Hospital João Lúcio deixa parentes de pacientes em situação grave sem informação

Dezenas de pessoas se aglomeram todos os dias do lado de fora da unidade hospitalar, esperando por até 8 horas seguidas em pé, sem ter onde sentar, no sol e sem acesso a instalações sanitárias - Foto: Divulgação

A Administração do Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio desrespeita os direitos básicos dos pacientes em situação grave que dão entrada no atendimento emergencial da unidade hospitalar. A Administração não repassa aos parentes dos acidentados nenhum tipo de informação sobre o quadro clínico e nem orienta os seus funcionários a realizar atendimento humanizado, que executam suas funções de forma burocrática. Por isso, os parentes têm de esperar de 4 até 8 horas, e, em alguns casos, até mais tempo, por alguma informação sobre a gravidade do estado de seus familiares.

Este foi o caso de Angelica Rendon Rodríguez, Adriana Moraes e Andreza Lima, que, nesta segunda-feira (26), passaram boa parte da manhã e a tarde inteira à espera de notícias de seus familiares. A irmã de Angelica, foi atropelada por uma motocicleta e foi levada para o hospital. Do momento em que a irmã deu entrada no setor de atendimento emergencial, Angelica não soube mais absolutamente nada do que estaria acontecendo com a irmã dentro do hospital.

“Nós chegamos aqui antes das 8 horas da manhã e até 3 horas da tarde nós não tivemos nenhuma informação a respeito dela e foi preciso que a gente ameaçasse fazer um escândalo para a gente obter informação e, mesmo assim, eu ainda não consegui falar com nenhum médico sobre o diagnóstico dela”, contou Angelica, de 21 anos.

 

Já Adriana Moraes, 35 anos, que é do município de Humaitá, disse chegou ao hospital João Lúcio às 11h porque o seu esposo teve traumatismo craniano e até às 17h30 não lhe foi informado nada a respeito da situação clínica do marido. “Eles não deixam que a gente entre e estou aqui do lado de fora sem ter notícia dele, sem saber nada. Eles só falaram para eu aguardar, somente isso”, reclamou Adriana, visivelmente preocupada com o estado de saúde do esposo.

 

Totalmente ignorada. Foi assim que se sentiu Andreza Lima, 43 anos, que também estava do lado de fora do hospital desde meio-dia aguardando alguma notícia sobre a sua companheira, que estava no trabalho e passou mal, sendo levada para o hospital, onde chegou desmaiada. “Quando eu cheguei, eles não deixaram eu entrar. Não sabemos nada sobre o quadro clínico dela”, reclamou Andreza.

Recepção não repassa orientações corretamente

Foto: Divulgação

Quando uma pessoa acidentada dá entrada no hospital, os parentes não são informados na recepção que devem se dirigir ao setor de Serviço Social para preencher um cadastro, o qual irá permitir que um ou mais familiares possa receber informações e/ou acompanhar os pacientes internados.

“Quando eu cheguei, a recepcionista apenas pediu os documentos da minha irmã, eu entreguei e ela mesma preencheu. Depois não me falou mais nada, a não ser que eu tinha de aguardar”, disse Angelica. “Ninguém me falou que eu tinha de ir falar com assistentes sociais”, contou Adriana. “Uma psicóloga passou por aqui pegando informações, mas eu cheguei aqui meio-dia e já são três horas e vinte e cinco minutos da tarde e ela ainda não retornou”, comentou Adriana.

Na verdade, ao invés dos funcionários da recepção informarem as pessoas os procedimentos corretos, o que acontece é que a direção do hospital delega essa função aos vigilantes da empresa terceirizada, que faz a segurança da unidade hospitalar. Na tarde desta segunda-feira (26), um dos vigilantes sem nenhum preparo para a função simplesmente dizia que eles deveriam esperar e fechava a porta na cara dos parentes, o que causou a revolta de várias senhoras, algumas já idosas, que aguardavam, apreensivas, por notícias de filhos e cônjuges.

Foto: Divulgação

Sem tratamento humanizado

A unidade hospitalar não disponibiliza cadeiras para as pessoas sentarem e aguardar por notícias de seus familiares adoentados. Também não há nenhum banheiro para que os parentes dos pacientes possam utilizar. Outra falha grave no hospital é a ausência de bebedouros. Só há um na recepção. Nas demais áreas do hospital, não há, inclusive, as pessoas que aguardam do lado de fora, ao sol, tem de comprar água de vendedores ambulantes e são forçados a se abrigar embaixo de algumas pequenas árvores existentes no local.

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