A mensagem da roupa escolhida por Janja para a posse de Lula

Objetivo foi privilegiar a indústria brasileira da moda e elementos da natureza do país

A primeira-dama da República do Brasil, Rosângela Lula da Silva (Janja), durante a cerimônia de posse/ Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Congresso Nacional - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Vestida com um terninho champanhe de seda assinado pela estilista Helô Rocha, com bordado de palhas, em parceria com bordadeiras do Nordeste, a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, surgiu assim para a cerimônia de posse do marido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O objetivo de Janja foi privilegiar a indústria brasileira da moda e elementos da natureza do país.

A roupa de poder há séculos é o terno. “Eu acho que ela não usa roupa decorativa de boneca, peça de decoração, ela se coloca em outro lugar. Ela tem uma presença forte e eu acho que a roupa traduz isso: roupa de trabalho. Versão feminina da roupa masculina. Ela usa o colete como blusa e pronta para o trabalho”, resume a estilista Thais Farage.

O look elaborado por Helô Rocha, mesma estilista que fez o vestido do casamento da socióloga, em maio passado, conta também com uma calça estilo pantalona, um colete com gola V e botões. Na prática, o blazer acinturado apresenta feminilidade e o colete interno remete ao smoking típico masculino.

Thais Farage diz que as roupas de Janja e Lula passam a mensagem de valorizar os artistas brasileiros.

“Não foram de vermelho. Moda é um negócio e parte importante da cultura. Valorização do país e resgatar um Brasil unido e de todo mundo e não tanto da polarização, sem símbolos de partido”.

A principal informação da pantalona é de uma apropriação de espaço. Até 1997, as pessoas não podiam usar calça no Senado.

“Mulher de calça na política ainda é um lugar diferente. primeiras-damas são esperadas para ser bonecas e a Janja quando coloca a calça quebra a paradigma”.

Já a estilista Cynara Boechat disse que a primeira-dama quebrou protocolo ao aparecer de calça comprida.

“Primeira dama que entrou de calça. Me lembrou Coco Chanel. Entretanto, a forma que o bordado foi feito é estratégico de realeza, sempre bordado nas lapelas”, diz.

Cynara diz ainda que a pantalona apresenta um equilíbrio, conforto e sofisticação.

“Mas nada diferente de um vestido. A seda poderia ter sido trocada por uma peça que não amarrotasse tanto”, explica. Para Boechat, um ponto positivo é o bordado com a flora brasileira feita por fundações de mulheres.

Em entrevista exclusiva à Vogue de janeiro, Janja falou sobre o look: “Queria vestir algo que tivesse simbolismo para o Brasil, para os estilistas, para as cooperativas e para as mulheres brasileiras”, disse.

“A moda não é só um aspecto muito importante da cultura brasileira como é um motor da economia. Quero carregar os estilistas brasileiros aonde for. Mostrar para o mundo, abrir portas de comércio, de oportunidades. Se puder contribuir, vou ajudar”, disse à revista de moda.

Lu Alckmin, mulher do vice-presidente Geraldo Alckmin, optou usar um vestido branco, em corte de alfaiataria, tamanho midi abaixo dos joelhos, com mangas longas que se abrem na parte interna dos braços. A esposa de Alckmin escolheu ainda cabelos soltos. Tanto Janja quanto Lu optaram por maquiagem discreta.

Por Gabriel Ferneda, da CNN em São Paulo

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.