O papel socioeconômico da diversidade de gênero

Por Ana Paula Gonçalves (*) e Sthefany Bernal (**)

As mulheres vêm conquistando, ao longo dos anos, espaços na sociedade e no mercado de trabalho, ampliando a sua voz e presença em diversos segmentos. Ao decidirem conciliar a vida de mãe e esposa com o papel de profissional, elas mudaram um padrão de comportamento, adquiriram independência financeira, mas também fizeram uma escolha (consciente ou não): de enfrentar, diariamente, o desafio de se posicionar.

Ser mulher e profissional significa lidar com a tripla jornada (trabalhar, cuidar da família e de si) e com a desigualdade salarial, saber agir em caso de assédio e situações machistas, e lutar para garantir visibilidade e direitos básicos. Segundo dados recentes do IBGE, as mulheres ganham, em média, 20% a menos do que os homens ao ocuparem os mesmos cargos. Entre diretores e gerentes, a diferença é ainda maior: elas chegam a receber apenas 62% do rendimento dos homens.

Entretanto, as perspectivas são otimistas. O relatório Women in Business 2021, realizado pela Grant Thornton, revela que a pandemia fez com que as empresas olhassem mais atentamente para as questões de diversidade. O levantamento aponta um crescimento na paridade de gênero, com a ultrapassagem de 31% dos cargos de liderança ocupados por mulheres, em todo o mundo (quase 1 terço!). Outro marco significativo atingido é que nove em cada dez empresas têm pelo menos uma mulher nas equipes de liderança. Ao todo, foram ouvidas 5 mil executivas de diversos setores, em 29 países, incluindo o Brasil.

Por entender a necessidade de promover uma mudança cultural e avançar nas questões de diversidade de gênero no ambiente corporativo, a Roost, empresa de tecnologia, criou o projeto #ROOSTDELAS. O objetivo é pontuar é desconstruir falas e atitudes machistas enraizadas, tanto entre os homens como nas próprias mulheres, para construírem juntos uma nova realidade.

A empresa também passou a integrar, em 2022, a plataforma dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs, na sigla em inglês), que faz parte da rede global das Nações Unidas. Ela foi criada para orientar as empresas a empoderar as mulheres e promover a equidade de gênero em todas as instâncias do negócio.

Transformar uma cultura não é tarefa fácil, nem algo que ocorre da noite para o dia. Mostrar que as mulheres possuem grande potencial para o mercado de trabalho e para o desenvolvimento da sociedade deve ser um exercício diário. A promoção da equidade de gênero é mais do que levantar uma bandeira social, é uma questão socioeconômica. Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostra que o Brasil poderia expandir sua economia em até R$ 382 bilhões caso aumentasse em 1/4 a participação feminina no mercado de trabalho até 2025.

Muitos ainda não entenderam que a diversidade amplia a capacidade de visão do mundo, dos riscos e das oportunidades. A criação de um ambiente de trabalho mais justo e tolerante se reflete em criatividade e impacta positivamente os resultados da empresa e o desempenho econômico de um país. Os tempos atuais são de luta pelo reconhecimento e empoderamento feminino. Essa discussão – que começou no mundo corporativo deve ser levada para dentro de casa, para que a mudança impacte o quanto antes a próxima geração!

(*) Ana Paula Gonçalves Francisco, Advogada e (**) Sthefany da Silva Bernal Trainee Inside Sales/Marketing da Roost, empresa de tecnologia especializada em soluções com foco em automação IoT.

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