Por Kellen Severo (*)
Em junho, a Anvisa surpreendeu o agronegócio ao suspender cautelarmente o defensivo agrícola carbenzadim, um dos mais utilizados em lavouras do Brasil. A medida proíbe a importação, produção, distribuição e comercialização do produto até que a reavaliação da substância seja concluída. Em agosto, sairá a decisão sobre o banimento ou não do agroquímico. A reavaliação avalia o perfil de segurança dos produtos. Atualmente, no Brasil, 24 empresas trabalham com o carbendazim, segundo dados do Ministério da Agricultura. São mais de 42 produtos formulados e 33 técnicos à base da substância.
A suspensão do ingrediente ativo carbendazim poderá trazer impactos severos ao bolso do agricultor e pressionar até a inflação dos alimentos, projeta a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Isso porque o fungicida é utilizado em culturas como soja, milho, trigo, feijão e algodão. Para algumas delas, os produtos substitutos disponíveis no mercado podem custar até 400% a mais. A alta no custo de produção poderá encarecer alimentos da cesta básica para o consumidor brasileiro, via itens como o feijão, por exemplo. Neste momento, a Anvisa realiza uma consulta pública sobre o tema, e até 8 de agosto deverá sair a decisão final sobre a proibição permanente ou não do carbendazim. Regulações como essa costumam ter impactos importantes na cadeia agro e precisam ser monitoradas.
(*) Jornalista especializada em economia e agronegócio. É apresentadora do quadro ‘A Hora H do Agro’, veiculado às segundas, quartas e sextas, no Jornal da Manhã.