Região Norte precisa investir R$ 114 bilhões para reposição e readequação do saneamento residencial

A criação de políticas públicas para o financiamento dos investimentos em saneamento intramuros é fundamental para alcançar a universalização dos serviços básicos até 2033

Foto: Divulgação

No início do mês de setembro, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a EX Ante Consultoria Econômica, a ASFAMAS e o CEBDS, lançou o estudo inédito “Necessidade de investimentos em reformas da infraestrutura residencial de saneamento no Brasil – Potencial mercado e políticas públicas”. O estudo tem por objetivo mensurar a necessidade de obras de reposição e readequação da infraestrutura residencial intramuros (que considera a residência e áreas adjacentes) de saneamento no país, detalhando os investimentos por região.

As obras de reposição são realizadas, em geral, de forma esporádica pelas famílias com a finalidade de repor a depreciação das instalações ou de modernizar os acabamentos. Por sua vez, as obras de readequação englobam a construção ou instalações dos equipamentos ausentes nas moradias, mas que se consideram essenciais ao bem-estar dos moradores.

Sendo assim, os investimentos totais em infraestrutura residencial de saneamento são calculados pela soma dos valores necessários para reposição com o que será investido para suprir as carências da infraestrutura.

  • Quadro 1 – Despesa total necessária para a reposição do estoque e a readequação da infraestrutura residencial e saneamento, por cenários, em R$ bilhões

Considerando os R$ 558 bilhões estimados pelo estudo para as obras de reposição e readequação para a universalização do saneamento intramuros, cerca de R$ 114 bilhões seriam realizados na região Norte do país. Isso significa uma despesa de R$ 6,1 mil por habitante até 2040, enquanto que, na média nacional, o investimento necessário seria de apenas R$ 2,6 mil por habitante.

  • MAPA 1 – Despesa necessária para a reposição e readequação da infraestrutura, por unidade da Federação e região, em (%) do total, Cenário 2, 2023 a 2040

 

Dada a concentração dos investimentos em alguns estados da Federação, é fundamental levar em consideração a questão regional, em particular, a situação do Norte brasileiro. Essa é uma das regiões com menor renda domiciliar per capita do país (R$ 5,8 mil por habitante em 2022). Esse nível correspondeu a apenas 71,3% da renda média domiciliar do país, que atingiu R$ 8,1 mil per capita naquele ano.

O estudo aponta que, nas faixas de renda mais baixa, a necessidade de fundos para a readequação é maior e essa categoria representa uma parte significativa do total dos investimentos. Além de estar mais concentrada nas faixas de renda mais baixa, a demanda por readequação exigirá um esforço financeiro maior das famílias. A principal causa identificada para essa carência é a insuficiência de renda.

A combinação da alta necessidade de investimentos e da baixa capacidade de autofinanciamento reforça a urgência de políticas públicas específicas, como crédito e subsídio para viabilizar o acesso da população do Norte brasileiro a esses mercados. Sem essas medidas, a universalização do saneamento intramuros pode não ser alcançada conforme planejado até 2033 em todas as regiões do país.

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.