Fósseis de 120 milhões de anos são encontrados próximos à Muralha da China

Fósseis de 120 milhões de anos são encontrados próximos à Muralha da China

Foto: Ilustração de Cindy Joli, Julio Francisco Garza Lorenzo e René Dávila Rodríguez

Nas últimas duas décadas, paleontólogos descobriram fósseis de mais de 100 espécimes de pássaros que viveram há 120 milhões de anos, durante o tempo dos dinossauros, próximos de onde atualmente fica o pico oeste da Muralha da China. Apesar da dificuldade de identificar muitos desses fósseis, pesquisadores da China e dos Estados Unidos conseguiram examinar em detalhes seis registros fósseis e descrever duas novas espécies. Os resultados foram publicados em artigo na revista Journal of Systematics and Evolution.

“Foi um processo longo e meticuloso para descobrir o que eram essas coisas”, diz, em comunicado, Jingmai O’Connor, principal autora do estudo e curadora associada de paleontologia de vertebrados no Field Museum de Chicago, nos EUA. “Mas esses novos espécimes incluem duas novas espécies que aumentam nosso conhecimento sobre a fauna de aves do Cretáceo, e encontramos combinações de características dentárias que nunca vimos em nenhum outro dinossauro”.

A região onde os fósseis foram encontrados, chamada Changma, é conhecida por preservar restos de aves, mas raramente são encontrados crânios desses animais por lá, o que deixa em aberto muitas questões sobre a evolução deles até os pássaros modernos. O novo estudo, contudo, se dedica exatamente a preencher essas lacunas, focando nos raros crânios e pescoços encontrados no local.

Com a ajuda da tecnologia, os pesquisadores conseguiram identificar características chaves nas mandíbulas fósseis que permitiram concluir que, entre os seis crânios estudados, dois tratavam de espécies (e gêneros) até então desconhecidas pela ciência. São elas Meemannavis ductrix e Brevidentavis zhangi.

A Meemannavis foi batizada em homenagem à paleontóloga chinesa Meemann Chang, a primeira mulher a liderar o Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia de Pequim. Já Brevidentavis significa “o pássaro de dentes curtos”.

Assim como uma espécie extinta muito comum em fósseis da região, a Gansus yumenensis, as aves recém-descobertas são ornituromorfas, ou seja, fazem parte do grupo de aves modernas. M. ductrix, assim como os pássaros atuais, não tinha dentes. Já B. zhangi, tinha pequenos dentes parecidos com pinos ajeitados um próximo ao outro. Além disso, essa ave também tinha um apêndice ósseo móvel na ponta de sua mandíbula inferior, que pode ter ajudado o animal a procurar comida.

“Brevidentavis é um pássaro ornituromorfo com dentes, e em ornituromorfos com dentes, há um pequeno osso na frente da mandíbula chamado pré-dentário, onde ficaria o queixo se os pássaros tivessem queixo”, explica O’Connor. Com tomografia computadorizada e coloração com produtos químicos, os pesquisadores perceberam que esse osso, no Brevidentavis, tinha um tipo de cartilagem que só se forma quando há movimento.

“Em estudo anterior, pudemos dizer que o pré-dentário era capaz de ser movido e que teria sido inervado – Brevidentavis não seria apenas capaz de mover seu pré-dentário, ele teria sido capaz de sentir através dele”, diz O’Connor. “Poderia tê-lo ajudado a detectar presas. Podemos levantar a hipótese de que esses pássaros dentados tinham pequenos bicos com algum tipo de pinça móvel na ponta de suas mandíbulas na frente dos dentes”.

Mesmo que o Brevidentavis não seja o primeiro pássaro do Cretáceo a apresentar essa característica, a existência desse gênero, bem como a de Meemannavis, revela novas característica à biodiversidade na região de Changma.

Fonte: Site Galileu

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