesa”;
    7. Terras indígenas – “Se a gente quiser manter a cultura indígena, nós precisamos que ele tenha mais terra […] Não precisamos das terras indígenas para fazer nada […] Tem 30 milhões de hectares degradados que nós temos que recuperar [para a agricultura]. […] O Brasil precisa pode vender mais para o mundo inteiro, então não vamos criar caso onde não tem”;
    8. Conectividade no campo – “A gente vai colocar internet em tudo que é território nacional”;
    9. Embrapa – “Fiquei sabendo que a Embrapa, no orçamento dela, só tem 2% para investimento. O resto é para folha de pagamento. Está errado. Tem que ter mais dinheiro para investimento. […] Eu vou trabalhar para recuperar a Embrapa e fazer a Embrapa ser motivo de orgulho e trabalhar junto com os institutos que existem particulares, as empresas, laboratórios”;
    10. Acordo Mercosul-UE – “Se ganhar a eleição, eu vou tomar posse nos primeiros 6 meses, nós vamos concluir o acordo com a União Europeia”.

Fonte: https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2022-09-22/agro-facismo-lula.html

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