A democracia falou

O triunfo de Trump, mais do que uma conquista pessoal dele, foi um sinal de que a maioria das pessoas como elas são, e não como as elites querem que sejam, pode fazer história

Donald Trump - Foto: Isac Nóbrega/PR

Por J. R. Guzzo (*)

A vitória de Donald Trump nas eleições para presidente dos Estados Unidos começou com uma mentira maciça dos seus adversários. Passou por uma tentativa de assassinato contra ele. Prosseguiu, até o último minuto, com o mais selvagem linchamento de um candidato, por parte da imprensa, das elites culturais e de um partido político que já se viu na história eleitoral americana. Seus eleitores foram chamados de “lixo” pelo presidente da República em pessoa. Sua candidatura foi chamada de “contrarrevolução”. Os grandes cérebros, celebridades e cientistas políticos do país repetem há quatro anos, com cólera cada vez mais agressiva, que Trump é um fascista-nazista cujo plano-mestre é instalar uma ditadura nos Estados Unidos.

Mas, como ensina George Orwell, um homem que seria essencial para ajudar o ser humano a pensar neste mundo psicótico de hoje: não importa quanto você negue a verdade, porque a verdade vai continuar existindo sem se importar com o que você diz. Raras vezes se negou tanto a verdade como na disputa ora encerrada pela Presidência dos Estados Unidos. As redações, os institutos de pesquisa e as universidades se transformaram em comitês eleitorais agressivos da candidata do Partido Democrata, Kamala Harris. Criaram uma realidade privada, segundo a qual os americanos acreditavam que Trump era um King Kong enlouquecido que iria destruir o seu país, e possivelmente o resto do mundo. Não ia, nem podia, ganhar. Não adiantou nada. A verdade, mais uma vez, continuou existindo o tempo todo.

Notícia publicada na Veja (6/11/2024) | Foto: Reprodução/Veja

Quando apareceu, mostrou que Trump tinha dado uma surra em Kamala — 292 votos eleitorais, que devem passar de 300, contra 224. Ficou também com maioria na Câmara e no Senado, mostrando que o povo queria não apenas Trump, mas também o seu pacote de propostas. Os democratas e Kamala construíram a ficção de que iriam ganhar a eleição para a Presidência da República apoiando o aborto. Pode? Obviamente deu errado, como deram errado as suas fantasias de que a imigração ilegal deveria ser discutida, e não proibida — ou que seria bom diminuir as verbas aplicadas na polícia. Foi a pique, sobretudo, a doutrina pela qual o pior problema dos Estados Unidos é o “racismo sistêmico”, ou a resistência a injetar hormônios em crianças para “ampliar a sua escolha” de sexo, ou outras miragens propostas por aquilo a que se reduziu a esquerda de hoje.

“Fizemos história esta noite”, disse Trump em seu discurso de vitória. “Superamos obstáculos que ninguém imaginava serem possíveis.” É isso mesmo. O triunfo de Trump, mais do que uma conquista pessoal dele, foi um sinal de que a maioria das pessoas como elas são, e não como as elites querem que sejam, pode fazer história. Após anos seguidos de transferência líquida de autoridade, de dinheiro e de poder para castas que nunca receberam um voto, mas mandam na máquina do Estado, o povo provou que pode, sim, inverter essa corrente essencialmente totalitária. São eles, ao exato contrário do que dizem, os verdadeiros fascistas — os que querem governar a sua vida por acharem que estão certos. São os indivíduos, quando podem votar com liberdade em eleições limpas, os defensores da liberdade, dos direitos civis e da democracia.

Isso é fazer história, ao vivo e em tempo real. A vitória de Trump foi a maior demonstração, nos dias em que vivemos hoje, de que o cidadão comum se cansa das decisões irracionais que a elite burocrática, financeira e intelectual soca o tempo todo em cima dele. É capaz, por causa disso, de demitir (“você está demitido”, dizia Trump nos tempos que fazia programas de auditório na televisão) quem o trata como um autômato à espera de instruções. Também está perfeitamente capacitado a colocar em suas cadeiras alguém que lhes pareça fazer mais sentido. O curso da história, então, é definido pela vontade da maioria — e não pelos grupinhos que nomearam a si próprios como os únicos que têm o direito de saber de tudo.

Os eleitores de Donald Trump, que venceu folgado não apenas nos votos eleitorais, mas também teve a maioria do voto popular, deram um grande “chega”. Chega dessa pretensão de dizerem o que você deve comer, quanto carbono está autorizado a gastar, o que pode dizer (e sobretudo o que não pode), em quem tem de votar. Chega de ouvir que você é “fascista” por não concordar com eles. Chega de dizerem dia e noite que você tem de pagar mais imposto, distribuir a renda do seu trabalho a quem mora na rua ou aceitar que lhe roubem até o limite de US$ 900. Chega de respeitar quem diz que você é racista pelo fato de nascer branco, ou machista por gostar de mulher bonita, ou nazista por querer que o crime seja punido.

Os americanos não são os primeiros a fazer isso. Já se fez o mesmo na Argentina pouco mais de um ano atrás, com a eleição de Javier Milei — que foi mundialmente acusado de ser um débil mental por colocar a liberdade como um ativo fundamental da humanidade. Já se andou na mesma direção aqui no Brasil, nas últimas eleições municipais — quando Lula e a extrema esquerda provavelmente levaram a pior surra de sua vida. Mas Estados Unidos é Estados Unidos. O Brasil é só isso o que nós somos na vida real. Lula, Janja e o ministro Haddad se levam terrivelmente a sério, só que não rola. Vivem dizendo que somos a “décima” maior economia do mundo, ou até a “nona”. É conversa de bobo.

O fato brutal é que o valor de mercado da Microsoft, só ela sozinha, é pelo menos 50% maior que o PIB brasileiro inteirinho. Isso sem falar na Apple ou na Nvidia, que vêm logo atrás, ou no Google ou na Amazon — cada uma delas vale um Brasil. A escolha livre de Trump para presidir essa casa de força, a maior do mundo, quer dizer que é o povo americano, e não um Comitê de Salvação Pública, quem de fato decide as coisas por lá. Ele mostrou que não quer mais o governo que a mídia, os gatos gordos das “agências reguladoras” ou as falanges da “mudança climática” impõem sem a sua aprovação. Não apenas não quer — está perfeitamente habilitado a colocar, e coloca, um governo oposto em seu lugar.

Trump prometeu uma nova “era de ouro” para os Estados Unidos, propôs recuperar o controle sobre as fronteiras de seu território e disse que vai governar “para todos” — coisas que dificilmente poderiam ser consideradas um manifesto nazista. É possível que seja assim. Também é possível que acabe não sendo. Mas a questão central não é saber se os planos de Trump, no caso de ele ter mesmo um plano, vão dar certo. Não é nem saber se ele vale ou não vale o que acham, ou não acham, que realmente vale. O mais importante nesta virada da história é que o povo da maior potência mundial provou que pode ser governado exatamente por quem ele, povo, quer — e não pelas ditaduras woke do “progressismo”, ou da simples força bruta.

É tudo que a China e a Rússia não têm — a superioridade moral de uma nação que escolhe os seus governantes pela vontade livre da maioria. Podem ser potências, mas são anãs morais. O sinal, alto e claro, que a escolha de Trump dá para o mundo é que as notícias sobre a morte da “democracia de estilo ocidental”, como Mark Twain disse sobre o anúncio de sua própria morte pelos jornais, eram largamente exageradas. Os Estados Unidos estão de volta — é essa a verdade dos fatos tais como eles podem ser observados à luz do sol. É óbvio que não vai virar uma ditadura “fascista”, como dizem a esquerda, a mídia mundial e os ases da ciência política. Vai voltar, isto sim, a ser a maior potência do mundo, e não por causa de Trump.

Ele soube representar, sem dúvida, a vontade da maioria dos americanos. Mas a estrela do filme foi o eleitor que colocou Trump de novo na Casa Branca. Não foram os comunicadores, os catedráticos de Harvard ou os bilhões de dólares de Kamala — mais do que o dobro do que Trump gastou. Não foram os movimentos Me Too, ou Black Lives Matter, ou coisas parecidas. Não foi o TSE nem as suas “missões cumpridas”, porque lá não há TSE e a única missão a ser cumprida pelos funcionários eleitorais é contar os votos. É este, exatamente, o tamanho do problema para os editoriais do jornal The New York Times e para a esquerda em geral. Não adianta nada dizer que Trump é um monstro que vai acabar com a democracia e destruir o mundo, porque quem decide é de novo a população — e a maior parte dela não acredita nem que ele vai acabar com a democracia nem que vai destruir o mundo, como não acredita que dois mais dois são sete. Essa gente não pode ser cancelada.

Pior para os “progressistas”: o que prometeram não vai acontecer. Não pode haver golpe de Estado num país que tem um Senado, uma Câmara e uma Suprema Corte de verdade, e não isso que o Brasil tem. As Forças Armadas, lá, não são uma empresa privada de segurança para quem manda no governo. Os 50 Estados são realmente Estados federados, que decidem como os seus cidadãos devem viver — e não essa palhaçada em que os governadores não podem nem ir ao banheiro sem licença do STF. A eleição de Trump lembra ao mundo que a regra é clara: o povo tolera os governos até onde quer. Pode eleger Joe Biden e a esquerda. Pode pôr ambos na rua e colocar Trump no seu lugar. Isso andava esquecido. Voltou a funcionar. É essa a segunda revolução americana.

As eleições nos Estados Unidos foram possivelmente o maior assalto da mentira contra os fatos que jamais se viu na história contemporânea. A notícia realmente crítica, aí, é que a mentira perdeu. A ofensiva começou com a proposição alucinada de que Joe Biden estava em pleno controle de seu equipamento mental, e que iria fazer um segundo governo de extraordinária qualidade. Entraram em pânico quando não deu mais para sustentar a farsa. Foi um conto de terror. Jogaram o seu gigante no meio da rua, sem nenhuma vergonha, e inventaram essa Kamala como candidata e heroína instantânea — não porque ela tivesse alguma competência para presidir os Estados Unidos, mas unicamente porque não queriam perder o direito legal de usar os US$ 200 milhões que já tinham no seu cofre eleitoral — e que iriam para o espaço se a candidata não fosse ela.

Essa mentira original levou a uma segunda — a de que Kamala era uma administradora de imensos talentos, quando até então vinha sendo uma nulidade terminal e comprovada. Seu maior feito como Autoridade Suprema da fronteira sul, encarregada de resolver o problema dos imigrantes ilegais (pessoas “não documentadas”, na linguagem obrigatória do mundo woke), foi fazer uma viagem de gala ao México e lançar ali um “apelo” para que as pessoas descontinuassem a entrada ilegal nos Estados Unidos. Não conseguiu articular nenhuma ideia sobre o que faria como presidente. Prometia “a mudança”, mas, quando foi perguntada que mudança pretendia fazer, disse que não lhe ocorria nada. É uma espécie de Dilma agitada que fala inglês — com a desvantagem de que ninguém entendia metade do que Dilma falava, não sendo possível, assim, saber se estava certa ou errada. A única coisa que deixou claro é que era a favor do aborto.

A partir daí foi Cuesta Abajo, como no tango de Gardel. Quase mataram Trump com um tiro na cabeça, mas a imprensa, que tentou inicialmente ocultar que tinha acontecido uma tentativa de assassinato, passou a campanha inteira sem tocar mais no assunto, na suposição de que falar a verdade seria dar conforto ao inimigo. Acusaram Trump de querer usar o Exército americano para matar seus opositores. Foi massacrado por denúncias de que era um extremista obcecado contra a imigração — quando ele sempre deixou claro que é contra a imigração ilegal, como acontece em qualquer país democrático. Disseram, com toda a seriedade, que ele iria começar a Terceira Guerra Mundial, destruir a economia global, promover a “crise climática” e socar bombas nucleares em cima de todo o planeta. Foi dito, e levado em severa consideração, que nunca mais sairia da Casa Branca se fosse eleito. No fim, nada disso serviu para nada.

É claro que há gente que lê ou vê essas coisas na imprensa e nos meios audiovisuais e acredita nelas, ou pensa em acreditar. O problema, para a esquerda, é que são cada vez menos. Como admitiu o proprietário de um dos grandes faróis do “progressismo”, o Washington Post, é evidente que cada vez mais leitores não acreditam no que o seu jornal escreve. É o mesmo, claro, no resto da mídia. Como poderia ser diferente? Uma quantidade crescente de pessoas vem trocando, há anos, os veículos de comunicação pela internet para se informar. O sistema, horrorizado, faz um colérico Tribunal de Inquisição para levar as redes sociais à fogueira — o X, hoje a maior central da liberdade de expressão no mundo, é um exemplo claro dessa perseguição.

Editor do Washington Post, William Lewis, disse que o jornal não apoiaria um candidato presidencial na eleição americana deste ano ou em eleições futuras (25/10/2024) | Foto: Reprodução/Washington Post

Mas a vitória de Trump deixou claros os limites dessa Guerra Santa na maior nação do mundo. É bastante simples. As redes são acusadas há anos, sistematicamente, de não servirem para informar. Espalham fake news. Divulgam “desinformação”. Podem divulgar fatos verdadeiros, mas tiram conclusões erradas. São mensageiras do ódio, desmoralizam as autoridades e se dedicam ao tráfico de “conteúdos extremistas de direita”, ou meramente “nocivos”. E o que mostram os fatos? As redes sociais, e o X é de novo um exemplo, passaram a campanha inteira informando que Trump era o candidato mais forte e que deveria ganhar. A grande imprensa, aliada a mais de 80 empresas de pesquisa eleitoral, dizia que Kamala estava sempre na frente e iria vencer por uma margem apertada.

As redes são o lobisomem ao meio-dia na encruzilhada. A mídia oficial seria a fortaleza da informação profissional e segura. E como acabou a competição? Acabou que as redes estavam dando a notícia certa — e o consórcio entre veículos e institutos de pesquisa estava dando a notícia falsa. Não havia vantagem apertada para Kamala. Havia vitória folgada para Trump. A partir daí, há duas perguntas. A primeira é: se as redes são o inferno da falsidade, e a mídia é o paraíso da exatidão, por que as redes acertaram e a mídia errou? A segunda é: se as redes acertam e a mídia erra, qual é o nexo de ler e ouvir os que erram em vez dos que acertam? É uma charada — e a vitória de Trump mostra que a charada é de bom tamanho.

Alguma coisa começa a aparecer muito fora do eixo na política quando o cidadão passa a se abastecer cada vez mais de informação na feira livre da internet. É uma situação inédita, e muito desconfortável, para jornalistas e quem costuma falar com eles, dos escroques da política aos sábios da sociologia. Nas redes não há redator-chefe, nem editor, nem número de telefone para chamar. Os “moderadores de conteúdo” fazem algo aqui e ali, mas não seguram a enchente — mesmo porque a imensa maioria dos usuários não faz nada de errado. O X publica textos de Elon Musk e de Lula, e de pelo menos 550 milhões de outros pelo mundo a fora. Como lidar com um animal desse?

O resultado é que Donald Trump foi o candidato mais atacado em qualquer eleição americana — pela imprensa, os investigadores da máquina judiciária, os pesquisadores de intenção de voto, militantes do clima, os filósofos. É possível que não tenha obtido, num mundo com 8 bilhões de habitantes, o apoio de um único e escasso sociólogo ou de uma “referência” em qualquer assunto que seja. Mas essa multidão, que frequenta diariamente as páginas e as telas dos meios de comunicação, não teve força para impedir a eleição do candidato publicamente mais odiado por ela que já disputou um pleito nos Estados Unidos. Mais do que isso, sofreu um naufrágio eleitoral classe “Titanic”. Se não ganharam nesta, vão ganhar como?

O fato é que gente demais votou no inimigo, e isso é o coração da encrenca. Você pode se livrar de Trump — por sinal, ele está com 78 anos e ninguém fica mais moço nessa altura da vida. Mas não dá para trocar de povo — e nem para repetir a lavagem cerebral que acaba de ser feita e não lavou nada que fizesse diferença na urna. Trump, a partir de janeiro de 2025, não vai fazer rigorosamente nada do que foi acusado durante a campanha. Como ficarão, nesse caso, as denúncias histéricas, mentirosas e irracionais que lhe foram feitas? Se ele provar no governo, e vai provar, que não é o homem que a esquerda disse que era, como recauchutar o inimigo para um retrofit?

Vão dizer que ele cometerá crimes que ainda não foram bolados? Ou que estará se mostrando de dia como o bondoso Doutor Jekyll apenas para se transformar à noite no infame Mr. Hyde? Vão concentrar o fogo no seu possível e jovem sucessor? É uma trabalheira, e não podem repetir o fiasco de 2024. Terão, talvez mais do que tudo, de resolver um paradoxo brabo. Como acusar de “inimigo da democracia” um presidente que escolhe chegar ao governo através de uma eleição impecavelmente democrática? Como acusar de ditador um presidente que não vai censurar um só jornalista ou órgão de comunicação? Ou que vai cumprir tudo que o Congresso aprovar? Trump não vai pedir o bloqueio de contas bancárias de quem o insultar na internet, nem a “derrubada” dos seus perfis, nem a anulação das leis de que ele não gosta.

A verdade é que o jogo virou. Quem está na defesa da liberdade, hoje, é Donald Trump — para efeitos práticos, é precisamente isso. É ele e a direita que olham para o mundo do trabalho e dos trabalhadores. São eles que estão falando com o cidadão real — o man in the street. A massa muscular para manter a democracia americana viva vai ser produzida por eles. São eles que entendem que a paz mundial, o equilíbrio e uma economia mais próspera não podem vir de uns Estados Unidos fracos, hesitantes e desmoralizados. Se Trump vai ou não iniciar a “cura” da nação americana é coisa que se vai ver, ou não, no mundo novo que se abre agora. Mas é certo que vai agir como chefe de potência — e que o “nazifascista” da esquerda global pode ser, na verdade, o garantidor da democracia nos dias de hoje.

(*) J. R. Guzzo é jornalista. Integrante do Conselho Editorial de Oeste, foi um dos criadores da Veja, revista que dirigiu durante quinze anos, a partir de 1976, período em que sua circulação passou de 175.000 para 1 milhão de exemplares semanais. Correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Responsável pela criação da revista Exame, atualmente escreve no Estado de S. Paulo e na Gazeta do Povo.

Fonte: https://revistaoeste.com/revista/edicao-242/a-democracia-falou/

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