Corrida de rua inclusiva cresce em Manaus, atrai adeptos e ajuda na saúde e interação social

Foto: Divulgação

Com percursos de curta, média e longa distância, que testam a velocidade e a resistência de competidores, o que não faltam são opções de corrida de rua em Manaus. Uma boa notícia é que boa parte delas tem a preocupação de ser inclusiva, abrindo oportunidade para que as pessoas com deficiência possam mostrar seu potencial na modalidade.

E os adeptos têm aumentado cada vez mais. Um deles é o paratleta Francisco Gama, de 50 anos. Paraplégico há 16 anos, após sofrer um acidente de trânsito, ele diz que, há seis anos, a corrida passou a fazer parte do seu dia a dia, por meio do Grupo Jungle Runners, do qual participa.

Recentemente, Gama participou da Corrida da Água, organizada pelo Centro de Ensino Literatus. “Foi muito desafiador, porque durante o percurso há várias ladeiras, mas ainda assim conquistei um bom tempo e fiquei em quarto lugar”, revela o paratleta.

Ele destaca que é muito importante o crescimento da oferta de corridas inclusivas na cidade, pois abre oportunidade para que mais pessoas com deficiência possam mostrar seu potencial e talento na modalidade.

Quem também tomou gosto pela corrida foi Maria Vitória Gomes de Souza, de 13 anos. A paratleta, que possui paralisia cerebral, há seis anos se tornou adepta da modalidade, ao lado da sua mãe, a autônoma Lucélia Diogo Gomes.

“Eu costumava competir sozinha, até ter o convite para participar do Grupo Jungle Runners”, revela a mãe da Maria Vitória, que investe diariamente no treino de resistência e força, para empurrar a filha na cadeira de rodas. “É uma sensação ótima ver o sorriso dela no meio das pessoas. Na chegada, é melhor ainda. Dá um sentimento de dever cumprido”, disse Lucélia Gomes, que desde 2018 participa da Corrida da Água.

Estreante na competição, Elidio Rafael Arcanjo da Silva, de 24 anos, começou a correr em 2020 e não parou mais. “A Corrida da Água foi a décima prova que ele participou e foi a que mais gostei pela inclusão promovida”, disse a enfermeira Marcelia Arcanjo Tavares, mãe do paratleta, que possui Síndrome de Down.

Quando iniciou na modalidade, ela conta que a ideia era que Elidio interagisse mais com as pessoas e que praticasse um esporte. No entanto, a corrida se tornou uma aliada da saúde do paratleta, que já emagreceu sete quilos, conforme relata.

Não é à toa que ele passou a se preparar diariamente para as provas, por meio de treinos que incluem desde caminhadas e natação, até aulas no Centro de Referência Paralímpico do Amazonas.

Segundo o fundador e idealizador do Jungle Runners, Alan Dangelo Pinheiro, cerca de cem pessoas com deficiência fazem parte do projeto do grupo de corrida. A ideia de abraçar a causa surgiu quando participava do Programa de Atividades Motoras para Deficientes (Proamde), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

“Resolvi levar essa ideia para a corrida de rua e fazê-los sentir o que o esporte promove: a sensação de liberdade, autoestima e proporciona um espaço para todos, uma democracia”, enfatiza Pinheiro, que também é presidente da Associação de Deficientes e Amigos Jungle Runners.

DNA da competição

A inclusão social faz parte do DNA da Corrida da Água, em todas as sete edições da competição. A mais recente, foi realizada no último domingo do mês de junho. O evento contou com uma megaestrutura para receber cerca de 2.000 atletas, que comemoraram a volta da competição, após dois anos sem ser realizada, por causa da pandemia de Covid-19.

A mantenedora do Literatus, Elaine Saldanha, destaca que é gratificante saber que a Corrida da Água faz parte da trajetória de muitos atletas e paratletas amadores e profissionais.  “Nossa intenção é inspirá-los a acreditar nos seus sonhos e potenciais. Esporte é um agente transformador e sua prática traz aprendizados de cidadania, disciplina, educação e saúde”, avalia a mantenedora da instituição.

Por Olívia Almeida | Três Comunicação e Marketing

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