O preço do milho atingiu o mais baixo patamar do ano nesta semana em locais como Rio Verde (GO), Chapadão do Sul (MS) e Campinas (SP), de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa caiu para R$ 84,80 por saca, um dos menores valores desde o início de dezembro do ano passado em termos nominais. O início da colheita do milho segunda safra e a perspectiva de produção recorde são apontados como fatores que explicam a queda. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita do grão está adiantada, com 3% da área colhida no Brasil, acima dos 0,8% observados no mesmo período do ano anterior. A Conab prevê produção recorde, acima de 87,5 milhões de toneladas.
A projeção do Itaú BBA é que no curto prazo o preço do milho no Brasil seja pressionado pela entrada de uma safra farta. O banco acredita, que apesar de alguns problemas climáticos observados em cinturões agrícolas, a colheita deverá render entre 85 e 88 milhões de toneladas e reduzir os prêmios locais em relação ao mercado internacional, trazendo alívio aos preços no curto prazo. No longo prazo, o cenário de oferta mundial de milho está apertado e será preciso até três safras para estabilizar o quadro de oferta impactado por quebras de produção e guerra na Ucrânia.
O grão já operou em patamares recordes neste ano, como em março, quando foi cotado a RS 103,90 base Campinas. As incertezas relacionadas ao escoamento da produção da Ucrânia, grande exportador mundial, seguem no radar e vão gerar volatilidade nos mercados. É difícil que um corredor de exportação para grãos via Mar Negro ocorra, há desafios com a destruição de portos e pontes que deverão manter o mercado do cereal ajustado sem a oferta do país de Zelensky.
(*) Jornalista especializada em economia e agronegócio. É apresentadora do quadro ‘A Hora H do Agro’, veiculado às segundas, quartas e sextas, no Jornal da Manhã.