ACA, onde e como tudo começou…

“Uma história digna e atrelada ao desenvolvimento regional, capaz de pensar e agir simultaneamente aos interesses reais da cidadania e da economia. Uma lembrança de onde e como tudo começou e um  paradigma a adotar.”

Por Nelson Azevedo (*)

A imagem que nos traz a ACA, Associação Comercial do Amazonas, entidade matriarca na memória do desenvolvimento regional, é de uma admirável senhora, digna, alegre e comprometida com a Amazônia, há 152 anos. Uma trajetória que marca presença e reafirma sua referência como entidade de classe do setor produtivo, focada nas oportunidades e prosperidade regional. Felicitações solidárias e perenes à Associação Comercial do Amazonas, merecedora de aplausos e homenagens com todas as pompas e circunstâncias. Uma história digna e atrelada ao desenvolvimento regional, capaz de pensar e agir simultaneamente aos interesses reais da cidadania e da economia. Uma lembrança de onde e como tudo começou e um paradigma a adotar.

Ensaios do desenvolvimento

Vamos voltar aos anos de 1871, que precedem o início do Ciclo da Borracha. Era o ano zero de fundação da Associação Comercial do Amazonas. Havíamos rompido a submissão administrativa em relação ao Grão-Pará e Rio Negro, hoje, Estado do Pará, faziam apenas vinte anos, ou seja, a instalação da Província independente do Amazonas, em 1850, desfrutava sua autonomia com tão-somente 17.000 habitantes, remanescentes da Cabanagem, um movimento nativista que opôs indígenas, mestiços e mulatos à opressão da matriz colonial. Já ensaiávamos, então, os primeiros ensaios do desenvolvimento com a coleta da Borracha no sertão amazônico.

Abertura dos portos

Outro fator foi a abertura à navegação estrangeira do Rio Amazonas, que estimulava a navegação fluvial. Inicialmente, foi criada a Companhia de Navegação Paraense. Na sequência, entre os associados da ACA, surgiu o aguerrido empresário Alexandre Amorim, reconhecido posteriormente como comendador. Uma de suas primeiras metas foi realizada, partir de 1874, inaugurando sua primeira linha de navegação até a Europa. Depois, Irineu Evangelista, o Barão de Mauá, criou a Companhia de Navegação do Amazonas, integrando a economia regional ao resto do país.

Relação transparente e proveitosa

O dinamismo da entidade pode ser deduzido de um fato curioso: em 14 de dezembro de 1891 era criada, na própria sede da Associação Comercial, a Junta Comercial do Amazonas, administrada, então, por José Ferreira Freitas Pedroza. Naquele momento, o governador Thaumaturgo de Azevedo nomeou a Associação para estudar e propor a redução dos fretes da Red Cross Line, concessionária da navegação entre o Amazonas e a Europa. Relação transparente e proveitosa entre o setor privado e o poder público.

Infraestrutura de comunicação

Estes dois fatos, pinçados entre outros tantos, espelham a atuação da entidade como agente público. O que lhe custou o reconhecimento e a compensação financeira – por legislação ordinária – pela relevância dos serviços prestados. Em 10 de janeiro de 1899, para prover a infraestrutura de comunicação, no auge da economia da Borracha, a Associação instala na própria sede o telégrafo ligando-a ao mundo inteiro. A cotação mundial de câmbio, produtos e frete insere Manaus entre os mais importantes Centro urbanos de negócios do planeta.

Desenvolvimento regional

Visitar a história da ACA para revitalizar sua importância para o momento presente nos enche de vaidade e nos obriga a algumas reflexões. Uma delas é essa relação delicada e essencial entre os poderes. Quanto mais transparente e cuidadosamente delineada, mais ganhos serão assegurados ao interesse coletivo e ao pleno desenvolvimento regional. O contrário, costuma ser desastroso e nocivo ao cotidiano e aos legítimos interesses do tecido social.

Combativa, ética e colaborativa

Por isso essa reflexão em forma de homenagem à Associação Comercial do Amazonas, por sua memória e referência de dinamismo e promoção do desenvolvimento, gestão do comércio e agricultura, e fomento da Indústria do beneficiamento, entre outras tantas intervenções, entre as quais a de pacificadora na guerra entre seringueiros e brasileiros e peruanos no início do Século XX e coordenação do movimento voluntário e decisivo num dos maiores flagelos provocados pela grande Seca no estado do Ceará na virada da século XIX. Vida longa à Associação Comercial do Amazonas, por sua jornada combativa, ética e colaborativa no contexto do desenvolvimento e da prosperidade da Amazônia.

(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM, além de diretor da CNI.

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