Câmara vive pânico com insegurança de reeleição

Radiografia do Congresso pós janela partidária mostra que o grupo do presidente Jair Bolsonaro fortaleceu; deputados calculam e concluem que é melhor entrar na campanha apoiando o governo

Por José Maria Trindade (*)

A “janela da infidelidade”, como costumo chamar este prazo para a troca de partido político, mostra um presidente Jair Bolsonaro mais forte e com grandes expectativas por parte dos parlamentares. O instinto de preservação do político é forte demais e isto significa que o lado do presidente na disputa está em alta. “Ninguém aqui segura alça de caixão”, reduz um deputado, procurando bom posicionamento na disputa. As trocas foram feitas com a calculadora nas mãos e “escrúpulos de consciência às favas”. O União Brasil se mostrou um ajuntamento e não um partido político.

O ex-ministro Sergio Moro explicitou a grande divisão do grupo do DEM e do PSL, que moram no União Brasil. Mesmo o DEM tem as suas divisões internas. O presidente puxou filiações e o União perdeu 45 deputados. O PL, partido da família do presidente, inchou. Hoje é o maior partido da Câmara, com 77 deputados. O PSDB cristaliza a incrível história do partido que virou suco. Está em oitavo lugar na ordem de número de deputados na Câmara, e junto com o PSB e PDT simbolizam o abandono de siglas com poucas chances. O PL, PP e PSD foram os partidos que mais cresceram e a corrente é clara no sentido de buscar o lado governista.

Há um pânico generalizado no Congresso. Há novas regras, e deputados falam em novo programa interno (chip político) para elaboração da campanha. É que os deputados foram eleitos com as regras antigas, assistiram à eleição municipal, viram as dificuldades para vereadores e projetaram para os seus futuros.

A incerteza agride a ânsia de planejar dos parlamentares. O cientista político e professor Paulo Kramer mostra pesquisa em vários Estados dando conta de que os deputados não devem temer tanto assim o fim das coligações proporcionais. Tudo indica que não muda muito e a renovação vai ficar nos níveis das eleições anteriores e nenhuma hecatombe política vai acontecer. Ninguém acredita. Aqui vale a máxima de que “caldo de galinha, se não faz bem, mal nunca fez”.

(*) É jornalista, comentarista político, correspondente da Jovem Pan em Brasília e escreve sobre o poder e seus bastidores.

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