
A campanha Dezembro Vermelho destaca a importância da prevenção ao HIV/Aids. Contudo, especialistas alertam que o cuidado com a saúde sexual deve ser mais abrangente. A recomendação é realizar um check-up periódico para diversas outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) que, muitas vezes, não apresentam sintomas.
Infecções como sífilis, clamídia, HPV e as hepatites virais podem evoluir silenciosamente e, quando não tratadas, levar a consequências graves como infertilidade, câncer e danos neurológicos.
Cenário no Amazonas: mais de 10 mil casos anuais
O panorama no Amazonas reforça a urgência do rastreamento. A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP) registrou 10.214 casos de ISTs até 4 de dezembro deste ano. A média de notificações anuais desde 2018 é de $10.559$ casos, indicando uma estabilidade preocupante no estado.
Chama a atenção a concentração de casos em faixas etárias jovens:
- 20 a 29 anos: 44% dos casos
- 30 a 39 anos: 21% dos casos
- 14 a 19 anos (Adolescentes): 17% dos casos
O check-up periódico como ato de autocuidado
O check-up de ISTs é fundamental para o diagnóstico precoce, o tratamento eficaz e a quebra da cadeia de transmissão.
“Muitas pessoas associam a testagem de ISTs apenas ao HIV, mas há um universo de outras infecções que precisam de atenção. A sífilis, por exemplo, tem registrado um aumento alarmante de casos no Brasil e pode ser facilmente diagnosticada e tratada com um simples exame de sangue”, explica Luciana Campos, consultora médica e infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde.
A testagem periódica permite que o indivíduo conheça sua condição de saúde, receba o tratamento correto e proteja seus parceiros.
Quando e o que incluir no check-up
O infectologista e consultor do Sabin, Marcelo Cordeiro, recomenda que pessoas sexualmente ativas façam o rastreamento para ISTs ao menos uma vez por ano.
O check-up também é indicado ao iniciar uma nova relação, para casais estáveis que pensem em parar de usar preservativo, após situações de risco (como rompimento do preservativo) ou por indicação médica.
Após a conversa com um médico de confiança, um check-up completo deve contemplar os seguintes exames:
- HIV 1 e 2: Testes de quarta geração, que agilizam o diagnóstico.
- Sífilis (VDRL e testes treponêmicos): Essenciais para identificar a bactéria Treponema pallidum em seus diferentes estágios.
- Hepatites Virais (B e C): O diagnóstico precoce é vital para evitar danos hepáticos severos.
- HPV (Papilomavírus Humano): Testes moleculares e o exame Papanicolau, cruciais para a detecção do principal causador do câncer de colo do útero.
- Clamídia e Gonorreia: ISTs bacterianas comuns, frequentemente assintomáticas e com potencial para causar doença inflamatória pélvica e infertilidade.
- Herpes Simples (Tipo 1 e 2): O diagnóstico sorológico pode identificar a infecção mesmo fora dos períodos de crise.
Prevenção combinada: a estratégia mais eficaz
A testagem é um pilar que complementa os métodos mais eficazes de prevenção, que formam a chamada “prevenção combinada”:
- Preservativo: Uso em todas as relações sexuais (oral, vaginal e anal).
- PrEP (Profilaxia Pré-Exposição): Medicamento para quem tem indicação, que reduz significativamente o risco de infecção pelo HIV.
- Vacinação: Contra HPV e Hepatite B.
- Diálogo aberto: Com parceiros e profissionais de saúde.
“Mais do que uma campanha de conscientização, o Dezembro Vermelho é um lembrete sobre o valor do autocuidado. Informação, prevenção e testagem são pilares para uma vida saudável e responsável”, conclui Luciana.
Situação epidemiológica nacional
O Brasil enfrenta desafios significativos com algumas ISTs:
- HIV/Aids: Cerca de $36,7$ mil novos casos de HIV em 2023. Preocupa o aumento das infecções entre jovens de 15 a 29 anos.
- Sífilis: Uma “epidemia” no país, com mais de $213$ mil casos adquiridos e $27$ mil casos de sífilis congênita em 2022.
- HPV e Câncer: Estima-se que mais da metade da juventude sexualmente ativa esteja infectada pelo HPV. O câncer de colo do útero, causado pelo vírus, é o terceiro mais comum entre mulheres brasileiras ($17$ mil novos casos anuais).
- Hepatites B e C: Somaram mais de $37$ mil novos casos em 2022.
Repercussão Assessoria











