Teatro Amazonas é homenageado em concerto gratuito da Orquestra Amazonas Filarmônica

Abrindo a terceira edição do FIMA, festival nacional que, até março de 2024, irá reverenciar importantes teatros históricos do Brasil

Teatro Amazonas - Foto: Marcio James | Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas

Depois de homenagear diferentes monumentos arquitetônicos no estado do Rio de Janeiro (1ª edição) e contemplar importantes palácios e museus Brasil afora (2ª edição), o FIMA – Festival Interativo de Música e Arquitetura, em sua terceira edição, se dedica a homenagear os teatros históricos do Brasil, promovendo uma convergência lúdica entre música e arquitetura em alguns dos mais importantes templos da arte e da cultura brasileira. Desta vez, os eventos acontecerão, até março de 2024, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, Paraíba, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, e Pernambuco, oferecendo concertos presenciais e virtuais, podcast, websérie, conteúdos interativos, aulas magnas e ações educativas para escolas.

“Um dos principais objetivos do FIMA é estabelecer uma conexão afetiva do público com importantes patrimônios históricos brasileiros. Nesta nova edição do Festival, alguns dos mais importantes teatros históricos brasileiros serão celebrados. Edifícios que ao longo do tempo testemunharam importantes capítulos da trajetória artística do país. Através da música e da arquitetura, seremos transportados a diferentes momentos de nossa história, criando uma experiência multisensorial que unirá passado, presente e futuro. Uma jornada de reconhecimento e apreciação da rica tapeçaria que compõe a identidade cultural brasileira.” afirma Pablo Castellar, Idealizador, Curador e Diretor Artístico do FIMA.

A nova temporada se inicia no dia 5 de outubro, quinta-feira, em Manaus, no icônico Teatro Amazonas, com a renomada soprano Daniella Carvalho, sob a batuta do maestro Luiz Fernando Malheiro à frente da Amazonas Filarmônica. Participarão ainda o historiador Allan Diego Carneiro, a restauradora Judeth Costa e o arquiteto Marcos Cereto, que abordarão a história, memória e as riquezas arquitetônicas desse belo teatro. Com patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. Todas as apresentações do FIMA têm entrada gratuita.

Concerto de abertura

O concerto inaugural da terceira edição do  FIMA – Festival Interativo de Música e Arquitetura traz um repertório cuidadosamente selecionado para dialogar com a história, a arquitetura eclética e a arte decorativa desta joia arquitetônica manauara, um edifício inaugurado em 1896 durante o auge do ciclo da borracha, que se tornou um símbolo da opulência e do cosmopolitismo que reinaram na cidade de Manaus.

O Salão Nobre com seu piso de madeira brasileira e europeia, composto por cerca de 12 mil pedaços de madeiras nobres; lustres de vidro de Murano; colunas com base de mármore de Carrara; espelhos trazidos da Itália e França e um teto pintado por Domenico de Angelis terá suas características barrocas lembradas pela ária “Lascia ch’io pianga”, da ópera “Rinaldo”, de Handel. Também celebraremos este local  com duas canções, “Acalanto da Rosa” e “Ouve o Silêncio”, de um dos maiores nomes da música manauara, o compositor Claudio Santoro. A emotividade de sua obra congrega, assim como este espaço, elementos que ressoam as riquezas culturais da Amazônia e do Brasil para o mundo. Esta área do teatro, onde os barões da borracha se encontravam no intervalo das apresentações, também será enaltecido pela música “Canção de Amor”, da obra “Floresta do Amazonas”, de Heitor Villa-Lobos. Uma música que ecoa as pinturas das paredes e do teto que retratam as belezas da floresta tropical.

Saindo do Salão Nobre de forma etérea, o programa segue com a obra “Prélude à l’après-midi d’un faune”, de Claude Debussy, obra que bem representa o universo da Belle Époque em que este teatro foi construído, chegando até a cúpula concebida pela Casa Koch-Frêres, de Paris, em 1895, adornada com 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia, na França.  Celebrando as pinturas de sua estrutura interna – quatro telas fixadas sob o teto abobadado que foram pintadas em Paris pela Casa Carpezot – e os momentos memoráveis que este espaço abrigou ao longo de sua história, o programa segue com “Abertura de Tannhäuser”, uma das obras mais populares e reconhecíveis de Richard Wagner, compositor que revolucionou a ópera com seu conceito de obra de arte total, integrando música, poesia e cenografia em uma experiência artística coesa e inovadora.

A peça também é representativa do estilo de Wagner ao usar leitmotifs, pequenos temas musicais que representam personagens, emoções ou ideias, que são desenvolvidos e transformados ao longo da obra. A obra de Wagner também será lembrada para celebrar os 25 anos de história do mais longevo e importante evento lírico do Brasil, o Festival Amazonas de Ópera (FAO) – o compositor teve quase a totalidade de sua obra realizada ao longo das mais de duas décadas deste icônico projeto, com destaque para o ciclo completo do “Anel de Nibelungo”, que foi reconhecido e amplamente festejado internacionalmente.

Para comemorar os 26 anos da Amazonas Filarmônica (orquestra oficial do FAO e do Teatro Amazonas, na qual Luis Fernando Malheiro atua, desde 1999, como Diretor Artístico e Regente Titular), será apresentado o “Intermezzo” da Ópera “Cavalleria Rusticana”, de Pietro Mascagni.

Destacando a importância da elite da Belle Époque manauara, que financiou a construção do teatro, uma das óperas mais famosas de Puccini, “La Bohème”, que estreou em 1896, o mesmo ano em que o Teatro Amazonas foi inaugurado.  A obra, que imortaliza a vida de jovens boêmios em Paris, é especialmente conhecida pela sua ária “Donde Lieta Usci”, na qual a protagonista se despede de seu amado reconhecendo que o amor deles não pode resistir às adversidades e à pobreza que os cercam. Já o amor pelas artes, tão característico no Teatro Amazonas, resistiu ao declínio econômico que seguiu o fim do ciclo da borracha, mantendo-se como um farol da cultura até hoje naquela que já foi chamada de a “Paris dos Trópicos”.

O concerto se encerra com uma viagem no tempo até o dia da estreia da primeira ópera encenada neste teatro, especificamente no dia 7 de janeiro de 1897, “La Gioconda”, de Amilcare Ponchielli. Dela, será apresentada Ária: “Danza delle Ore”, remetendo o público à primeira récita interpretada pela Companhia Lírica Italiana e regida pelo maestro Joaquim de Carvalho Franco. Desde essa estreia, de Bidu Sayão a Eliane Coelho, de Procópio Ferreira a Fernanda Montenegro, de Tatiana Leskova a Ana Botafogo, de Guiomar Novais a Nelson Freire, grandes nomes da ópera, do Teatro, da dança e da música brasileira estiveram neste palco histórico.

Programação

Seguindo no objetivo de construir uma relação afetiva do público com os patrimônios visitados pelo projeto, através de um diálogo cativante e multissensorial,  o FIMA – Festival Interativo de Música e Arquitetura, em sua terceira edição, irá celebrar também importantes orquestras brasileiras: a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (Belém); a Orquestra Sinfônica do Recife; e a Orquestra Acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora, além da participação especial da Orquestra Sinfônica Jovem de Berlim, reverenciando o Theatro Municipal de Niterói.

Além da programação presencial, o FIMA amplia sua presença digital. Os “Concertos Virtuais FIMA” serão exibidos gratuitamente nas redes sociais do festival, em formatos tradicionais e 360º. A websérie “Obras em Nota” antecipará o que será apresentado levando aos espectadores um entendimento mais claro sobre as escolhas das obras apresentadas em cada local, enquanto o podcast “Diálogos FIMA” trará insights e entrevistas com músicos, palestrantes e convidados especiais.

O FIMA também se dedica à educação musical, oferecendo aulas magnas gratuitas com artistas renomados e o projeto “FIMA na Escola”, uma ação educacional com o objetivo de sensibilizar crianças, estimulando novos caminhos de valorização de suas identidades culturais. Tudo isso para que melhor compreendam a importância do patrimônio histórico de suas comunidades.

Orquestra Amazonas Filarmônica

    • Maestro: Luiz Fernando Malheiro
    • Solista: Daniella Carvalho, soprano

Palestrantes: 

    • Allan Diego Carneiro, historiador
    • Judeth Costa – restauradora
    • Marcos Cereto, arquiteto

Programa

    • GEORG FRIEDRICH HÄNDEL (1685 – 1759) – Ária: “Lascia ch’io pianga” da Ópera: “Rinaldo”
    • CLAUDIO SANTORO (1919 – 1989) – “Acalanto da Rosa”, “Ouve o Silêncio”
    • CLAUDE DEBUSSY (1862 – 1918) – “Prélude à l’après-midi d’un faune” (Prelúdio para a Tarde de um Fauno)
    • HECTOR BERLIOZ (1803 – 1869) – “Nuits d’été” (Noites de Verão)
    • HEITOR VILLA-LOBOS (1887 – 1959) – “Canção de Amor”
    • RICHARD WAGNER (1813 – 1883) – “Abertura de Tannhäuser”
    • PIETRO MASCAGNI (1863 – 1945) – Ária “Voi lo sapete, o mamma” (Você sabe, mãe) da Ópera: “Cavalleria Rusticana”, “Intermezzo”
    • GIACOMO PUCCINI Giacomo Puccini (1858-1924) – Donde Lieta Usci, ária do 3º ato da ópera La Bohème
    • AMILCARE PONCHIELLI (1834 – 1886) – Ária: “Danza delle Ore” (Dança das Horas) da Ópera: “La Gioconda”

SERVIÇO

    • Dia 05 de outubro de 2023
    • Local: Teatro Amazonas
    • Horário: 20h
    • Entrada franca, por ordem de chegada e sujeito à lotação do Teatro.
    • Classificação: livre

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