Musk no Twitter, sucesso do BeReal e outras novidades nas redes sociais em 2022

Desde novas funcionalidades lançadas neste ano até a parceria com o TSE para combater a desinformação durante as eleições

Foto: Yui Mok/PA

O ano de 2022 foi movimentado nas plataformas digitais. A longa negociação entre Elon Musk e o Twitter começou em abril e se arrastou até outubro, quando o bilionário adquiriu, de fato, a empresa. Depois da aquisição, veio o temor de que a plataforma iria “acabar” e os trocadilhos com o nome do aplicativo indiano que poderia substituí-la, o Koo.

Também vimos a popularização de uma nova rede social, que incentiva os usuários a “serem reais” – o BeReal virou febre entre os mais jovens. O WhatsApp finalmente permitiu que usuários “escondessem” o status on-line enquanto usam o aplicativo, e adiou para 2023 o lançamento dos megagrupos que permitem reunir mais de 1.000 pessoas.

Para além das mudanças, as redes sociais também tiveram protagonismo durante as eleições brasileiras. Confira o que aconteceu nas principais plataformas digitais neste ano.

Twitter com Elon Musk

Em 2022, o bilionário Elon Musk se tornou o novo dono do Twitter, depois de uma saga que durou meses até a conclusão da compra da rede social. Em abril, Musk se tornou o maior acionista individual da empresa e fez uma proposta de mais de US$ 44 bilhões para comprar a plataforma.

O acordo parecia encaminhado quando Musk anunciou uma suspensão temporária da compra em maio, alegando que o Twitter ainda precisava entregar algumas informações.

Os acionistas da plataforma decidiram processar o bilionário, acusando-o de criar dúvidas sobre a transação para tentar manipular o mercado e conseguir reduzir o valor de sua oferta ou negociar um desconto.

Musk informou, em julho, que estava desistindo do acordo de compra, o que levou o Twitter a entrar com um processo acusando o bilionário de quebrar o acordo.

Apenas em setembro os acionistas decidem aprovar a proposta de compra feita por Musk, o que também faz ele voltar atrás. No dia 27 de outubro, Elon Musk confirmou a conclusão do negócio e a compra da rede social.

As demissões em massa e a perda de receita

Quase imediatamente após a compra ser oficializada, Musk demitiu executivos do alto escalão e reduziu em quase 50% o número de funcionários do Twitter. Diversos ex-funcionários compartilharam na rede social que seu acesso a contas corporativas tinha sido bloqueado antes mesmo que eles soubessem que haviam sido demitidos.

Além da saída em massa de funcionários, o Twitter também teve que lidar com a perda de anunciantes. As marcas se demonstraram preocupadas em associar sua imagem ao bilionário, que desde a aquisição do Twitter prometia maior “liberdade de expressão” e menor controle dos conteúdos postados na rede, o que poderia abrir espaço para discursos radicais e extremistas dentro da plataforma.

Musk restaurou contas anteriormente banidas por terem violado as políticas de uso do Twitter, dentre elas a do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

O selo azul de verificado

Ele também decidiu mudar um dos recursos principais da plataforma: os selos azuis que permitem identificar perfis verificados, ou seja, perfis pertencentes a organizações oficiais, famosos, pessoas de relevância ou veículos de imprensa.

Com o discurso de conceder “poder para o povo”, Musk decidiu liberar a compra dos selos azuis por US$ 8 ao mês. Poucos dias depois da mudança, tweets de contas que se passavam por celebridades ou empresas começaram a viralizar, e a experiência na plataforma se tornou caótica.

O bilionário decidiu suspender temporariamente a implementação da mudança e do serviço de assinatura e anunciou mudanças na forma como ele será aplicado. Os selos poderiam ter mais de uma cor, sendo utilizados para tipos diferentes de verificação.

O breve sucesso do Koo entre brasileiros

Conforme as notícias sobre a nova direção do Twitter e o caos do selo de verificado foram sendo divulgadas, boatos de que o Twitter iria “acabar” tomaram conta da plataforma. E os usuários insatisfeitos passaram a cogitar migrar para outra rede social. Entre as alternativas apareceram as redes sociais “Mastodon” e “Koo”.

A última viralizou entre os brasileiros, por conta de seu nome e os trocadilhos que ele possibilita. Os donos da rede social indiana decidiram até contratar uma equipe para atuar no Brasil, mas a popularidade do aplicativo foi breve.

O surgimento do BeReal

Uma nova plataforma fez sucesso em 2022, o aplicativo BeReal surgiu com uma proposta “anti-redes sociais tradicionais”, na qual a ideia seria ser você mesmo. A rede social estourou principalmente entre os mais jovens, e a Apple a escolheu como aplicativo do ano para iPhone.

Imagens de tela do aplicativo BeReal / Foto: Reprodução/BeReal

A ideia do BeReal é que o usuário compartilhe uma foto do que ele está fazendo sem produção prévia ou edição posterior. Para isso, a rede social envia uma notificação permitindo que a foto seja postada, em um horário aleatório do dia, e dá até dois minutos para que o usuário fotografe a si mesmo e o que estiver ao seu redor.

Além disso, o BeReal também não possui “curtidas”, apenas reações, e só permite que você veja e interaja com as publicações dos seus amigos depois de postar também.

As redes sociais da Meta

O ano também não foi fácil para a Meta, empresa que reúne as redes sociais controladas por Mark Zuckerberg – WhatsApp, Instagram e Facebook – e o Metaverso.

A empresa termina o ano demitindo mais de 10 mil funcionários, no que Zuckerberg admitiu ter sido um erro na avaliação de como seria a atuação da Meta no pós-pandemia. Parte da diminuição na receita tem a ver com os gastos para a expansão do Metaverso, a aposta de longo prazo do bilionário.

No final de 2021, o criador do Facebook anunciou que a empresa estava desenvolvendo um tipo de ambiente digital no qual seria possível interagir, socializar, trabalhar e consumir. 2022 ainda não foi o ano no qual o Metaverso deslanchou.

Apesar de muito popular em rodas de discussão, a ideia ainda está em desenvolvimento. Inclusive, uma imagem do seu avatar dentro da realidade virtual, publicada em agosto, rendeu críticas ao projeto de Zuckerberg. A possibilidade de compras dentro da plataforma, em formato NFT, também foi muito discutida, em especial a compra de “terrenos” dentro do Metaverso.

Avatar de Mark Zuckerberg em apresentação do metaverso / Foto: Reprodução/Facebook

Mas as novidades implementadas pela Meta não se resumem ao projeto de realidade virtual.

WhatsApp

O WhatsApp atendeu a um pedido antigo dos usuários em 2022: a possibilidade de remover o status “online” do perfil enquanto se está usando o aplicativo.

Seguindo a linha de maior discrição, agora também é possível sair de um grupo sem que a notificação de saída aparece para todos os integrantes, apenas para os administradores.

O aplicativo também passou a permitir reações de emojis nas mensagens, a reprodução de áudios mesmo após sair da tela da conversa e a criação de avatares.

Instagram

No início do ano, o Instagram disponibilizou a ferramenta de curtir stories, que já levantou debates sobre o que é flerte ou não nas redes sociais. Além da possibilidade de fixar conteúdos no topo do seu perfil e de favoritar outras contas.

A rede social também passou a postar todos os vídeos da plataforma em formato de Reels, em uma clara tentativa de competir com o TikTok, e seguindo as diretrizes divulgadas no ano passado, que anunciaram que o foco da plataforma deixaria de ser as fotos.

Recentemente, foi disponibilizada a ferramenta “Notas”, que permite publicações escritas curtas, e a possibilidade de criar um “perfil de grupo”, para que várias contas possam postar em um mesmo perfil.

Em um movimento similar ao que já havia feito antes com o Snapchat e o Twitter, Mark Zuckerberg lançou, desta vez, recursos que simulam a experiência do concorrente BeReal. O recurso batizado de “Stories Espontâneos” permite que os usuários compartilhem o que estiverem fazendo naquele momento em um story visível apenas para quem também compartilhar.

Facebook

Rede social que foi responsável pelo nascimento da Meta, o Facebook também ganhou novas funcionalidades neste ano. A criação de avatares 3D, no que pode ser visto como uma aproximação da rede social com o Metaverso, e o Facebook Reels, mesmo formato de vídeos rápidos que o Instagram já havia adotado.

TikTok segue em alta

Enquanto outras empresas de tecnologia sofrem com demissões, o TikTok segue expandindo. Uma pesquisa mostrou que a rede social é a plataforma mais utilizada entre as crianças e jovens de 9 a 17 anos no Brasil.

Na tentativa de preservar seu público majoritariamente jovem, uma das atualizações do aplicativo em 2022 é a proibição de que menores de 16 anos façam transmissões ao vivo na plataforma. Além disso, o recurso “Branded Mission” também passou a permitir parcerias entre influenciadores e marcas direto na rede social.

Combate à desinformação durante as eleições

As redes sociais também tiveram um papel central nas eleições brasileiras deste ano. Desde a importância da presença dos candidatos nas plataformas digitais, até o papel de moderadoras de discursos de ódio e de fake news durante o período eleitoral.

As principais plataformas digitais – Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai – assinaram um acordo de cooperação com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no início do ano para adotar iniciativas de combate a desinformação.

Em meio ao período eleitoral, o WhatsApp também adiou para 2023 o lançamento das “comunidades”, grupos que podem reunir mais de 1.000 pessoas no aplicativo, aqui no Brasil. O Ministro Público Federal (MPF) demonstrou preocupação que a nova funcionalidade pudesse facilitar o compartilhamento de fake news.

Durante as eleições, a Corte também aprovou resoluções para acelerar o processo de retirada de conteúdos falsos das redes, principalmente aqueles que questionavam a segurança das urnas eletrônicas.

Por Fernanda Pinotti, da CNN em São Paulo

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