Insônia na menopausa precoce pode estar associada a fatores genéticos

Sono e menopausa precoce se relacionam a variantes genéticas sobrepostas que conferem risco aumentado às duas condições

Foto: Pexels/cottonbro studio

Em estudo publicado na revista científica  Climateric , pesquisadores do Instituto do Sono mostraram que a insônia durante a menopausa precoce pode estar associada a fatores genéticos. A análise funcional do trabalho sugere que esses mecanismos biológicos compartilhados entre o sono e a insuficiência ovariana prematura se relacionam a variantes genéticas sobrepostas que conferem risco aumentado às duas condições.

A menopausa trata-se do último ciclo menstrual da mulher, ou seja, sua última menstruação. É chamada de “menopausa precoce” quando acontece antes dos 40 anos. Durante este período, as mulheres apresentam perda da produção regular de hormônios e da liberação de óvulos, o que pode levar à infertilidade, secura vaginal e sono disfuncional. Estima-se que a condição afete 1% das mulheres nessa faixa etária.

Para chegar a tal conclusão, o Instituto do Sono usou métodos in silico de análises de dados genéticos, ou seja, ferramentas computacionais para investigar alterações nos genes. Há exatos 20 anos, a médica ginecologista brasileira Helena Hachul, pioneira nos estudos sobre o sono na população feminina, já havia publicado uma pesquisa demonstrando que a insônia acomete 60% das mulheres no climatério.

Insônia e menopausa

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia. Esta condição é caracterizada pela dificuldade de iniciar o sono e mantê-lo de forma contínua durante a noite, ou então pelo despertar antes do horário desejado.

Mais prevalente em mulheres do que em homens, a insônia está relacionada à falência ovariana, uma vez que ocorre mais em mulheres na menopausa. Mas segundo a geneticista da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP) Mariana Moyses Oliveira, que encabeça o estudo do Instituto do Sono, não há evidências de que a condição afete mais as que passam por essa fase precocemente.

“A insônia está associada à insuficiência ovariana prematura, porém não há estudos que comparem a sua incidência entre pessoas que entraram na menopausa na idade esperada ou precocemente. Logo, não se pode falar que a incidência é maior entre pessoas com menopausa precoce do que em outras pessoas na menopausa”, esclarece a pesquisadora.

Segundo Mariana, o sono de má qualidade pode prejudicar a recuperação do indivíduo em processos patológicos, retardando e até dificultando a melhora e o tratamento destes processos. Sabe-se que, a longo prazo, alterações no padrão de sono podem ocasionar prejuízos neurocognitivos, cardiovasculares e metabólicos.

Considerando a tendência de aumento da expectativa de vida entre as populações, as mulheres têm permanecido uma maior parte de suas vidas na menopausa, independentemente de sua idade de início. Dessa forma, o tratamento das queixas de sono na menopausa é importante para promover a essas mulheres um sono adequado que resulte em uma melhor qualidade de vida.

Os pesquisadores do Instituto do Sono acreditam que o estudo tem o potencial de levar à identificação de novas intervenções farmacológicas e terapêuticas para tratar ou aliviar os sintomas que as mulheres com menopausa precoce e insônia apresentam. “O objetivo é direcionar os tratamentos certos para os pacientes certos na hora certa. Isso leva em conta as diferenças no material genético, ambiente e estilo de vida das pessoas para adaptar a prevenção e o tratamento de doenças ao perfil de cada indivíduo”, comenta a cientista.

Fonte: https://delas.ig.com.br/alimentacao-e-bem-estar/2023-09-10/nsonia-e-menopausa-precoce.html

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