Rompimento histórico: Petro suspende cooperação militar com os Estados Unidos

Socialista condenou bombardeios de Trump contra embarcações de traficantes de drogas

Petro condenou as operações da Guarda Costeira norte-americana no Mar do Caribe - Foto: Reprodução/Twitter/X

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta terça-feira, 11, a suspensão temporária do compartilhamento de informações de inteligência entre a força pública colombiana e as agências de segurança dos Estados Unidos. A medida foi tomada como resposta direta aos bombardeios realizados por militares norte-americanos contra embarcações suspeitas no Mar do Caribe.

Em sua conta oficial na rede social X, Petro determinou a suspensão imediata da cooperação.

“Se dá ordem a todos os níveis da inteligência da força pública suspender envio de comunicações e outros tratos com agências de segurança estadunidenses”, declarou.

O presidente colombiano justificou a decisão, afirmando que “a luta contra as drogas deve subordinar-se aos direitos humanos do povo caribenho.”

Os ataques norte-americanos, que envolveram o uso de mísseis contra embarcações ligadas ao narcotráfico, resultaram em mais de 70 mortes desde setembro.

Repercussão e temor internacional

A ação militar dos EUA gerou forte reação de organismos multilaterais e de países aliados de Washington. O Reino Unido e o Canadá estão entre os críticos.

Uma reportagem da CNN revelou que o governo britânico também suspendeu parcialmente o compartilhamento de inteligência, temendo ser envolvido em operações que “acredita serem ilegais”. Segundo a matéria, o Reino Unido “não quer ser cúmplice em ataques militares dos EUA”.

A preocupação com a legalidade das ações é compartilhada pelo alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, que alertou que as operações conduzidas no Mar do Caribe “poderiam constituir execuções extrajudiciais”.

Condições para a retomada da cooperação

A Colômbia e os EUA mantêm há décadas uma estreita colaboração no combate ao narcotráfico, estabelecida desde a inauguração do Plano Colômbia, em 1999. A medida de Petro não é uma ruptura diplomática, mas exige uma revisão imediata dos acordos.

O governo colombiano informou que a retomada da cooperação dependerá de duas condições principais:

  1. A interrupção das operações militares na região caribenha.
  2. O cumprimento dos tratados e normas internacionais que regulam o uso da força e os direitos humanos.

“A medida se manterá enquanto se mantenha o ataque com mísseis a lanchas no Caribe”, reiterou o presidente.

Até o momento, a Casa Branca e o Departamento de Defesa dos EUA não se manifestaram oficialmente. A suspensão do intercâmbio de inteligência demonstra um crescente distanciamento entre a Colômbia e Washington em relação às políticas de combate ao tráfico internacional de drogas.

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