Um projeto da Prefeitura de Manaus vem fortalecendo o pré-natal das gestantes moradoras do Parque das Tribos, na zona Oeste, ofertando acompanhamento humanizado, aliado a práticas integrativas e serviços sociais. Trata-se do Bom Parto, desenvolvido na comunidade indígena pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Unidade de Saúde da Família (USF) Lindalva Damasceno.
Iniciado em janeiro deste ano, o Bom Parto realiza encontros semanais das gestantes com uma equipe multiprofissional, ofertando desde serviços de saúde, como consultas médicas e vacinação, até sessões de práticas integrativas, entre elas meditação e relaxamento, e atendimentos sociais, incluindo orientações sobre cidadania e direitos da gestante. As programações ocorrem sempre às sextas-feiras, na igreja católica Gabriel Arcanjo, na 2ª etapa do Parque das Tribos.
De acordo com a fisioterapeuta da USF Lindalva Damasceno, Rafaella Bitar, o projeto complementa a cobertura do pré-natal ofertada pelas equipes de saúde que atendem na Maloca dos Povos Indígenas, situada na comunidade, trazendo uma visão de saúde integrativa. Ela destaca, nessa linha, as práticas de meditação, relaxamento e musicoterapia desenvolvidas nos encontros.
“Vemos a mulher não só como gestante, mas como um todo, e trabalhamos em cima das mudanças emocionais, físicas, hormonais que ela vivencia. As práticas buscam tornar essa gestação o mais leve possível e permitir a ela aproveitar esse momento de forma integral”, relata.
Rafaella destaca ainda que o projeto, com foco na saúde indígena, busca aproximar as mulheres atendidas dos serviços da rede básica. “Levamos o SUS (Serviço Único de Saúde) para dentro da comunidade. Tudo que é ofertado na unidade básica, como vacinas e testes rápidos, é ofertado para as mulheres participantes do projeto”, diz.
Outra integrante da equipe da USF Lindalva Damasceno que atua no projeto, a assistente social Liliane Trindade, pontuou que as gestantes participam de palestras e rodas de conversa sobre direitos assegurados a elas, como o parto humanizado. A equipe atua ainda para garantir o acesso das participantes a programas sociais e serviços de cidadania, mediante articulação com órgãos parceiros, municipais e estaduais.
“Algumas mulheres que não têm certidão de nascimento, não têm documentos. Nesses casos articulamos com a Defensoria Pública para a emissão do RG, que vai ser essencial para a emissão da certidão de nascimento da criança”, exemplifica ela.
Maior acesso
Uma das atendidas do projeto, é Aretha Souza. Grávida de oito meses, ela participou de sessão de meditação com bolas suíças no encontro desta sexta-feira, 20/10. “Os exercícios e movimentos com a bola são bons para a dilatação”, contou.
A gestante assinalou o papel do projeto em oportunizar a ela e a outras moradoras da comunidade o acesso a serviços de saúde, bem como ao compartilhamento de vivências relacionadas à gestação.
“É gratificante ter as profissionais aqui com a gente, pois a distância é grande daqui até a maloca, e também até a unidade de saúde. E elas são bem atenciosas, medem a pressão arterial, avaliam os batimentos cardíacos do bebê e orientam se estamos com alguma dor”, conclui.
Jony Clay Borges | Semsa