A Amazônia do futuro já começou

Por Nelson Azevedo (*) [email protected]

O projeto da Zona Franca de Manaus foi originalmente estribado na expansão, interação e interconexão de um novo setor produtivo, concebendo Comércio, Indústria e Agroindustrial, e suas respectivas vertentes – que atualmente destaca Bioeconomia – como demonstração de múltiplas possibilidades para a região. É inadiável, portanto, rastrear e fortalecer o que deu certo, o que está rodando e o que ficou pelo caminho desta intuição sensacional para a Amazônia.

Espalhar a economia

Alinhado com este espírito, em recente entrevista, o superintendente da Suframa, Algacir Polsin foi muito feliz em destacar a necessidade de descentralizar a economia da ZFM. Temos mesmo que reconhecer que o foco produtivo cresceu muito em Manaus e, de certa forma, virou as costas para o interior.

Campos e Amorim

Retomar este começo significa descobrir que algo devemos à genialidade de Roberto Campos e seu assistente manauara, Arthur Amorim – os formuladores do Programa ZFM, o maior e melhor arranjo fiscal de redução das desigualdades regionais da história do desenvolvimento regional do Brasil.  Só com esta triangulação em permanente diálogo operacional  entre os setores lograríamos êxito, tanto na substituição de importações como na interiorização do desenvolvimento. E por não termos levado a ferro e fogo esta intuição, carregamos a chaga social de tanta pobreza na periferia de Manaus e deplorável exclusão  social no interior.

Neoliberalismo construtivo

Não estamos aqui para mistificar a figura desses dois arautos de nossa economia. Roberto Campos imprimiu um caráter global para uma economia fechada e nacionalista que encontrou em seu retorno dos Estados Unidos, onde estudou e representou o país em grandes transações. Neoliberal convicto, tratou nossa região como oportunidade de grandes negócios. Sua proposta para a ZFM criou um círculo de expansão de múltiplas trilhas de desenvolvimento, sustentabilidade e prosperidade que precisamos revisitar.

SUFRAMA

Neste universo de desafios, a Suframa está cumprindo um papel fundamental, uma verdadeira autarquia indutora de investimentos, favorecendo/impulsionando ambiente de negócios e estimulando parcerias público-privadas. O exemplo mais esperado é o de por para funcionar o Centro de Biotecnologia da Amazônia. Seu suporte de inovação é essencial no projeto de mudança na direção de um futuro que já começou . Como exemplo desta forma de gestão do desenvolvimento, a Suframa vai fazer, no próximo mês, leilão de 237 terrenos do Distrito Agropecuário com dimensões para diversos tipos de empreendimento. Áreas que estão em Manaus e nos municípios próximos, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo. O interessado já tem que ter o projeto e a Suframa terá indicações objetivas de recursos federais a serem empregados nos empreendimentos.

Gestão da Amazônia

Permeando esta passo a passo de implantação de novos negócios, identificamos princípios e conceitos de gestão da Amazônia, e a determinação de conectar demandas da indústria que podem e vão ser atendidas pela agroindústria em processo de implantação. Ao mesmo tempo, micro e pequenas empresas são treinadas e integradas neste mutirão de oportunidades, de facilidades que a Suframa oferece mas até então não havia contado aos diretamente interessados.

SUFRAMA, SUDAM e BASA

São 600.000 ha de Distrito Agropecuário, onde SUFRAMA, ao lado da SUDAM e BASA, organismos voltados ao desenvolvimento regional, buscam envolver estados e municípios para uma virada de transformação. Já está rodando o biodistrito agroindustrial de Rio Preto da Eva e este vetor de desenvolvimento avança em direção a Roraima, que é outra zona de desenvolvimento sustentável, onde já acontecem outros projetos que estão submetidos à criação de sinergia com outras regiões da Amazônia. O que dá certo numa área precisa ser adaptado a outra visando disseminar sustentabilidade e prosperidade para a região como um todo.

Alerta vermelho

Merecem aplausos os Diálogos da Amazônia, ora pilotados pela Fundação Getúlio Vargas, em sua 13ª edição, e  merece também um alerta vermelho para os atores locais no sentido da mobilização, geral, em clima de mutirão, partilha de conhecimento, sugestões e contribuições de toda ordem. Só assim iremos virar a canoa furada da protelação, e remar, unidos e determinados, a nova embarcação da ousadia, no banzeiro destemido de antecipação desta utopia que nos compete inaugurar. Sem delongas nem divisões.

(*) é economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, metalmecânica e de materiais elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM

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