Invasão corinthiana, 45 anos: algum dia veremos algo parecido no futebol?

Foto: Central do Timão

Há exatos 45 anos, em 5 de dezembro de 1976, mais de 140 mil torcedores estiveram no Maracanã para o jogo da semifinal do Campeonato Brasileiro daquele ano, entre Fluminense e Corinthians, que ao final contou com vitória alvinegra nos pênaltis, após empate em 1 a 1 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação.

A “Máquina Tricolor”, comandada pelo técnico Mário Travaglini, era a favorita no confronto diante de um time que amargava 22 anos sem conquistar um título, o Corinthians, dirigido por Duque.

O elenco do Fluminense contava com o ex-corinthiano Rivellino como sua principal estrela, mas outros nomes davam peso ao grupo, como Carlos Alberto Torres, Carlos Alberto Pintinho, “Búfalo” Gil, Doval e Dirceu, entre outros.

Pelo lado corinthiano, muito mais abnegação do que talento individual. Ainda assim, Neca, Wladimir e Zé Maria figuravam como aqueles em que a torcida alvinegra mais depositava seus votos de confiança.

MUITA CHUVA E MAIS CORINTHIANOS EM PLENO MARACANÃ…

Havia um componente que poderia prejudicar o técnico e badalado time do Fluminense: a chuva. E foi exatamente ela, impiedosa, que acabou por reduzir a diferença entre as duas equipes.

Além disso, um outro que acabou marcando na história do futebol brasileiro: a presença de mais torcida do Corinthians do que do próprio Fluminense naquela disputa em confronto único.

FLU SAI NA FRENTE, MAS O TIMÃO BUSCA O EMPATE

Aos 18 minutos do primeiro tempo, apesar do gramado pesado, o Flu conseguiu impor sua melhor técnica para abrir o placar. Gil, o “Búfalo Gil”, ponta direita de grande velocidade, cruzou para Carlos Alberto Pintinho. O habilidoso meio tocou de pé direito, da entrada da pequena área, sem chance para o goleiro Tobias.

Onze minutos depois Vaguinho cobrou escanteio pela esquerda. O quarto-zagueiro Zé Eduardo escorou de cabeça e, no meio do caminho, na pequena área, Russo fez de meia bicicleta o gol de empate corinthiano. Beijinhos para a torcida, a marca registrada do saudoso volante corinthiano, que naquele dia jogava com a camisa 10, que por tanto tempo havia sido de Rivellino.

Russo, no centro da foto, manda beijos para a torcida, entre Zé Eduardo e Zé Maria, comemorando o gol de empate do Corinthians diante do Fluminense – Foto: Reprodução

PRORROGAÇÃO E PÊNALTIS

Com o empate no tempo normal, o jogo foi para a prorrogação. Exceto por uma chance desperdiçada por Doval, as equipes pouco criaram, e nas cobranças de pênaltis a vitória foi do Corinthians, por 4 a 1, que converteu com Neca, Russo, Moisés e Zé Maria. Doval marcou o único gol do time das Laranjeiras. Tobias, o goleiro corinthiano, acabou como o grande nome daquela decisão, defendendo as cobranças de Rodrigues Neto e Carlos Alberto Torres.

A OUTRA SEMIFINAL

Naquele mesmo 5 de dezembro de 1976, no Beira-Rio, o Internacional derrotou o Atlético-MG por 2 a 1. O Galo saiu na frente com Vantuir, na primeira etapa. No segundo tempo, dois belos gols: Batista, de fora da área, acertou o ângulo esquerdo do goleiro Ortiz. Depois, o antológico tento marcado por Falcão, após tabelinha pelo alto, entre Dario, Escurinho e Falcão.

NA DECISÃO, DEU INTER…

Classificados, Internacional e Corinthians foram para um único jogo decisivo pelo título do Brasileiro de 76, e a equipe gaúcha venceu com gols de Dario e Valdomiro, no Beira-Rio, em 12 de dezembro, garantindo o bicampeonato consecutivo para o Colorado.

Tobias, herói da decisão em pênaltis há 45 anos. Na imagem, o ex-goleiro corinthiano na inauguração da Arena Corinthians, em 10 de maio de 2014 – Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal TT

ABAIXO, MELHORES MOMENTOS DA SEMIFINAL DO BRASILEIRÃO DE 1976 ENTRE FLUMINENSE X CORINTHIANS (NARRAÇÃO DE WALTER ABRAHÃO E REPORTAGENS DE ELI COIMBRA E JOSÉ REZENDE, PELA TV CULTURA-SP):

FICHA TÉCNICA DA PARTIDA

Fluminense 1 x 1 Corinthians (tempo normal e 0 a 0 na prorrogação) e

Fluminense 1 x 4 Corinthians (nos pênaltis).

Estádio: Mário Filho (Maracanã)

Público: 146.043

Árbitro: Saul Mendes (Bahia)

Fluminense:

Renato, Rubens Galaxe, Carlos Alberto Torres, Edinho e Rodrigues Neto. Cléber (Erivelto), Carlos Alberto Pintinho e Rivellino. Gil, Doval e Dirceu. Técnico: Mário Travaglini.

Corinthians:

Tobias, Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir. Givanildo (Basílio), Neca e Russo. Vaguinho, Geraldão (Lance) e Romeu. Técnico: Duque.

Autógrafos de Russo (que grafava seu nome com dois ss) e Tobias, de 14 de janeiro de 1975. Arquivo pessoal de Marcos Júnior Micheletti

Coluna Milton Neves Portal UOL.com

 

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