Estudo investiga fenômeno atmosférico 100 vezes mais potente que o relâmpago

Em um novo estudo publicado no dia 3 de agosto na revista Science Advances, pesquisadores descobriram novas informações sobre um fenômeno atmosférico conhecido como “jato gigante”. O evento pode carregar uma carga elétrica até 100 vezes maior do que a de um relâmpago de tempestade.

Essa quantidade de carga foi observada sendo descarregada em uma tempestade no estado norte-americano do Oklahoma, em 14 de maio de 2018. A descarga elétrica subiu a mais de 80 km de altura no espaço, durante o “jato gigante” mais poderoso estudado até agora.

O jato moveu cerca de 300 C (coulombs) de carga elétrica para a ionosfera, sendo que cada C equivale à carga elétrica transportada em 1 segundo por uma corrente de 1 ampere. Em comparação, os relâmpagos normais carregam uma quantidade bem menor de carga: menos de 5 C entre uma nuvem e o solo, ou dentro das nuvens.

Utilizando dados de alta qualidade, os autores da pesquisa mapearam o fenômeno em 3D, segundo conta Levi Boggs, pesquisador do Georgia Tech Research Institute (GTRI) e autor correspondente do artigo. “Conseguimos ver fontes de frequência muito alta (da sigla em inglês VHF, ou Very High Frequency) acima do topo da nuvem, o que não havia sido visto antes com esse nível de detalhe”, afirma Boggs, em comunicado.

A descarga ascendente do “jato gigante” incluiu plasma de aproximadamente 204 ºC, além de estruturas “líderes”, que são muito mais quentes e chegam a 2,2 mil ºC. De acordo com o pesquisador, com as informações de satélite e radar foi possível aprender onde estava essa porção “líder” em uma das nuvens.

Os misteriosos “jatos gigantes” foram observados nas últimas duas décadas, mas não há um sistema de observação específico para procurá-los, então as detecções têm sido raras. Boggs soube do evento de Oklahoma por um colega, que lhe contou que um cidadão-cientista fotografou o acontecimento.

O especialista e sua equipe analisaram a ocorrência com dados de dois locais de radar meteorológico próximos e da rede de satélites ambientais operacionais geoestacionários (GOES) da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA). A conclusao foi que a propagação dos jatos começa pelo topo das nuvens.

“Eles se propagam até a ionosfera inferior a uma altitude de 80 a 96 km, fazendo uma conexão elétrica direta entre o topo da nuvem e a ionosfera inferior, que é a borda inferior do espaço”, explica Boggs.

A conexão então transfere milhares de amperes de corrente em cerca de um segundo. À medida que a descarga em Oklahoma subia do topo da nuvem, fontes de rádio VHF foram detectadas em altitudes de 22 a 45 quilômetros, enquanto as emissões dos “líderes” de raios ficaram no topo das nuvens a uma altitude 15 a 28 km.

Segundo os pesquisadores, é possível que os “jatos gigantescos” lancem suas cargas até o espaço, porque algo pode estar bloqueando o fluxo de carga para baixo. “Há um acúmulo de carga negativa, e então pensamos que as condições no topo da tempestade enfraquecem a camada de carga superior, que geralmente é positiva”, explica Boggs.

Estima-se que no mundo os “jatos gigantes ocorram de mil a 50 mil vezes ao ano, mas há maior frequência em regiões tropicais  — embora o jato de Oklahoma não fizesse parte de sistema de tempestade tropical. As ocorrências, contudo, ainda geram muitas dúvidas e os jatos podem afetar a operação de satélites em órbita baixa, além de radares que refletem ondas de rádio na ionosfera.

Fonte: Site Galileu

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