Agressividade e reatividade em cães, há diferença? Veterinária explica

Especialista destaca alguns comportamentos caninos e explica como aprimorar as reações dos companheiros de quatro patas

Dores físicas e variações hormonais podem gerar reações agressivas nos pets – Foto: Isabel Vittrup-Pallier/Unsplash

Compreender os segredos do comportamento dos animais de estimação é fundamental para uma convivência harmoniosa e o alicerce que ajuda a fortalecer os vínculos entre pet e tutor. Explorar a personalidade dos cães, especialmente quando se trata de lidar com agressividade e reatividade, é importante para garantir o bem-estar dos animais e de toda a família.

A veterinária comportamental Marina Meireles explica que, na verdade, não há uma grande diferença entre os dois termos. Sendo a reatividade uma reação exacerbada a estímulos que normalmente o animal não reagiria, e a agressividade é uma dessas reações, que pode começar como um simples desconforto e escalar para uma reação mais agressiva.

Marina afirma que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, a agressividade em um cão não é apenas morder e demonstra seus efeitos muito antes de uma mordida de fato.

“Esses comportamentos podem surgir por diversas razões e compreender seus gatilhos é o que nos permite abordar as questões de maneira resolutiva”, diz a especialista do Nouvet.

Marina aponta que medo, estresse, dor ou mesmo a falta de socialização adequada podem desencadear esse tipo de comportamento em cães.

Observar sinais de alerta, como rosnados, postura corporal tensa, orelhas abaixadas, latidos excessivos, pulos ou tentativas de fuga, ajuda a compreender as razões por trás desse comportamento. Entender as situações que desencadeiam essas reações permite criar um plano para encontrar soluções e criar um ambiente mais seguro e confortável ao pet, reduzindo o risco de incidentes.

Border Collie é a raça mais inteligente do mundo, de acordo com ranking do livro
Border Collie é a raça mais inteligente do mundo, de acordo com ranking do livro “A Inteligência dos Cães” – Foto: Anna Dudkova/Unsplash

Ela reforça que lidar com reações agressivas demanda paciência e muita observação. É comum que tutores procurem ajuda profissional de adestradores para corrigirem certos tipos de comportamento, no entanto, um primeiro passo importante é levar o animal ao veterinário para ter um diagnóstico diferencial de alguma causa clínica. Muitas vezes esses comportamentos se devem a uma alteração clínica, podendo ser dor física ou alteração hormonal.

“Qualquer problema de saúde física pode causar alterações comportamentais. Algumas das causas clínicas mais comuns para comportamentos agressivos incluem dores ortopédicas (discoespondilite ou displasia coxofemoral), alterações gastrointestinais (doença inflamatória intestinal) ou doenças endócrinas (hiperadrenocorticismo)”, exemplifica.

“O período de puberdade leva a um aumento nos níveis dos  hormônios sexuais em machos e fêmeas, principalmente a testosterona, comumente associada a comportamentos agressivos. Portanto, podem ocorrer comportamentos reativos/agressivos nessa fase, de forma transitória, e que devem ser abordados e redirecionados de forma correta.”

No entanto, ela ressalta, “os comportamentos agressivos relacionados à variação hormonal ocorrem com mais intensidade no caso de doenças endócrinas, como o  hiperadrenocorticismo (aumento nos níveis de cortisol),  diabetes (aumento no apetite, causando irritabilidade), hipotireoidismo , entre outras”.

A intervenção especializada garante um ambiente seguro e harmonioso para o cão e seus cuidadores. Mas, além dele, criar um ambiente enriquecedor também apoia a estabilidade emocional dos pets. Isso envolve fornecer estímulos adequados, como brinquedos interativos, desafios cognitivos e atividades físicas que atendam às necessidades específicas de cada raça.

Marina lista alguns exemplos de enriquecimentos ambientais para cães: 

  • Disponibilizar itens de roer, como mordedores de nylon, orelha bovina desidratada, legumes e frutas crus com textura mais firme (ex: maçã, cenoura, pepino)
  • Brinquedos e itens que proporcionem o comportamento natural de forragear em busca de comida, como os tapetes de faro (ou “snuffle mats”)
  • Oferecer o alimento em brinquedos e comedouros interativos
  • Passeios em que o cão possa farejar bastante, se possível, em locais com grama/em meio à natureza

“Algumas raças foram geneticamente selecionadas para alguns propósitos, como Border Collies para pastoreio ou Dachshunds para caça. Por isso, podem ter maior aptidão para determinadas atividades. É importante que o tutor conheça o comportamento normal da raça do seu cão, de modo a satisfazer melhor suas necessidades comportamentais”, acrescenta a especialista.

O equilíbrio emocional dos pets depende, ainda, das oportunidades de socialização . A interação positiva com outros animais de estimação, pessoas e novos ambientes contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e a redução do estresse.

“Passeios regulares, encontros com outros animais e a participação em atividades sociais promovem o fortalecimento dos laços afetivos com seus cuidadores. Ao investir tempo e esforço na compreensão das necessidades individuais de cada pet, o tutor consegue construir vínculos mais profundos, criando uma relação saudável e harmoniosa com o seu melhor amigo”, finaliza.

Fonte: https://canaldopet.ig.com.br/guia-bichos/cachorros/2024-04-26/agressividade–reatividade–comportamento-canino.html

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