OVNIs analisados pelo Pentágono podem ter origem extraterrestre, diz físico de Harvard

‘Encontrar suas relíquias em nosso quintal nos economiza a longa viagem até seu ponto de origem’, afirma Avi Loeb, chefe do Departamento de Astronomia da universidade americana em entrevista à revista Época

As expectativas de entusiastas de explorações espaciais crescem conforme se aproxima a data da divulgação de um relatório do governo americano sobre OVNIs filmados no céu nos últimos anos. O jornal “The New York Times” adiantou a informação, no início de junho, de que o Pentágono não identificou uma origem extraterrestre para os fenômenos registrados, mas também não descarta totalmente a possibilidade. O que ficou claro é que, se os aparatos forem tecnológicos, então eles foram produzidos de forma que os Estados Unidos desconhecem.

Para o físico israelense-americano Avi Loeb, chefe do Departamento de Astronomia da Universidade Harvard e autor do livro “Extraterrestre”, publicado este ano pela editora Intrínseca no Brasil, a hipótese de que os OVNIs sejam naves alienígenas antigas deve ser considerada com seriedade.

“A maioria das estrelas se formou bilhões de anos antes do Sol e, portanto, civilizações tecnológicas anteriores à nossa tiveram a oportunidade de desenvolver equipamentos mais avançados do que nossas tecnologias centenárias”, afirmou em entrevista à Época.

Loeb não descarta que a maioria dos equipamentos que teriam sido implantados no espaço por essas civilizações possa já não estar mais em operação. “Encontrar essas relíquias em nosso quintal nos economiza a longa viagem até seu ponto de origem. Colocando nossas mãos em tais equipamentos e tentando reproduzi-los na Terra, podemos salvar muitos milênios de nosso próprio desenvolvimento tecnológico”.

Para Época, Loeb disse que espera se engajar em um experimento científico para coletar dados abertos sobre OVNIs: “É um momento oportuno para a comunidade científica dar uma olhada mais de perto nos OVNIs, coletando e analisando novos dados com os melhores instrumentos e computadores em uma configuração controlada. Os novos dados podem ser obtidos por dispositivos de medição com capacidades que excedem em muito os equipamentos que forneciam dados de OVNIs anteriores”.

Apesar da divulgação de três vídeos, um de 2004 e outros dois de 2015, com imagens de OVNIs, Pentágono não endossa versão de que seriam de origem alienígena. Apenas os classificou como fenômenos aéreos não identificados, procurando dissociá-los da denominação mais popular – OVNIs (UFO em inglês). Reportagem do The New York Times, em 2017, já havia divulgado as imagens.

O empresário brasileiro Wanderley Abreu Junior, convidado para trabalhar na Nasa após hackear o sistema da agência espacial americana, também se mostrou otimista com a possibilidade de haver vida inteligente fora do planeta Terra ou de a tecnologia desenvolvida pelos humanos ser capaz de realizar viagens interplanetárias. “Hoje eles dizem que é uma tecnologia desconhecida pelo país, que não é efetivamente americana. Isso é um grande passo para o reconhecimento de que existe mesmo uma tecnologia extraterrestre”, disse.

Abreu Junior, CEO do StormGroup, considera que, mesmo se os fenômenos aéreos não identificados (UPA, na sigla em inglês) pelo Pentágono forem de um equipamento tecnológico de humanos, trata-se de uma nova possibilidade a ser implementada no espaço.

“Eles não podem dizer que não é algo extraterrestre, mas também não acharam nada dizendo que é, então não podem descartar que seja de outras nações ou de uma empresa privada”, pondera o engenheiro.

“Estamos muito próximos, talvez nos próximos 10 anos, de ter o reconhecimento formal de que há uma inteligência extraterrestre e de que pelo menos uma delas já nos visitou alguma vez. Pode até não ser extraterrestre. Neste caso, é ainda melhor, porque nós estaríamos próximos do lançamento de uma supertecnologia. Qualquer que seja a verdade, vai ser ótimo para a espécie humana. A não ser que a gente os irrite”.

Criação alienígena

No livro “Extraterrestre”, Loeb analisa o que se sabe sobre o estranho objeto Oumuamua, observado em 2017, cuja origem é até hoje misteriosa. Para ele, devem-se levar em conta os indícios de ter sido uma criação alienígena, ainda que não esteja mais em funcionamento.

“Havia apenas quatro propostas para explicar as anomalias de Oumuamua além da minha. Todas sugeriram objetos que nunca havíamos visto antes. Portanto, argumento que devemos deixar em aberto a origem artificial até obtermos dados melhores”, explica.

As propostas, segundo ele, envolvem um iceberg de hidrogênio (que evaporaria rapidamente ao longo de sua jornada antes de chegar ao Sistema Solar); um iceberg de nitrogênio (que requer muito mais matéria-prima de elementos pesados do que disponível nas estrelas da Via Láctea); um fragmento de interrupção de maré (que produziria um objeto alongado em vez de um objeto plano) ou um tufo de poeira que é cem vezes menos denso que o ar (que não manteria sua integridade quando aquecido por centenas de graus conforme se aproxima para o Sol).

Considerando os desafios que essas propostas enfrentam e o fato de contemplarem algo que nunca havíamos visto antes, a possibilidade de uma origem artificial deve ser levada em conta.

Por isso, Loeb defende que é preciso continuar monitorando o céu na busca por objetos semelhantes ao Oumuamua. “Se um (objeto) for descoberto um ano antes de sua abordagem mais próxima, podemos enviar uma nave que interceptará sua trajetória e tirará uma foto em close dele”, avalia.

“Um novo estudo científico que reproduz os avistamentos de OVNIs demonstraria o poder da ciência em responder a uma pergunta que é de grande interesse para o público: “a origem dos OVNIs é natural, humana ou extraterrestre?”

De acordo com Loeb, encontrar uma resposta conclusiva com base em dados abertos aumentará a confiança do público no conhecimento baseado em evidências. “Caso contrário, o mistério de OVNIs ou fenômenos aéreos não identificados em torno da interpretação inconclusiva do relatório do Pentágono alimentaria especulações infundadas”, ressalta. Um experimento científico decisivo promete esclarecer as dúvidas. Procurado, o Pentágono não respondeu aos contatos da reportagem de Época.

Por Louise Queiroga

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.