Símbolo pagão para uns, apenas uma bela forma de celebrar o Natal para outros, o fato é que quando o assunto é decorar a igreja com temas natalinos, a polêmica permanece. Alguns crentes acham a data muito comercial e ligada a tradições pagãs, enquanto há os que não veem dessa forma e acreditam que é importante entrar no clima das festividades do fim de ano.
“Se o propósito do Natal é celebrar Jesus as luzes, fogos e decoração, ao meu ver, não tem problema nenhum…”, Israel Carvalho, pastor
O fato é que, na prática, nem o dia do nascimento de Jesus dá para ter certeza. O que historiadores e arqueólogos especulam, com base nas informações bíblicas e descobertas até aqui, é que Cristo dificilmente teria nascido em dezembro, visto que, nessa época do ano, no local onde tudo aconteceu, é inverno e os pastores jamais acampariam com seus rebanhos no frio nas colinas da Judeia, como aconteceu no nascimento do Messias (Lucas 2:8).
“O tema das festas natalinas não é um consenso no meio cristão. Há denominações que entendem que as festividades e decorações são desnecessárias e há outras que celebram tranquilamente”, Raphael Abdala, pastor
No caso dos símbolos do Natal, não há um consenso. Há várias versões e cada pessoa se agarra naquela que pode justificar sua teoria. No caso da árvore natalina, por exemplo, uma das hipóteses aceitas é a de que tenha surgido em Talinn (Estônia) em 1441. Mas, há quem acredite que foi em 1510, em Riga (atual Letônia). Ou também em Bremen (Alemanha) no século XVI e até no século XIX, no Reino Unido.
“O tema das festas natalinas não é um consenso no meio cristão. Há denominações que entendem que as festividades e decorações são desnecessárias e há outras que celebram tranquilamente. A maioria dos segmentos evangélicos não identificam nenhum problema nas alusões natalinas. É claro que a ocasião do 25 de dezembro é um mero símbolo, não uma data real. Importa, no entanto, celebrar o nascimento do Senhor Jesus Cristo e praticar comunhão em família”, ressalta o pastor Raphael Abdala, presidente da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo.
Ele lembra, inclusive, que o pastor Billy Graham, um dos maiores expoentes mundiais da proclamação do Evangelho, gravava sermões anuais ao lado de uma árvore de Natal. “Tratam-se de símbolos inofensivos, que em nada abordam o paganismo. Pelo contrário, nos fazem lembrar da alegria do final de um ano, iniciando-se a celebração memorial do nascimento de Jesus”, afirma Abdala.
Decisão particular – Apesar de também não ver problemas nas decorações e festividade natalinas por parte da igreja, o pastor Lisânias Moura, da Igreja Batista do Morumbi (SP), lembra que essa é uma decisão muito particular de cada denominação religiosa e que deve levar em consideração outras variantes como a cultura local, o posicionamento dos membros, entre outras possibilidades.
“Cada igreja tem a liberdade de decidir. Não é mandatório, obrigação, nem mandamento bíblico. Então, cada igreja pode tomar a sua decisão, que deve partir da liderança, que resolve se terá ou não”, orienta.
“Casa mais enfeitada” – Há quem não se importe com as cismas de muitos crentes e os preconceitos quanto às festividades natalinas. É o caso do Pr. Israel Carvalho, da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, em Manaus.
“Se o propósito do Natal é celebrar Jesus as luzes, fogos e decoração, ao meu ver, não tem problema nenhum. É o mês mais feliz do ano: se vendem mais, consomem mais, a cidade fica mais iluminada. Jesus seja louvado! Se a noiva precisa ser mais adornada para engrandecê-lo, amém! Minha casa é uma das mais decorada do condomínio. Todos sabem que o real motivo é o: nascimento do Rei dos Reis”, declarou.
