O potencial de Manaus como centro de inovação e sustentabilidade em tempos de IA

Por Edson Toffoli (*)

A capital do Amazonas vem se consolidando como um polo estratégico de inovação e desenvolvimento sustentável na região e no Brasil. Com uma localização privilegiada na Floresta Amazônica e uma biodiversidade incomparável, Manaus tem impulsionado negócios em diversos setores como o da tecnologia de hardware.

A região alinha benefícios fiscais, geração de empregos, produção de alta tecnologia e, o mais importante, o respeito à floresta. As empresas que fazem dessa área são referência nacional. Falamos dessa potência local como um exemplo vivo que somos. Nas duas unidades fabris da Positivo Tecnologia instaladas na capital amazonense, fabricamos notebooks, servidores, smartphones, tablets e máquinas de pagamento inteligentes, itens essenciais para estudantes, profissionais, empreendedores, grandes empresas, escolas e instituições públicas. Além de produzir essas tecnologias, também temos a oportunidade de investir em inovação, capacitação local e inclusão. Em um cenário em que tipicamente se constata concentração produtiva em outras regiões do Brasil, descentralizar a indústria e a produção de tecnologia é um ato de equilíbrio social.

O Polo Industrial da Amazônia emprega, de maneira direta, mais de 110 mil pessoas, de acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Movimenta uma cadeia produtiva que beneficia indiretamente mais de meio milhão de brasileiros. Em 2024, o faturamento da Zona Franca de Manaus registrou faturamento recorde de R$ 204 bilhões, o que supera o valor de R$ 175,83 bilhões em 2023. Os setores de eletroeletrônicos, informática e bens duráveis foram alguns dos destaques. Esses números revelam que um polo que além de fabricar, é capaz de inovar, distribuir renda e formar talentos.

A Zona Franca é um verdadeiro ecossistema vivo que vai muito além das facilidades fiscais. Os notebooks e todos os outros produtos fabricados na região são distribuídos em larga escala por todo o país. As maquininhas de pagamento, por exemplo, dispõem de tecnologia 100% nacional. A partir de Manaus, promovem o empreendedorismo em todo o país, o que contribui diretamente para o crescimento e ascensão social de milhões de negócios de famílias brasileiras. Realidade que nos gera um questionamento: o que as cidades como Petrolina, em Pernambuco, Ijuí, no Rio Grande do Sul, e Poconé, no Mato Grosso têm em comum? Em todas essas localidades situadas em pontos opostos no território nacional há produtos fabricados pela Positivo Tecnologia, em Manaus. Nesses municípios e em todos os outros mais de 5 mil que existem no Brasil.

Em nosso modelo fabril utilizamos inteligência artificial para automatizar a produção e torná-las mais eficientes. Dentre alguns exemplos estão: prevenção de falhas, proposição de ações de correção e melhorias mais prováveis, além de identificação ativa de variações no ritmo de produção. Esse modelo de fabricação só é possível graças ao equilíbrio que a região no meio da floresta amazônica e dentro de uma das maiores capitais proporciona: incentivo à produção com contrapartidas em inovação, além de pesquisa e desenvolvimento regional. Mantemos parcerias com instituições locais como o Instituto Paulo Feitosa (IPF) e investimentos na qualificação da mão de obra para gerar oportunidades onde, muitas vezes, o acesso à indústria de ponta seria limitado.

Manaus é um motor do crescimento da Positivo Tecnologia. Com o apoio dos mais de 1,3 mil funcionários que aqui atuam, produzimos cerca de 100 mil dispositivos e 200 mil placas-mãe por mês. Além dos equipamentos que hoje impactam o dia a dia dos brasileiros, seja no trabalho, nos estudos ou no lazer, na Zona Franca, industrializamos servidores para um dos maiores supercomputadores do mundo, o Pégaso, utilizado pela Petrobras para obter melhores imagens da subsuperfície na exploração e produção tanto do petróleo quanto de gás natural. É mais um ganho da região para a economia nacional.

Manaus também fomenta a inovação. Negócios são estimulados por toda a região por meio do nosso Corporate Venture Capital (CVC) e startups que fazem parte deste programa. Temos, ainda, um hub de inovação criado para fomentar startups que queiram alavancar cadeias produtivas na Amazônia Ocidental. E a inovação reflete, também, em soluções sustentáveis. Fruto dessa ação está o desenvolvimento de um bioplástico, utilizado na embalagem de notebooks, que ajuda a reduzir a quantidade de plástico produzido. Com responsabilidade ambiental, juntos, reduzimos a pressão econômica sobre a Floresta Amazônica e oferecemos alternativas reais de renda à população da região. Não basta cercar a floresta para preservá-la. É preciso fomentar ações concretas para torná-la economicamente viável para as pessoas que aqui vivem.

E o impacto também chega às comunidades ribeirinhas. Com uma parceria com o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT), pudemos contribuir para levar robótica educacional e formação tecnológica a escolas urbanas, ribeirinhas e indígenas. Já por meio de uma aliança com a FAS (Fundação Amazônia Sustentável), melhoramos a renda de pescadores ao aplicar tecnologias na rastreabilidade de peixes pirarucu. A inovação permitiu aprimorar o gerenciamento do manejo e a comercialização do pescado.

Por isso, a nossa aspiração é de que esse modelo de produção seja cada vez mais ampliado e que outras grandes empresas possam viver a floresta da forma como ela merece: de maneira limpa, amiga, aliada e responsável, sem deixar de lado a importância que a Amazônia tem para conquistarmos o país que sempre sonhamos. O Brasil precisa de mais polos como Manaus, capazes de unir desenvolvimento regional, respeito ambiental e inclusão digital em plena harmonia.

Temos orgulho de ser uma empresa 100% brasileira, que nasceu em uma sala de aula e hoje é referência em tecnologia. Por isso, sempre defendemos que a tecnologia que utilizamos pode, sim, ser feita no Brasil. E Manaus prova isso todos os dias, com trabalhadores dedicados que transformam a região mais verde do país em um local mais moderno e tecnológico. Defender a Zona Franca é defender um Brasil mais justo, mais equilibrado e mais preparado para os desafios da era moderna. Um país mais acolhedor, inovador e humano.

(*) é diretor Industrial da Positivo Tecnologia

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