Guerra interna nas prévias do PSDB deve resultar em perdas importantes para o partido

Proposta original de imitar as prévias americanas por aqui foi de unir a legenda e chamar a atenção de eleitores de outros setores, mas não está funcionando

Por José Maria Trindade (*)

As prévias do PSDB dividem o partido. O sucesso é de todos, mas as derrotas geralmente são atribuídas a líderes e apontadas para longe e não tem parceiros. A proposta original de imitar as prévias americanas por aqui foi de unir o partido e ao mesmo tempo chamar a atenção de eleitores de outros setores. Não está funcionando. O motivo claro é que nenhum dos candidatos do PSDB decolou nas pesquisas.

A guerra interna pode acabar em perdas importantes. Os dirigentes antigos perderam o mando para os filiados e detentores de mandatos nos Estados e municípios e esta novidade assustou. Não é a primeira vez de prévias no PSDB e o PT também exige prévias, segundo o estatuto interno. O inédito mesmo é a disputa acirrada que ameaça a própria sigla. Antes, a definição do candidato era um entendimento entre os dirigentes, geralmente através de acordos que extrapolavam a campanha.

Desta vez foi a lei da selva. O governador de São Paulo, João Doria, adotou a sua prática mais comum, a força. Saiu em campo e pessoalmente conversou ou visitou representantes em todos os Estados. Aliados procuraram vereadores em todo o país e não teve um que não recebesse um telefonema ou visita de defensor da candidatura. A vitória certa de Doria não une o partido e não será de lavada, como queria.

A ideia dele é deixar de forma clara que ganhou sem possibilidade de contestação, mas haverá. O método é contestado e já estão claros sinais de dissidências, as marcas deixadas depois de toda batalha forte. Algumas cicatrizes assim são motivos de orgulho, pela luta.

O mineiro Aécio Neves não perdoa João Doria e deve abrir uma dissidência de se prestar atenção. O ex-governador Geraldo Alckmin também está com os dois pés fora do partido e o grupo que apoia o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se ressente da ação de Doria. Para o deputado Wanderlei Macris, do PSDB de São Paulo e um forte defensor do governador João Doria, os dois, Aécio e Alckmin, já tiveram todas as chances, apoio e legenda do partido e agora “é o momento de retribuir”.

Mas em política a fidelidade pode ser comprada ou relativizada. Então, que o aplicativo do PSDB decida quem será o candidato a uma derrota no ano que vem e ao vencedor, as batatas. Mas existe um outro candidato. O ex-prefeito Arthur Virgílio frequentou as altas rodas do PSDB, mas não convence nem como candidato.

(*) é jornalista, comentarista político, correspondente da Jovem Pan em Brasília e escreve sobre o poder e seus bastidores.

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