Governador do Amazonas reconhece que sua gestão não consegue monitorar áreas violentas

Wilson Lima disse que o Amazonas precisa de apoio da Força Nacional de Segurança e das Forças Armadas

Governador Wilson Lima - Foto: Reprodução

Os recentes episódios de homicídios, roubos e ações de pirataria nos rios do Amazonas ocorridos no interior do Amazonas, principalmente Coari (a 363 km de Manaus, em linha reta), Japurá (a 743 km) e Tonantins (a 861 km), fizeram o governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmar que o Governo do Amazonas não consegue garantir segurança pública para a população do Estado.

“Essa é uma área que precisa de atenção permanente. Só o Estado não consegue monitorar aquela área. Daí, a necessidade (sic) que a gente tenha o apoio da Força Nacional, da Marinha, do Exército e também da Aeronáutica”, afirmou Wilson Lima, reconhecendo que o Sistema de Segurança Pública é ineficiente e anunciando que a Força Nacional de Segurança chegará em quatro municípios do Estado, sendo Coari um deles.

Em Coari, que possui 90 mil habitantes, mas que possui apenas 32 policiais militares para atuar na segurança, o número de roubos dobrou, de acordo com dados da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM). Na primeira quinzena de junho, foram registradas 24 ocorrências de roubo. Assaltos à mão armada e arrombamento de lojas têm acontecido com frequência na cidade, deixando a população assustada. Os objetos mais roubados são celulares. A maioria das ações criminosas foram registradas por câmeras de segurança de lojas, casas e prédios públicos.

“A gente viu que, nesses últimos dias, praticamente dobrou a quantidade de roubos, desse crime, que envolve violência e grave ameaça”, disse o delegado de Coari, José Barradas, em recente entrevista à imprensa. Na ocasião, ele aconselhou que as vítimas compareçam a uma delegacia e registrem Boletim de Ocorrência (B.O.) para que os casos comecem a ser investigados.

Governo precisa reestruturar a Segurança Pública

O deputado Dermilson Chagas (Republicanos) comentou que o Governo do Amazonas precisa, urgentemente, realizar uma reestruturação geral de todo o Sistema de Segurança Pública, a começar pela renovação da Cúpula da Segurança Pública. “O Governo tem de pensar em uma reestruturação da polícia, botar cabeças novas, pensamentos frescos, com uma nova metodologia, ou seja, fazer uma nova Segurança Pública, mas, primeiro, tem de renovar essa cúpula, que já chegou ao fundo do poço”.

O deputado Dermilson Chagas também disse que o Governo do Estado investe pouco em tecnologia, que pode ser uma grande aliada no combate ao narcotráfico e às ações de pirataria nos rios da Amazônia, além de apoiar atividades de combate à exploração ilegal de minérios no interior do Estado. O deputado Dermilson Chagas também disse que o Governo precisa fazer parcerias com as Forças Armadas, sobretudo com o Exército Brasileiro, a Polícia Federal e com outros órgãos, como o Ministério Público, para criar uma estrutura forte na área de fronteira para poder trazer uma solução para o problema da criminalidade.

Deputado Dermilson Chagas – Foto: Márcio James

“O Governo precisa fazer investimento em tecnologia, pois, atualmente, existem várias ferramentas disponíveis, por exemplo, monitoramento de áreas por satélite e drones. O Governo precisa pensar em uma estruturação e uma subdivisão da polícia, como polícia aquaviária, polícia de fronteira, para poder dar uma sustentação para o trabalho de combate ao narcotráfico e à pirataria nos rios da Amazônia. Além disso, falta investimento em cursos de qualificação na parte de Inteligência, que é uma área fundamental para se ter um bom programa de combate ao crime organizado. Em resumo, o Governo precisa direcionar orçamentos para isso. Ele precisa, de imediato, abafar situações surgem e que, por falta de ação, acabam crescendo e se tornando grandes demais para se combater depois, como o tráfico de drogas e exploração ilegal de minérios”, explicou o deputado Dermilson Chagas.

O deputado Dermilson Chagas criticou ainda a interferência política no Governo do Amazonas, em especial na área da Segurança Pública. “Essa interferência política é um dos principais fatores para o trabalho da Segurança Pública não dar certo no Estado. Isso nos mostra que a política tem de ser meter onde cabe o seu espaço, ou seja, no parlamento, para que sejam criados projetos, propostas e investimentos através de emendas. O que não pode acontecer é políticos interferindo no Governo para privilegiar pessoas ligadas a eles”.

Números da ineficiência

Em 2021, o Amazonas foi o Estado mais violento do país, segundo o Monitor da Violência do G1, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP). O estudo revelou que o Amazonas registrou um aumento de 54% no número de crimes violentos entre os anos de 2020 e 2021, enquanto os demais estados tiveram queda de 7% no número de assassinatos no mesmo período.

O estudo mostrou que, em 2020, foram registrados um total de 1.019 crimes violentos de todas as naturezas (homicídios dolosos, latrocínio e lesão corporal seguida de morte). Já em 2021, os números saltaram para 1.571. Os dados revelam que foram cometidos 35,88 crimes por cem mil habitantes. O índice de crimes violentos no Amazonas supera o índice nacional em 2021 que ficou em 19,54 por 100 mil habitantes nas ocorrências totais de crimes violentos.

Com 40 homicídios por 100 mil habitantes, a capital do Amazonas está entre as 100 cidades mais perigosas do mundo em 2022, de acordo com dados obtidos com o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal do México. No ranking, Manaus ocupa a 37ª posição de cidade mais perigosa. A capital do Amazonas deixou para trás outras cidades brasileiras conhecidas pelos altos índices de violência, dentre elas Recife, que ocupa o 39º lugar, com uma taxa de 43,72 homicídios por 100 mil habitantes.

O cenário de descaso com a Segurança Pública já era preocupante em fevereiro de 2022, quando o Monitor da Violência divulgou os dados, porque enquanto os brasileiros de outras regiões comemoram a redução média de 7% no número de assassinatos no ano passado, os amazonenses da capital e do interior sofrem e vivem aterrorizados dia e noite com o aumento recorde (54%) de homicídios e o registro também recorde de 36,8 vítimas fatais para cada grupo de 100 mil habitantes, o maior do Brasil.

A façanha é vergonhosa e inédita para o Amazonas e mostra o Governo do Amazonas superando todos os estados do Norte e Nordeste na lista dos mais violentos em 2021, deixando para trás o Ceará (35,7), Amapá (35,6), Pernambuco (34,8) e Bahia (34), antes os campeões desse ranking da morte. No outro extremo, exemplos a serem seguidos, destacam-se os estados de São Paulo (6,6) e Santa Catarina (9), cujas polícias, sugerem os números, têm muito a ensinar às autoridades de Segurança Pública do Amazonas.

Pirataria e narcotraficantes nos rios do Amazonas

Outro grave problema na segurança pública do Estado é a ação de piratas nos rios do Amazonas e de integrantes do narcotráfico. Na madrugada do dia 4 de junho deste ano, houve troca de tiros entre tripulantes de embarcações no rio Solimões, a cerca de 3 km de Tonantins (a 861 km de Manaus em linha reta). A Polícia Civil divulgou que o confronto ocorreu devido a uma disputa por área de tráfico de drogas.

Circulam pela internet e pelos grupos de WhatsApp diversos vídeos de pescadores que sofreram ataques de piratas. Os pescadores informaram que, além do roubo de equipamentos, dinheiro e celulares, os assaltantes agiram com violência, deixando as vítimas machucadas. Além de barcos, é comum ocorrer assaltos em flutuantes.

Amazonas não tem Inteligência

Nos demais estados brasileiros e nos países que investem em Segurança Pública, o trabalho da Inteligência é realizado diariamente, com levantamento de dados e recolhimento de informações que contribuem para as polícias se anteciparem às ações criminosas. Na atual gestão do Governo do Amazonas, em várias ocasiões, esse trabalho, que é conduzido pelas equipes da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM) , Polícia Militar do Amazonas (PMAM) e Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), falhou, abrindo campo para ataques de facções, rebeliões em presídios e pirataria nos rios do Amazonas, entre outras atividades do crime organizado.

Em 27 de maio de 2019, aconteceram rebeliões em presídios do Amazonas, que deixaram um saldo de  mais de 50 detentos mortos. Ainda em 2019, em 2 de dezembro, oito presos fugiram da Unidade Prisional de Maués (a 257 km de Manaus). Na época, a Seap informou que os detentos fugiram por meio de um buraco na parede da cela. Somente nos primeiros 17 dias do ano de 2020, foram registradas em Manaus mais de 80 mortes violentas, sem que o Governo desse resposta. Em 2021, houve o ataque de facções em Manaus e em municípios da Região Metropolitana (RMM).

Assessoria de Comunicação: Guilherme Gil, Kelriane Costa, Leonardo Mancini Ana Líliam Rosos,  Mayara Pessoa e Márcio James

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