Os cinco passos da transição energética, no plano do secretário-geral da ONU

“Várias partes do nosso planeta serão inabitáveis e, para muitos, isso será uma sentença de morte”, diz António Guterres

Foto: Alberto Pezzali/AP

“Nosso mundo ainda é viciado em combustíveis fósseis”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura da 13ª Assembleia Geral da Irena, a agência intergovernamental de energias renováveis. “Com a meta de 1,5°C escapando das nossas mãos e com as políticas atuais nos levando a um aquecimento global de 2,8°C, até o final do século, as consequências serão devastadoras”.

O secretário geral da ONU seguiu: “Várias partes do nosso planeta serão inabitáveis e, para muitos, isso será uma sentença de morte”. Depois, recomendou: “Se o que se deseja é evitar uma catástrofe climática, as energias renováveis são o único caminho confiável a seguir”.

Guterres gravou a mensagem em vídeo para os 1.500 participantes do evento que começou sábado (14) em Abu Dhabi entre chefes de Estado, ministros, diplomatas, políticos e especialistas do setor energético. A Irena tem, hoje, membros de 168 países – o Brasil é um observador.

O evento deste ano discute desde a corrida de dezenas de países rumo à produção de hidrogênio verde e amônia verde, planejamento energético estratégico regional, a segurança energética na Europa com a guerra na Ucrânia e combustível menos poluente para o transporte marítimo.

O secretário-geral da ONU lembrou que a participação atual de renováveis na matriz elétrica global é de 30% e deve dobrar até 2030 e ser de 90% em 2050. “É algo possível, se agirmos agora”, disse.

Guterres, então, apresentou seu plano de cinco pontos para uma transição energética justa no mundo. Ele defende remover as barreiras à propriedade intelectual e tratar as principais tecnologias, incluindo o armazenamento de energia, como bens públicos globais.

Em segundo lugar, diz que é preciso diversificar e aumentar o acesso às cadeias de fornecimento de matérias-primas e componentes para as tecnologias renováveis e, com isso, fazer menos pressão ao ambiente e criar “milhões de empregos verdes, principalmente para jovens e mulheres no mundo em desenvolvimento”.

O terceiro ponto, defende, depende de quem formula políticas públicas “cortar a burocracia, acelerar a aprovação de projetos sustentáveis em todo o mundo e modernizar as redes”.

“Os subsídios para energia devem sair dos combustíveis fósseis para energias limpas e acessíveis. E devemos apoiar os grupos vulneráveis à transição”, indica, referindo-se, por exemplo, a ajudar os que trabalham em minas de carvão.

Por fim, os investimentos públicos e privados devem triplicar e chegar a, pelo menos, US$ 4 trilhões ao ano.

Guterres lembrou que, hoje, a maioria dos investimentos em energias renováveis está no mundo desenvolvido. “O preço das energias renováveis pode ser sete vezes maior nos países em desenvolvimento.”

Os bancos multilaterais de desenvolvimento “devem desempenhar seu papel investindo maciçamente em infraestrutura de energia renovável, assumindo mais riscos e alavancando o financiamento privado”.

Os países industrializados, seguiu, devem trabalhar com agências de crédito para ampliar os investimentos verdes em países em desenvolvimento.

Guterres citou ainda as parcerias que estão sendo formadas para ajudar na transição energética do Vietnã, Indonésia e África do Sul.

“Essas iniciativas são um passo fundamental. Mas temos que ir mais rápido e mais longe”, disse Guterres.

Fonte: Valor Econômico

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