Desertos “respiram” vapor d’água, afirma estudo

Foto: Divulgação

Que as dunas do deserto estão em constante transformação já é sabido, mas uma pesquisa recém publicada no Journal of Geophysical Research-Earth Surface mostra que os desertos não só se movem, mas “respiram” vapor d’água. Isso porque as descobertas feitas em um novo estudo mostram, pela primeira vez, como o vapor d’água penetra em pós e grãos.

Pesquisas anteriores já sugeriam que esse tipo de infiltração existia nas dunas de areia, mas ninguém havia conseguido provar isso até agora. Foi graças a uma sonda criada pelo professor de engenharia mecânica e aeroespacial da Universidade de Cornell, Michel Louge, que foi possível identificar o quão porosa é a areia e como uma pequena quantidade de ar passa por ela.

“O vento flui sobre a duna e, como resultado, cria desequilíbrios na pressão local, o que literalmente força o ar a entrar e sair da areia. Então, a areia está respirando, como um organismo respira”, explica Louge. Segundo ele, essa “respiração” é o que permite que os micróbios persistam nas profundezas das dunas de areia hiperáridas, apesar da alta temperatura.

O pesquisador, junto com outros colaboradores e cientistas, também determinou que as superfícies do deserto trocam menos umidade com a atmosfera do que o esperado e que a evaporação da água de grãos de areia individuais se comporta como uma reação química lenta.

A maior parte dos dados coletados nesta pesquisa foram levantados em 2011, o que signifca que foi preciso mais uma década para a equipe entender algumas das descobertas e identificar, por exemplo, distúrbios no nível da superfície que forçam ondas de umidade  evanescentes, ou não lineares, a se propagarem por baixo das dunas muito rapidamente.

Para o futuro, os pesquisadores antecipam que a sonda, que usa vários sensores para registrar tudo, desde a concentração sólida até a velocidade e o conteúdo de água e tem uma resolução espacial sem precedentes, terá várias aplicações. Segundo eles, o equipamento pode apoiar desde estudos de como os solos absorvem ou drenam água na agricultura até calibrar observações de satélite sobre desertos e explorar ambientes extraterrestres, que podem conter vestígios de água.

Em comunicado para imprensa, no entanto, é colocado que a aplicação mais imediata provavelmente será  a detecção de contaminação por umidade em produtos farmacêuticos. A pesquisa foi apoiada pela Fundação Qatar.

Fonte: Site Galileu

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