Dólar tem 4ª alta e chega a R$ 5,694, maior valor em 8 meses; Bolsa cai

Foto: Amanda Perobelli | Reuters

O dólar emendou hoje sua quarta alta consecutiva, esta de 0,35%, e terminou a terça-feira (14/12) vendido a R$ 5,694. É o maior valor de fechamento em pouco mais de oito meses, desde 13 de abril, quando a moeda americana alcançou os R$ 5,718.

Já o Ibovespa – principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) – fechou o dia em queda de 0,58%, aos 106.759,92 pontos, chegando a sua segunda sessão seguida de perdas.

Só em dezembro, o dólar acumula ganhos de 1,03% frente ao real, enquanto o Ibovespa registra alta de 4,75%. No ano, a situação também é positiva para a moeda, que subiu 9,73%, mas negativa para o indicador, que despencou 10,3%.

Ata do Copom

O movimento do mercado hoje refletiu a divulgação da ata da reunião de semana passada do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, ocasião em que foi anunciada uma nova alta nos juros básicos da economia (Selic), agora em 9,25% ao ano. No documento, o BC afirmou ter considerado um aumento ainda maior na Selic, o que surpreendeu investidores.

“Ninguém nos mercados discutia ajustes maiores [que 1,5 ponto percentual], e sim menores”, comentou à Reuters Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, citando preocupações do mercado com o impacto do atual ciclo de altas nos juros na atividade econômica do Brasil, que já tem dado sinais de vacilo.

Juros mais altos no Brasil são, em tese, benéficos para o real, uma vez que aumentam a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo mais investidores. Mas as incertezas fiscais, aliadas à proximidade das eleições de 2022, têm impedido uma recuperação da moeda brasileira frente à americana.

Brasil “mau pagador”

Paralelamente, contribuindo para a queda do Ibovespa, esteve a manutenção da nota de crédito soberano do Brasil em moeda estrangeira em “BB-“, com perspectiva negativa, pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. A nota “BB-” significa que o Brasil não tem grau de investimento, ou seja, sem selo de “bom pagador”. (Entenda no infográfico abaixo).

O país segue três degraus abaixo do mínimo para ser considerado grau de investimento (“BBB-“), atrás de pares emergentes como México (“BBB-“), Chile (“A-“), Colômbia (“BB+”) e Índia (“BBB-“), e no mesmo patamar que África do Sul.

“Incertezas fiscais, elevada inflação e volatilidade do real vão pesar sobre a economia em 2022 e aumentar o risco de uma recessão total, enquanto os custos de empréstimos soberanos mais altos, juntamente com um déficit primário mais elevado, levarão a uma deterioração renovada das finanças públicas em 2022”, disse a Fitch em comunicado.

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