Joe Biden e o Brasil de volta ao bom senso

Por Juscelino Taketomi

Certamente, a vitória do democrata Joe Biden, nos Estados Unidos, defenestrando do poder o bilionário Donald Trump, não significa a porta aberta para o paraíso, mas é um grande alerta a presidentes comediantes e bufões como o brasileiro Jair Bolsonaro.

Esse tipo de político pensa ser de direita, mas, na verdade, é produto do populismo bufão que um dia elevou, e depois triturou, o italiano Benito Mussolini. Trump é assim e está passando. Bolsonaro trilha o mesmo caminho e dificilmente sairá dele, pois essa é a sua raiz. Saiu do Baixo Clero do Congresso Nacional para o Palácio do Planalto após 28 anos semeando e espalhando rompantes que renderam manchetes hilárias na imprensa, manchetes que instigaram protestos, provocaram risos, acenderam iras homofóbicas, e por aí afora. Virou um presidente do tamanho do coronel Brilhante Ustra, seu ídolo maior, de personalidade brutal, torturador e intelectual medíocre.

Joe Biden desde jovem deu bons exemplos de bom senso e incrível capacidade de luta, tendo que enfrentar os altos e baixos dos negócios do pai e bebendo muito na cultura irlandesa-americana. Católico, não será nenhum John Kennedy, mas poderá trazer o mundo de volta à era civilizada dos presidentes estadistas.

Biden terá que provar que seu amor e respeito aos negros e aos imigrantes mexicanos, bem como suas firmes posições sobre a criação de mais empregos aos americanos, não eram simples atos de campanha eleitoral. Se der praticidade aos seus discursos, Trump passará para a história apenas como um comediante que, cansado de ganhar montanhas de dólares, decidiu brincar de ser presidente e acabou devorado por uma terrível pandemia. Na hora de se reeleger, sucumbiu diante de um oponente esclarecido e mais adulto que ele.

Na outra ponta do espectro político internacional está Bolsonaro, que logo será convencido de que precisará ser mais do que populista para obter sua reeleição. Os ventos de Biden chegarão ao Brasil e Bolsonaro terá que abandonar a indumentária trompista e se adaptar a eles.

Precipitado e maluco, o comediante verde-amarelo escorregou na empolgação do início da apuração das eleições americanas, quando Trump vencia, e se disse disposto a patrocinar uma emenda constitucional ao Congresso Nacional com o objetivo de substituir o sistema eletrônico de voto pelo sistema de votação em cédulas de papel. Como Trump perdeu, Bolsonaro se vê no ridículo de ter que defender sua folclórica proposta, e se ocupar com bate-bocas nas redes sociais, ou então se curvar às manifestações de repúdio de uma sociedade que agora tem tudo para voltar ao bom senso e devolver à lata de lixo da história a mediocridade e a irracionalidade que conduziu ao poder em 2018. Como os bufões não se curvam, é muito provável que o seu destino seja mesmo a lata de lixo.

Juscelino Taketomi é colaborador do site

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