Pequi, jatobá, araticum, baru, murici, goiaba, graviola, mangaba, buritis, ipês… Mesmo com tantas cores, cheiros ou sabores que se encontram no Cerrado, há quem não reconheça toda a importância estratégica desse bioma para o País. Neste domingo (11), é Dia do Cerrado, e que será motivação de mais reflexões sobre preservação contra poluição e desmatamento.
Não pode ser reconhecido apenas como uma vegetação de savana cinza. Na prosa, João Guimarães Rosa celebrou o Cerrado como um verdadeiro personagem, por exemplo, em Grande Sertão: Veredas (publicado em 1956). O escritor mineiro destacou, já naquela altura do século 20, que a profusão natural deveria ser especialmente protegida porque poderia estar ameaçada.
O oásis das veredas, área encharcada anunciada por buritis, não podia ser soterrada pelos latifúndios. Um bioma que não tem a mesma opulência de árvores altas como a Floresta Amazônica acaba não tendo a mesma visibilidade ou conhecimento da população. Como diz o poeta radicado no Cerrado de Brasília, Nicolas Behr: “Nem tudo que é torto é errado/ veja as pernas do Garrincha/ e as árvores do Cerrado”
A importância do bioma de árvores de raízes profundas, que está em 15 estados brasileiros, em 22% do território nacional e que alimenta oito das 12 grandes bacias hidrográficas brasileiras, pode ser mais conhecida em materiais jornalísticos e programas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Especialistas ouvidos para estes materiais explicam que a vegetação do Cerrado absorve a água da chuva e a deposita em reservas subterrâneas, os aquíferos. Por isso, o bioma é considerado o berço das águas.
Há cinco anos, o programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, destacou Um gole de Cerrado, com ênfase para o fato que é no bioma em que nascem as águas das bacias dos rios Tocantins, Parnaíba e São Francisco. Ao mesmo tempo, alertava para os riscos de deterioração pela ocupação desordenada do solo e desmatamento por conta da construção de cidades e ferrovias, por exemplo, ou pelas atividades econômicas, como a agropecuária. O programa estimou que pelo menos 50% da vegetação nativa foi destruída desde os anos 1970.
Confira abaixo o programa na íntegra
A própria construção de Brasília, inaugurada em 1960 na área de Goiás, impactou o meio ambiente, o que ocorre também com a expansão de capitais. O Caminhos da Reportagem destaca soluções, como projetos de preservação e reflorestamento do cerrado. “O Cerrado tem 65 milhões de anos. De todos os ambientes da história recente do planeta, o cerrado é o mais antigo. Ele já atingiu seu clímax evolutivo. O que significa que, uma vez degradado, ele não se recupera nunca mais na plenitude da sua biodiversidade”, afirmou o antropólogo Altair Barbosa.
“O cerrado é um bioma dentro de vários biomas. Por exemplo: o buriti. Ele nasce nas veredas alagadas. A mangaba: nos altos de serra e no terreno arenoso. Então, o pacote tecnológico que você faz pra mangaba, não serve para o buriti. O que você faz pro buriti, não serve pra mangaba”, explicou, na ocasião, a engenheira agrônoma Elainy Pereira, que criou um bosque com espécies do Cerrado na cidade de Goiânia (GO).
Em 2015, o programa Repórter Brasil havia destacado um especial sobre crise hídrica no País, e a importância de projetos de preservação do Cerrado. Especialistas no tema explicaram qual é a relação entre o cuidado ambiental e a água que chega em nossas torneiras.
Assista abaixo ao programa Repórter Brasil
No acervo das Rádios EBC, o destaque ao bioma une os alertas pela preservação e ações concretas de soluções para as regiões. O Programa Tarde Nacional, por exemplo, destacou os mecanismos de monitoramento de fauna e flora no Jardim Botânico de Brasília, uma ação complexa e diária.
Outros produtos sobre o meio ambiente podem ser visitados no programa Brasil Rural , da Rádio Nacional. Um dos exemplos é o trabalho realizado pela Associação de Coletores de Sementes da Chapada dos Veadeiros Cerrado de Pé, em São Jorge, região de Alto Paraíso (GO), que atua coleta de sementes e na comercialização direta.
É uma entidade que trabalha para a geração de renda para as famílias da comunidade, que incluem de assentamentos até o quilombo Kalunga.
120 anos de Juscelino Kubitschek
Por falar em Cerrado, outra data que deve ser lembrada nesta semana é a de nascimento (há 120 anos) do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902 – 1976), que levou a capital para Brasília. No acervo das Rádios EBC, há relíquias históricas, como o episódio do Histórias do Frazão, em que ele canta “Elvira, escuta”, uma serenata à moda antiga.
Nesta semana ainda (no dia 16), outra data ligada ao meio ambiente é tema de reflexão: o Dia Internacional para a Proteção da Camada de Ozônio. Esse filtro natural interfere no nosso dia a dia. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida. Mas, nas alturas da estratosfera (entre 25 e 30 km acima da superfície), é um filtro a favor da vida. Sem ele, os raios ultravioleta poderiam aniquilar todas as formas de vida no planeta. Saiba mais sobre o tema aqui.
Césio-137
Uma tragédia também deve ser lembrada nesta semana: o maior acidente radioativo brasileiro (com o Césio-137) completa 35 anos. Em 1987, a cidade de Goiânia viveu uma experiência trágica com quatro mortos e centenas de pessoas com sequelas por causa da radiação. Confira abaixo reportagem especial da TV Brasil.
Confira a lista semanal do Hoje é Dia com datas, fatos históricos e feriados
11 de setembro
- Morte do compositor e jornalista fluminense Cândido Dias da Cruz (45 anos) – ao lado de Haroldo Lobo, Benedito Lacerda e outros compositores, foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música (SBACEM), em 1946
- Dia Nacional do Cerrado
12 de setembro
- Nascimento do médico e ex-presidente do Brasil Juscelino Kubitschek (120 anos)
- Morte do escritor paraibano José Lins do Rego (65 anos)
- Nascimento do judoca e campeão olímpico paulista Rogério Sampaio Cardoso (55 anos)
13 de setembro
- Morte do comediante e jurado pernambucano Pedro Ferreira dos Santos, o Pedro de Lara (15 anos)
- Nascimento da atriz paulista Laurinda de Jesus Cardoso Baleroni, a Laura Cardoso (95 anos)
- Nascimento do compositor paulista Doraci Aires de Arruda, o Aires (90 anos)
- Morte do maestro inglês Leopold Stokowski (45 anos) – em 1940, gravou o disco “Native Brazilian Music”, reunindo sua orquestra e músicos brasileiros, como Cartola, Pixinguinha e Donga
- Nascimento da jornalista e escritora paulista Helena Miranda de Figueiredo, a Tia Lenita (95 anos)
- Acidente radioativo de Goiânia (35 anos)
- Dia Nacional da Cachaça
- Dia Nacional de Luta dos Acidentados por Fontes Radioativas – comemoração instituída pela Lei Nº 12.646 de 16 de maio de 2012; tem por fim marcar a data do início do acidente radiológico de Goiânia ocorrido a partir de 13 de setembro de 1987
14 de setembro
- Morte da atriz estadunidense e Princesa de Mônaco Grace Kelly (40 anos)
- Morte da bailarina estadunidense Isadora Duncan (95 anos) – precursora da Dança Moderna
- Lançamento do livro O Capital, obra-prima de Karl Marx (155 anos)
- Dia Latino-Americano e Caribenho da Imagem da Mulher nos Meios de Comunicação – data consagrada em homenagem ao programa Viva Maria, produzido e apresentado pela jornalista e radialista Mara Régia, uma das brasileiras fundadoras da Rede de Jornalistas com Visão de Gênero das Américas, criada em 2016
15 de setembro
- Nascimento do ator e apresentador paulista Antônio Abujamra (90 anos)
- Morte do cineasta fluminense Leon Hirzman (35 anos) – autor de filmes clássicos como “A Falecida”, “São Bernardo” e “Eles não usam Black-tie”
- Dia Internacional da Democracia – data reconhecida pela ONU
16 de setembro
- Morte da cantora lírica estadunidense Maria Callas (45 anos)
- Nascimento do cantor cearense Marcondes Falcão Maia, o Falcão (65 anos)
- Greve de fome de Mahatma Gandhi em protesto contra separação de castas na Índia (90 anos)
- Eleição de Oswaldo Aranha como Presidente da Assembleia Geral da ONU (75 anos)
- Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio – data reconhecida pela ONU
17 de setembro
- Nascimento da jornalista carioca Fátima Bernardes (60 anos)
- Morte do cantor e compositor fluminense Herivelto Martins (30 anos)
- Assinatura da Constituição dos Estados Unidos (235 anos)
Por Luiz Claudio Ferreira, repórter da Agência Brasil – Brasília