França adquire protótipo de arma a laser para Jogos Olímpicos de Paris

Ministério das Forças Armadas encomendou novo sistema anti-drone, que consegue neutralizar veículos aéreos não tripulados de até 25 quilos

Uma ilustração da neutralização do Helma-P. O Ministério das Forças Armadas da França ordenou que um protótipo do sistema fosse implantado em Paris 2024 - Foto: Cilas ArianeGroup

Vôlei de praia com a Torre Eiffel ao fundo, hipismo no magnífico jardim do Palácio de Versalhes e a Cerimônia de Abertura no Rio Sena – a França planeja encantar visitantes de todo o mundo com tudo o que Paris tem a oferecer durante os Jogos Olímpicos de 2024.

A mais recente, ainda que menos glamorosa, adição ao seu arsenal olímpico é um sistema de armas a laser que derrubará drones.

O Ministério das Forças Armadas da França anunciou em junho que encomendou um protótipo de um sistema anti-drone de armas a laser, chamado Helma-P, a ser implantado para os Jogos Olímpicos de Paris de 2024.

“O sistema Helma-P fornece uma resposta calibrada à ameaça de drone, desde os instrumentos de observação até a neutralização de um mini ou micro drone (de 100g a 25kg) alterando sua estrutura, fazendo com que ele caia em poucos segundos”, disse o ministério em comunicado.

“Alterar sua estrutura” é uma boa maneira de dizer queimar um buraco em qualquer drone.

Este protótipo também ajudará a “aprofundar a compreensão dos militares sobre sua implantação”, já que uma campanha anti-drone é uma prioridade estabelecida pelo Ministério das Forças Armadas da França para o período 2019-2025, segundo o comunicado.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) disse que a segurança dos Jogos é responsabilidade das autoridades locais.

O sistema Helma-P pode disparar poderosos feixes de laser que aquecem os drones a um ponto em que eles queimam ou superaquecem e desligam, de acordo com Jean, engenheiro-chefe de armamento da Diretoria Geral de Armamento do ministério, responsável pelo desenvolvimento e compra de armas.

O ministério se recusou a divulgar o sobrenome de Jean por questões de segurança.

As ameaças de drones aumentaram exponencialmente nos últimos anos, inclusive para grandes eventos como as Olimpíadas, de acordo com Philippe Gros, pesquisador da fundação francesa de pesquisa de segurança e defesa Foundation for Strategic Research.

Os drones podem ser usados ​​para escanear e pesquisar uma determinada área para identificar a localização de alvos em potencial. Eles também podem ser modificados para transportar armas ou explosivos. Mini drones, que é o alvo do sistema francês, têm desempenhado um papel ativo na linha de frente na Ucrânia.

Além da unidade de laser, o sistema também incluirá sensores de radar e radiofrequência para auxílio na localização de drones. Uma vez identificado, a arma desenvolvida pelo Cilas, de propriedade do gigante de defesa francês ArianeGroup, tem um alcance de um quilômetro, segundo Jean.

Mas empregar uma arma tão poderosa em uma Paris densamente povoada, onde visitantes de todo o mundo se reúnem para celebrar as Olimpíadas, traz à tona preocupações de segurança.

“Uma parte importante do programa de laser anti-drone é a operação segura desta arma”, disse Jean. Caberá à equipe que estiver operando em solo determinar se deve abater um drone ou não. “Esta decisão levará em consideração o possível perigo da queda do drone danificado”, afirmou Jean.

Uso de drones tem sido uma marca do conflito entre Rússia e Ucrânia – Foto: Reprodução/CNN

Um sistema de armas a laser também é uma das maneiras mais econômicas de enfrentar as crescentes ameaças de drones em áreas urbanas, de acordo com especialistas.

“Uma das razões pelas quais os lasers são interessantes é que, comparados aos mísseis de interceptação, não há explosivos envolvidos e, mesmo que o drone exploda, são apenas os detritos que cairão. Em geral, causam menos danos colaterais”, disse Gros.

As armas a laser oferecem outras vantagens, incluindo precisão e baixo custo operacional; não precisam de munições, o que ajuda a explicar sua crescente popularidade entre potências militares como Estados Unidos, China, França e Reino Unido, de acordo com Gros.

Mais específico para a prevenção de drones, sistemas de armas a laser conseguem acompanhar os novos desenvolvimentos na tecnologia de drones.

“O problema é que os drones estão se tornando cada vez mais autônomos, podendo voar muitas partes da missão sem um operador”, disse Gros.

Isso significa que a maneira tradicional de bloquear sinais entre drones e operadores pode se tornar obsoleta.

Atualmente, as armas a laser anti-drone ainda têm muitas fragilidades. Por exemplo, o mau tempo pode afetar sua precisão e eficiência. A indústria ainda está em um caminho de aprendizado, de acordo com Gros.

Para os turistas que visitarão Paris em 2024, o Ministério das Forças Armadas garantiu que sua arma a laser não causará muita distração para o público.

“O sistema é bastante furtivo, porque o laser é invisível, não emite luz”, disse Jean. “Também não faz barulho. Na verdade, é uma arma muito discreta”.

Por Xiaofei Xu, da CNN

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