Enquanto Facebook vive crise, TikTok amadurece modelo de negócio e bate 1 bilhão de usuários

App chinês vai se tornando uma ameaça real em terreno dominado pelos gigantes Facebook e Google

No momento, o Facebook parece ter preocupações o suficiente, com uma interrupção de quase seis horas no serviço de suas plataformas (Facebook, Messenger, Instagram e WhatsApp) nesta segunda-feira (4/10) e o depoimento no Senado americano da ex-funcionária que expôs práticas questionáveis da rede social, nesta terça-feira (5/10).

Mas, há uma outra questão no horizonte: enquanto o império de Mark Zuckerberg atravessa mares revoltos, um concorrente vem crescendo com relativa tranquilidade: o TikTok já alcança um bilhão de pessoas, um terço da audiência de todos os produtos Facebook juntos, e segue crescendo.

A rede social conseguiu o feito de fazer o Facebook parecer ultrapassado, e hoje a plataforma de vídeos rápidos, uma criação chinesa que começou com jovens e crianças fazendo “dancinhas” na frente do celular, é o que se pode chamar de estado da arte no que diz respeito a experiência do usuário e marketing de conteúdo e produtos em redes sociais no mundo.

Era uma vez uma rede social baseada em vídeos… E não era o TikTok

Outras redes “jovens” já ameaçaram o domínio de Facebook e Google antes. O Snapchat crescia rapidamente em 2013, quando tinha 25 milhões de usuários ativos diariamente, chegando a receber ofertas de Facebook e Google para a aquisição da plataforma.

Três anos e 153 milhões de usuários diários no Snapchat depois, o Facebook lançou o Instagram Stories. Isso desacelerou o crescimento do rival, que foi crescendo menos e neste ano reportou uma média de 500 milhões de usuários mensais.

A dupla Face-Google fez um movimento parecido contra o TikTok, mas o efeito não foi o mesmo. O Facebook lançou o Instagram Reels, seu “clone do TikTok”, em agosto de 2020, mas o efeito no crescimento do TikTok foi muito menos perceptível do que o impacto anterior sobre o Snapchat.

Isso apesar do Snapchat e do YouTube terem lançado produtos semelhantes ao TikTok também. Na verdade, a base de usuários do TikTok cresceu aproximadamente 43% desde que seus concorrentes começaram a lançar “cópias”.

“O fato de o crescimento do usuário do TikTok não estar diminuindo indica que não é apenas o formato que torna o aplicativo tão intrigante, mas sua capacidade de fornecer o conteúdo certo aos usuários no momento certo. É o algoritmo. E o algoritmo é algo muito mais difícil para outra empresa copiar do que apenas usar os mesmos formatos de vídeo e mensagens sociais”, avalia Adam Levy, jornalista especializado em tecnologia, em análise para o site The Motley Fool.

Além do algoritmo, TikTok tem linguagem própria

Outra força do TikTok está na própria linguagem da rede social, associada a diversão e tendências, sem a pecha de desinformação e discurso de ódio que assombra Facebook, Twitter e YouTube.

Apesar de vários defeitos, ou “perigos” apontados, como o desafio da caixa de leite, que mobilizou entidades de saúde americanas devido ao risco de contusões graves, ou ainda “modinhas” que incentivam vandalizar banheiros públicos, e até mesmo apologia ao cigarro eletrônico, a rede social fala com os jovens como nenhuma outra no momento.

Enquanto as plataformas “tradicionais” estão empenhadas em combater as fake news, e prestando contas repetidamente ao poder público, o TikTok Brasil está focado na campanha “nostalgia #2000”, reunindo nomes como Supla e Kelly Key, além de invocar a estética da época com músicas e produtos eletrônicos a serem compartilhados pelos usuários.

“​​Nos últimos anos, vimos tendências e cultura ganharem vida por meio da comunidade TikTok. Nos sentimos inspirados e honrados em ver mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo vindo ao TikTok todos os meses para se entreter, inspirar ou descobrir algo novo”, pontua comunicado da rede social sobre “a próxima era do marketing”.

Uma rede social de influenciadores a serviço das marcas

O TikTok já mostra potencial com monetização de conteúdo, e lançou novas ferramentas de criação, colaboração e medição para anunciantes em setembro, focado no comércio social (o e-commerce nas redes sociais).

No Reino Unido e nos Estados Unidos (EUA), o TikTok já retém seus usuários por mais tempo na rede social do que o YouTube, apontou a consultoria App Annie em setembro, em análise sobre celulares com o sistema Android. Antes, a mesma empresa apontou o TikTok como aplicativo mais baixado de 2020.

Em maio, o usuário médio passava 24,5 horas por mês no TikTok nos EUA e quase 26 horas mensais no Reino Unido. O levantamento deixou de fora a China, um mercado importante, imenso, onde o TikTok (lá chamado Douyin) é um dos principais aplicativos.

A criação do TikTok World, plataforma dedicada a marcas interessadas em exibir conteúdo na rede social, o TikTok dá mais um passo rumo ao crescimento acompanhado de cifras.

“Quando as marcas ingressam no TikTok, dizemos a elas que pensem como profissionais de marketing e ajam como criadores. 61% dos nossos usuários dizem que os vídeos no TikTok são mais exclusivos que em qualquer outra plataforma e 7 em cada 10 dizem que os anúncios do TikTok são agradáveis”, afirma a empresa.

Colocando seus criadores (influencers mais populares) a serviço das marcas, o TikTok vai se colocando como curador de conteúdo e ganhando com todos — marcas e seu próprio casting de pessoas geradoras de conteúdo que buscam exposição.

Foi o que fez a Marc Jacobs, que usou a plataforma para uma campanha do perfume Perfect. O desafio #PerfectAsIAm foi estrelado pelo ator e estrela da internet Rickey Thompson. A comunidade foi desafiada a criar um dueto lado a lado com o vídeo de Ricky.

Segundo o TikTok, em março de 2021, o #PerfectAsIAm acumulava 10,1 bilhões de visualizações de vídeo em todo o mundo. Um estudo de Brand Lift revelou que a campanha atraiu grandes mudanças tanto no reconhecimento quanto no recall do anúncio.

Fonte: https://mediatalks.uol.com.br/2021/10/05/enquanto-facebook-vive-crise-tiktok-ganha-terreno-e-bate-1-bilhao-de-usuarios/

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