O que disse e o que não disse o advogado de Mauro Cid

As idas e vindas de uma confissão que – até agora – não aconteceu

Tenente-coronel Mauro Cid está preso desde maio deste ano - Foto: Marcos Oliveira | Agência Senado

As últimas 24 horas foram marcadas por uma enorme confusão envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele está preso desde maio deste ano.

Na noite da quinta-feira 17, a revista Veja estampou na sua capa que ele vai fazer uma confissão bombástica: ao longo de anos, teria tentado vender clandestinamente joias recebidas como presente em visitas de Estado pelo ex-presidente. Detalhe: sempre a mando de Bolsonaro. A fonte da reportagem é o advogado Cezar Bitencourt, o terceiro que Cid contratou em poucos meses.

Nem é preciso dizer que a reportagem foi tratada pelo consórcio da velha mídia – já extasiado com o depoimento do criminoso Walter Delgatti, o hacker da Vaza Jato – como a pá de cal para Bolsonaro. Alguns jornalistas afirmaram abertamente que o ex-presidente amanheceria na prisão.

Nesta sexta-feira, 18, contudo, em uma entrevista à GloboNews e em uma resposta enviada por WhatsApp ao jornal O Estado de S. Paulo, o advogado provocou um curto-circuito nas redações. Leia abaixo as principais frases e tire suas próprias conclusões sobre o que ele disse.

As falas do advogado

O advogado criminalista Cezar Bitencourt, que defende o tenente-coronel Mauro Cid | Foto: Reprodução

À revista Veja, o criminalista declarou que Cid iria confessar que vendeu joias recebidas por Bolsonaro em agendas oficiais, transferia o dinheiro para o Brasil e entregava os valores em espécie ao ex-chefe do Executivo. A Polícia Federal (PF) investiga a venda de dois relógios de luxo. A frase exata foi: “A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando”, disse. “Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Mas o dinheiro era do Bolsonaro.”

À emissora GloboNews, na manhã de sexta, o advogado Bitencourt negou que tenha dito que Cid iria confessar a venda das joias, mas falava apenas do relógio de marca Rolex, que, segundo ele próprio, “também é uma joia”. Num ponto, o criminalista recuou e afirmou que a venda “não foi a mando de Bolsonaro”, mas que “para bom entendedor, meia palavra basta”.

Na última versão, o advogado declarou que o dinheiro da venda do relógio também pode ter sido entregue para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ou seja, já se trata de uma nova versão dos fatos.

“Pelo que eu sei, [o dono] era o ex-presidente”, explicou Bitencourt. “Isso não quer dizer que [Cid] tenha entregue [o dinheiro] direto para o ex-presidente, pode ter sido para a primeira-dama.”

O advogado ainda ressaltou que não disse que Cid estava “entregando” ou “dedurando” o ex-presidente. “Apenas disse que era um assessor e que cumpriu ordens”, continuou. “O Cid foi atrás, tentou vender. As condições não eram boas, embora tenha conseguido. Depois foi problema, [Cid] foi atrás do Rolex, buscar esse Rolex. Como deu problema com esse relógio, Bolsonaro disse: ‘Cid, pega esse relógio e resolve esse problema’.”

Depois das controvérsias do advogado de Mauro Cid, a revista Veja publicou outra reportagem com a íntegra da entrevista com o criminalista. O veículo também disponibilizou o áudio da conversa.

Procurado pela reportagem, Cezar Bitencourt não retornou até a publicação desta matéria.

Fonte: https://revistaoeste.com/politica/o-que-disse-e-o-que-nao-disse-o-advogado-de-mauro-cid/

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