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Por Ana Paula Henkel (*)
Durante quatro anos, frequentei as aulas do curso de arquitetura e design de interiores nos belos prédios e bibliotecas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) para me tornar uma arquiteta e sempre tive orgulho em dizer que a universidade faz parte da minha história. Foram tempos de estudos aliados à apreciação pela seriedade da faculdade, seus empregados e professores. Por isso, foi difícil assistir nesta semana à manifestação ilegal e antissemita na “minha casa”, com direito a violência por parte dos estudantes que proibiram até a livre circulação de estudantes judeus. O protesto contra Israel, que tomou conta de muitas universidades americanas, foi encerrado na noite desta quarta-feira com a interferência da Polícia de Los Angeles.
A polícia removeu barricadas e começou a desmantelar um acampamento fortificado de manifestantes pró-palestinos na manhã de quinta-feira, 2 de maio, depois que centenas de manifestantes desafiaram as ordens da polícia para que voltassem à normalidade. Policiais com equipamento de choque passaram horas alertando em alto-falantes sobre possíveis prisões se as pessoas não se dispersassem. O chefe da Polícia de Los Angeles, Dominic Choi, disse nas redes sociais que um total de 210 pessoas foram presas na UCLA.
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Sempre que possível, trago partes da Constituição Americana e ressalto uma das mais importantes emendas do documento: a Primeira Emenda, que protege a quase absoluta liberdade de expressão e de protestos, desde que sejam pacíficos e que não perturbem a ordem social — o que não foi o caso dos estudantes da UCLA e de outras universidades, como Columbia, onde muitos invadiram e depredaram prédios, e fecharam os acessos às salas de aula e aos auditórios.
As imagens que chegam de algumas universidades causam perplexidade. Por mais que o direito de expressar sua opinião pacificamente — o que não foi o caso destas manifestações, já que elas não foram pacíficas —, mesmo as sórdidas e abomináveis, seja apoiado na Primeira Emenda, é aterrorizante ver jovens mimados e sustentados pelos pais, financiados por programas estudantis amparados em dinheiro público, não lembrarem de nada contido nas tristes páginas nefastas da história. Gritar “ajudem a Palestina” é uma coisa, mas entoar cantos de dizimação de Israel e do povo judeu é tão abjeto quanto fingir que isso “não passa de liberdade de expressão”.
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Em novembro, os americanos escolherão seu presidente mais uma vez. Em uma das eleições presidenciais mais importantes do país, o caos disruptivo que tomou conta dos EUA estará nas cédulas, não há a menor dúvida disso. O ódio à América, com altos e baixos durante sua história, sempre encontra resistência exatamente nas urnas.
Em 1968, por exemplo, a Convenção Nacional Democrata de 1968, em Chicago, foi um evento significativo na história política dos EUA, marcado por intensos protestos e violência, e que pavimentou o caminho de Ronald Reagan no futuro. Em agosto de 1968, os democratas realizavam suas primárias com o objetivo de selecionar o candidato do partido para as eleições presidenciais. No entanto, a convenção tornou-se um ponto crítico para uma agitação social e política mais ampla.
A convenção ocorreu durante um período tumultuado na história americana, marcado pela Guerra do Vietnã, pelo movimento pelos direitos civis e pelos assassinatos de Martin Luther King Jr. e Robert Kennedy no início daquele ano. Esses eventos geraram insatisfação e protestos generalizados, e vários grupos, incluindo o Partido Internacional da Juventude (Yippies) e o Comitê de Mobilização Nacional para o Fim da Guerra do Vietnã (Mobe), organizaram protestos contra a guerra e o establishment político. Os grupos pretendiam perturbar a convenção e expressar a sua oposição à Guerra do Vietnã e às políticas do Partido Democrata.
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Os protestos tornaram-se violentos quando o Departamento de Polícia de Chicago e a Guarda Nacional de Illinois entraram em choque com os manifestantes e o confronto foi transmitido pela televisão, trazendo a agitação aos lares americanos e provocando indignação nacional.
Dentro da convenção, a nomeação do vice-presidente Hubert Humphrey para presidente foi ofuscada pelo caos lá fora. A convenção e os protestos destacaram profundas divisões dentro do Partido Democrata e da sociedade americana em geral. Os acontecimentos da Convenção Nacional Democrata de 1968 são frequentemente vistos como um ponto de mudança na política americana, refletindo a convulsão social e política do final da década de 1960.
O candidato republicano, o ex-vice-presidente Richard Nixon, derrotou tanto o candidato democrata, o vice-presidente em exercício Hubert Humphrey, quanto o indicado pelo Partido Independente Americano, o ex-governador do Alabama George Wallace.
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A extrema esquerda odeia a América. Fato. E ela está sendo financiada pelas redes de dinheiro que visam à eclosão de protestos anti-Israel que se espalham pelos campi universitários por todo o país. Na semana passada, a Fox News informou que os Estudantes Nacionais pela Justiça na Palestina (NSJP), “uma organização nacional afiliada a cerca de 200 capítulos independentes”, incluindo a Universidade Columbia, arrecadaram “uma doação de seis dígitos de uma organização sem fins lucrativos financiada pela rede George Soros”.
De acordo com a InfluenceWatch, o grupo que orquestra o ativismo estudantil nas universidades acusa Israel de cometer genocídio e compara os palestinos aos negros americanos durante a era Jim Crow.
Abraham Lincoln, um dos maiores presidentes americanos, certa vez disse durante a Guerra Civil nos Estados Unidos que, se a destruição fosse o destino, que ela seria iniciada pelas próprias mãos e consumada de dentro para fora
De acordo com a Fox News, outro grupo ativo em Columbia, Jewish Voice for Peace (JVP), arrecadou pelo menos US$ 650 mil de grupos ligados a Soros desde 2016. A JVP também recebeu centenas de milhares de dólares do Fundo Rockefeller, que é alimentado por bilionários e impulsionado por milhões de dólares de uma rede de financiamento de dinheiro obscuro.
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De acordo com reportagens do New York Post, outro grupo apoiado por Soros, a Campanha dos EUA pelos Direitos Palestinos, pagou aos chamados “companheiros” para organizarem e participarem de protestos anti-Israel em todo o país.
Na quarta-feira, o Washington Free Beacon informou que o Fórum do Povo, outra organização sem fins lucrativos em Nova York que recebeu mais de US$ 12 milhões do braço de caridade do Goldman Sachs, encorajou ativistas anti-Israel a recriar os protestos violentos “como no verão de 2020”, quando a América foi tomada pela violência em protestos usando como argumento a morte de George Floyd.
Abraham Lincoln, um dos maiores presidentes americanos, certa vez disse durante a Guerra Civil nos Estados Unidos que, se a destruição fosse o destino, que ela seria iniciada pelas próprias mãos e consumada de dentro para fora: “Como uma nação de homens livres, devemos viver todos os tempos ou morrer por suicídio”. O mal entendeu essa frase e, hoje, choca o ovo da serpente na América. A América reagirá?
Pesquisadora associada do Instituto Ronald Reagan, é hoje arquiteta e analista política. Ex-atleta, atuou pela Seleção Brasileira de Voleibol e disputou quatro Olimpíadas. Foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, Estados Unidos, pelo vôlei de quadra. É bicampeã mundial no vôlei de praia. Tornou-se um dos principais nomes femininos do pensamento liberal-conservador. Vive em Los Angeles, onde cursa Ciência Política pela Ucla.
Fonte: https://revistaoeste.com/revista/edicao-215/o-ovo-da-serpente/