Dnit descumpre prazo e pontes que desabaram no Amazonas seguem interditadas

Órgão havia prometido liberar trânsito no última fim de semana. A queda das estruturas tem afetado mais de 100 mil pessoas e provocado desabastecimento de alimentos e remédios em três municípios do estado

As pontes Autaz Mirim e sobre o Rio Curuçá desabaram na BR-319, no Amazonas - Foto: Associação de Amigos e Defensores da BR-319/Divulgação e Wiliam Duarte/Rede Amazônica

Os trechos onde duas pontes caíram na BR-319, no Amazonas, ainda não foram liberados para o trânsito de veículos. O Departamento Nacional de Trânsito (Dnit) havia se comprometido em liberar o tráfego até o último fim de semana, mas descumpriu o prazo. A queda das estruturas tem afetado mais de 100 mil pessoas e provocado desabastecimento.

A primeira ponte, que fica sobre o Rio Curuçá, desabou no dia 28 de setembro, deixando quatro mortos, 14 feridos e um desaparecido. A segunda estrutura, sobre o Rio Autaz Mirim, caiu no dia 8 de outubro. Ninguém ficou ferido.

Antes do primeiro desabamento, o Dnit sabia dos problemas estruturais da ponte sobre o Rio Curuçá. No entanto, manteve a estrutura aberta para o tráfego de veículos.

Além de afetar mais de 100 mil pessoas, a queda das pontes tem provocado desabastecimento de alimentos e remédios em três municípios do estado.

Na segunda-feira (24), agentes do Dnit trabalharam no aterro criado para a passagem de veículos sobre o Rio Autaz Mirim. Sem a conclusão da obra, que é a única forma de acesso entre as duas margens, motoristas se arriscavam passando pelo local. Com o risco, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) interditou os acessos ao aterro.

No fim de semana, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) interditou o aterro até que a empresa responsável pela obra garanta a conclusão dos serviços. Até meio-dia de segunda-feira, máquinas ainda trabalhavam no local, principalmente em uma das cabeceiras, mas sem a liberação prevista pelo Dnit.

A travessia está sendo feita por meio de barcos cedidos pela Defesa Civil do Estado. “A minha moto ficou lá embaixo de um pé de mangueira do outro lado porque aqui o acesso ainda não foi liberado. Mas é difícil tu subir e descer barranco. Não é fácil. Estou bem cansada”, disse a técnica de enfermagem Rosa Maria.

A ponte sobre o Rio Autaz Mirim caiu no dia 8 de outubro. Treze dias antes, em 28 de setembro, a primeira ponte, a do Rio Curuçá, despencou com veículos e pessoas. Quatro vítimas morreram, 14 ficaram feridas e uma ainda está desaparecida.

No trecho do Rio Curuçá, uma rampa de acesso foi construída para que os veículos desçam até o rio, embarquem em uma balsa que fará a travessia para o outro lado, e sigam viagem.

Só que, até a manhã de segunda-feira (24), a balsa ainda não tinha chegado ao local. A embarcação ainda estava no porto do município de Careiro da Várzea.

Nos próximos dias, ela deve ser içada e colocada em uma carreta para ser transportada até o Rio Curuçá. Enquanto isso não acontece, a travessia do rio só pode ser feita em lanchas da Defesa Civil do Estado.

“Era pra ter sido mais rápido, até porque estou com um problema de saúde e preciso fazer tratamento, enfrentando o sol. Uma hora dessas era pra eu estar em casa. Triste a situação”, lamentou a agricultora Maria Socorro.

Quem tem pousadas na região reclama do custo. “Uma das partes mais prejudicadas é a rede hoteleira. Os ‘kombeiros’ que trabalham na rede de transporte, também [são prejudicados]. Somos muito prejudicados e, além de tudo, os custos aumentaram pra nós. Qualquer carreta, eles estão duplicando valor das coisas e tudo”, comentou a empresária Karolaine Oliveira, proprietária de pousada.

https://globoplay.globo.com/v/11057207/

Queda de pontes

As duas pontes desabaram na rodovia federal – a principal via de acesso terrestre do Amazonas para outras regiões do país, em um intervalo de dez dias:

No dia 28 de setembro, a ponte sobre o Rio Curuça despencou, deixando quatro mortos e mais de 10 feridos. Uma pessoa segue desaparecida.

Já no dia 8 de outubro, a apenas 2 quilômetros do local onde ocorreu o acidente, a ponte sobre o Rio Autaz Mirim desabou poucas horas após ser interditada. Ninguém ficou ferido.

Histórico e problemas

Criada durante a Ditadura Militar, a BR-319 surgiu com a proposta de integrar o Amazonas ao restante do país, mas sofre há décadas com falta de estrutura para tráfego. Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu asfaltá-la.

Passado mais de três anos e meio desde que Bolsonaro assumiu o cargo, a promessa de asfaltamento da BR-319 ainda não saiu do papel.

Questionado logo após a queda da ponte sobre o Rio Curuçá, o Ministério da Infraestrutura disse que a declaração feita em 2019 por Bolsonaro “refere-se ao asfaltamento do lote C da BR-319/AM, que fica a aproximadamente 200 quilômetros do local do incidente [ponte sobre o Rio Curuçá]”, embora o presidente e a pasta não tenham deixado isso claro à época.

“O trecho de 405 quilômetros conhecido como “trecho do meião” recebeu em 28 de julho a licença prévia ambiental para as obras de reconstrução e pavimentação. Emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o documento aprova os estudos e viabilidade ambiental das obras. O próximo passo é a licença de instalação, que permitirá a contratação da obra, de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados pelo Ibama”, diz o restante da nota.

Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/10/25/trechos-onde-pontes-cairam-na-br-319-seguem-interditados-para-transito-de-veiculos-no-am.ghtml

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