Pesquisadora do Inpa compartilha conhecimentos sobre rações alternativas para a piscicultura

Foto: Divulgação/Inpa

A produção de rações específicas para as diferentes fases de vida do tambaqui e pirarucu, duas das principais espécies da piscicultura no Amazonas, são estudadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). As composições mais promissoras para rações de peixes da Amazônia, com base em pesquisas do Instituto, serão apresentadas pela pesquisadora Lígia Uribe Gonçalves na Live “Rações alternativas para peixes: uma tecnologia social em construção na Amazônia”.

O evento acontecerá no próximo dia 30 de setembro (quinta-feira), às 9h (horário de Manaus) com transmissão pelo canal do Inpa no Youtube/Inpa. Os interessados em acompanhar a Live da Coordenação de Tecnologia Social do Inpa podem se inscrever no endereço even3.com.br/racoesalternativaspeixesamazonia/ ou acessar diretamente o link clicando aqui.

 “A rica biodiversidade amazônica possibilita a formulação de rações para nutrição de peixes regionais com base em insumos locais. Essa atividade interessa à toda a cadeia produtiva em piscicultura, bem como implementadores de tecnologias sociais na área de produção de alimentos”, destacou a coordenadora de Tecnologia Social do Inpa, Denise Gutierrez, que vai atuar como mediadora.

De acordo com Uribe, que coordena a equipe à frente do trabalho, os componentes das rações variam conforme a espécie-alvo e a sua fase de vida. Por exemplo, a produção de rações para peixes onívoros (que se alimentam de ingredientes de origem animal também de vegetais), como o tambaqui, utiliza maior concentração de ingredientes vegetais, enquanto as rações para peixes carnívoros, como o pirarucu, o gigante da Amazônia, incluem ingredientes de origem animal para atingir um maior teor de proteína. No preparo de ração também é utilizada uma mistura mineral e vitamínica específica para cada espécie.

Ração amazônica

Foto: Divulgação/Inpa

A equipe do grupo de pesquisa Aquicultura da Amazônia Ocidental do Inpa trabalha para produzir uma ração amazônica para o tambaqui, utilizando em parte da formulação da ração a crueira de macaxeira, silagem de vísceras de tambaqui e larvas de inseto como fontes de proteína. “Esperamos que haja um menor custo de produção das rações e que seja uma oportunidade para a piscicultura familiar se tornar mais produtiva e competitiva”, comenta Gonçalves.

A pesquisadora destaca o trabalho realizado pelo aluno de doutorado em Aquicultura (programa da UniNilton em associação com o Inpa), Paulo Adelino, que tem estudado diversos insumos regionais no Inpa, como feno de mandioca, bagaço de guaraná e as tortas de murumuru, castanha do Brasil, pracaxi e ucuuba.

As rações são produzidas na fábrica de ração do Inpa e conta com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Ração para cada fase da vida

Para cada fase da vida do peixe, há necessidade de uma ração específica, segundo Uribe. “O peixe é um animal que passa por metamorfose, ou seja, ele nasce uma larva com trato digestório pouco desenvolvido. Assim, não é possível fornecer para uma larva a ração com a mesma fórmula de peixes adultos”, completa.

Na fase inicial, os peixes precisam de uma quantidade maior de nutrientes oferecida por ingredientes de maior qualidade inseridos em um pélete pequeno. Ao passo que o peixe vai crescendo, as rações são inseridas em péletes maiores e são menos custosas, pois há menor valor nutricional quando comparada com as rações iniciais.

Ao trabalhar com a fase inicial do pirarucu, a equipe percebeu que as rações comerciais não são específicas para a espécie e sua utilização tem provocado hérnia e úlcera nas larvas de pirarucu (4 cm de comprimento) e, consequentemente, alta mortalidade. O problema levou o grupo a trabalhar na elaboração de uma micro dieta específica para as larvas de pirarucu que já apresenta resultados promissores, pois tem sido bem digerida, colaborando para maior sobrevivência dos peixes e maior oferta de juvenis para a fase de engorda.

Projeto GIGAS

O projeto coordenado pela pesquisadora iniciou em 2015, com recursos da Capes e da Fapeam, no Inpa, com o objetivo de realizar pesquisas direcionadas ao desenvolvimento morfológico, nutrição, manejo alimentar e sanidade das fases iniciais do pirarucu, um dos maiores peixes de escama do planeta. No site https://www.projetogigas.com/, o público pode acompanhar a contribuição da equipe no fortalecimento da cadeia produtiva do pirarucu.

Cursos 

A equipe do GIGAS criou o curso “Larvicultura Intensiva do Pirarucu” para capacitar produtores, técnicos e alunos a realizar o manejo e cuidado na fase inicial da espécie. Foram realizados cursos presenciais em Coari, Itacoatiara e Manaus, no Amazonas, e Paragominas e Santarém, no Pará. Também há o curso “Processamento de Ração”, já realizado duas vezes na fábrica de ração do Inpa.

Os cursos são práticos e abertos ao público, porém no momento não há previsão para novas inscrições devido às restrições impostas pela pandemia do Covid-19. Para acompanhar a abertura de novas turmas, o interessado deve acessar o perfil do projeto no Instagram (@projetogigas).

Minibiografia

A convidada da live possui graduação (2005), doutorado (2010) e Pós-Doutorado (2013 e 2021) em Zootecnia pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é pesquisadora titular do Inpa, onde atua como coordenadora do Projeto GIGAS. É docente permanente nos Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da Universidade Nilton Lins em ampla associação com o Inpa e Ciência Animal e Recursos Pesqueiros da Ufam. É líder institucional da Rede Ibero Americana LARVAplus (Estrategias de desarrollo y mejora de la producción de larvas de peces en Iberoamérica), financiada pelo CYTED, Espanha. É membro do conselho diretor da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquabio). Tem experiência na área de aquicultura, com ênfase em nutrição de peixes.

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